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GOAT11: conheça o primeiro ETF híbrido do país

GOAT11: conheça o primeiro ETF híbrido do país

Imagine um investimento que divide seu dinheiro entre títulos do governo brasileiro e ações das maiores empresas americanas, sem que você precise escolher quanto colocar em cada um. Essa é a proposta do GOAT11, o primeiro ETF híbrido do país, lançado pelo Itaú (ITUB4) no mês passado. 

A novidade é uma mudança no cenário dos Fundos de Investimento negociados em bolsa. Até então, os investidores precisavam escolher entre ETFs puramente de Renda Fixa ou de Renda Variável. Agora, pela primeira vez, podem acessar uma mistura pré-definida dos dois mundos em um único produto.

O que torna este ETF diferente

A principal inovação está na composição automática: 80% do dinheiro acompanha o índice IMA-B, que reúne títulos públicos brasileiros indexados à inflação (IPCA+), enquanto 20% é aplicado nas 500 maiores empresas da bolsa americana, o S&P 500. Essa divisão é mantida constantemente, sem necessidade de intervenção do investidor.

Para entender melhor, pense em uma cesta de frutas onde sempre há quatro maçãs para cada banana. No GOAT11, para cada R$ 100 investidos, R$ 80 acompanham automaticamente o desempenho do IMA-B e R$ 20 para ações americanas como Apple (AAPL; AAPL34) , Microsoft (MSF; MSFT34) e Amazon (AMZN; AMZO34).

Por que a “Renda Fixa” não é tão fixa assim

Aqui está um ponto que confunde muitos investidores: o IMA-B, índice que representa 80% do ETF, não tem comportamento de Renda Fixa tradicional. Esse índice acompanha o desempenho de uma cesta de títulos públicos IPCA+, que oscilam diariamente conforme as expectativas do mercado sobre os juros futuros.

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Quando o mercado acredita que a taxa Selic vai cair, esses títulos sobem de preço. É como se fossem ações disfarçadas de Renda Fixa. Em 2019, por exemplo, quando a Selic despencou, o IMA-B disparou 23% – um resultado que superou em muito a poupança e até mesmo muitos investimentos em ações.

Mas o contrário também acontece. Em 2024, quando as expectativas de juros se tornaram mais pessimistas, o IMA-B caiu 2,44%, provando que nem sempre a “renda fixa” protege contra perdas.

A parcela americana: dólar em cena

Os 20% investidos no S&P 500 trazem um elemento ainda mais complexo: a variação cambial. Quando você investe em ações americanas sendo brasileiro, está, na verdade, fazendo dois investimentos: um na bolsa americana e outro no dólar.

Essa dinâmica é bastante visual ao comparar diferentes períodos. 

O ano de 2024 foi excepcional para os investidores brasileiros em ações americanas: o S&P 500 registrou ganho de mais de 23%, marcando o melhor desempenho em dois anos desde 1997-1998, e ainda combinando com um dólar, que subiu 27,36% em relação ao real. Um ganho estimado acima de 55%. 

Já em 2025, o cenário se inverteu. Enquanto a bolsa americana subiu 2%, o dólar caiu 12% em relação ao real. No fim das contas, quem investiu em ações americanas perdeu 10% quando converteu de volta para reais.

Simulando o desempenho atual

Se o GOAT11 existisse desde o início de 2025, teria registrado ganho de aproximadamente 4%. Esse resultado vem do equilíbrio entre os ganhos de 7,5% na parte de títulos públicos e a perda de 10% na parte americana.

Para colocar em perspectiva: 4% ao ano equivale a cerca de 67% do CDI, exatamente o mesmo rendimento da caderneta de poupança. Ou seja, em 2025, o ETF híbrido estaria empatado com o investimento mais básico disponível no país.

Custos: a vantagem dos ETFs

Uma das principais vantagens do GOAT11 sobre fundos tradicionais está nos custos. O ETF cobra apenas 0,5% ao ano sobre o valor investido, mais o imposto de renda de 15% sobre os ganhos, que poderá subir para 17,5% a partir de 2026.

Compare isso com um fundo de investimento tradicional, que normalmente cobra 2% ao ano de taxa de administração mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o CDI. 

Além disso, fundos tradicionais têm uma escala de imposto de renda que começa em 22,5% nos primeiros seis meses.

Essa diferença de custos pode ser significativa no longo prazo. Mesmo que um fundo ativo consiga superar o ETF, ele precisa superar por uma margem considerável para compensar os custos mais altos.

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Outra opção que une rentabilidade fixa e investimento no exterior

Para investidores que se interessaram pela lógica de combinar Renda Fixa com investimentos internacionais, existe uma alternativa mais sofisticada: o ARZ Alpine Bain Capital. Porém, esta opção é destinada apenas a investidores qualificados – aqueles que possuem mais de R$ 1 milhão em investimentos.

A estratégia do crédito privado

O ARZ Alpine Bain Capital funciona como um “banco de investimento” que empresta dinheiro para empresas de médio porte nos Estados Unidos e Europa. Essas empresas, com faturamento entre US$ 25 milhões e US$ 75 milhões, são consideradas sólidas e líderes em seus setores.

O fundo promete um retorno estimado de CDI + 5,07% ao ano, mas com uma diferença importante: oferece proteção cambial. Isso significa que o investidor não fica exposto às oscilações do dólar, capturando apenas o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos.

Como funciona na prática

Imagine que você emprestou dinheiro para uma empresa americana de tecnologia médica, com garantias que valem o dobro do valor emprestado. É exatamente isso que o fundo faz, mas de forma diversificada, emprestando para 70 a 100 empresas diferentes.

A gestão fica por conta da Bain Capital Credit, uma das maiores gestoras do mundo em crédito privado, com mais de US$ 53 bilhões sob gestão. O histórico é impressionante: apenas 0,16% de inadimplência, muito abaixo da média de 1,3% do mercado americano.

As limitações importantes

O ARZ Alpine Bain Capital tem algumas restrições. Ele é um fundo fechado com prazo de quatro anos, podendo ser estendido por mais oito meses. Durante esse período, não é possível resgatar o dinheiro – apenas tentar vender as cotas para outro investidor interessado.

Além disso, os juros são pagos apenas no final do investimento, no formato “bullet”, embora possam ocorrer algumas amortizações a partir do terceiro ano.

O que considerar antes de investir

Ambos os produtos são tentativas de simplificar investimentos complexos, mas carregam riscos específicos. O GOAT11 oferece mais liquidez, podendo ser vendido a qualquer momento no pregão da bolsa, mas está sujeito às oscilações tanto dos títulos públicos quanto do câmbio.

Já o ARZ Alpine Bain Capital oferece proteção cambial e potencial de rentabilidade superior, mas exige um comprometimento de longo prazo e é restrito a investidores qualificados.

A escolha entre essas alternativas – ou mesmo manter investimentos separados em Renda Fixa e Variável – depende fundamentalmente do perfil de cada investidor, seus objetivos financeiros e tolerância a diferentes tipos de risco.