Imagine três jovens sedentos por lucro e que buscam ter o máximo de dinheiro possível no menor tempo possível. Eles criam uma empresa de criptomoedas, especializada em criar um cartão que debitava diretamente os ativos digitais de seus clientes. Incrível, não é? Esse é o mote do documentário Criptofraude (Bitconned), disponível na Netxflix, de 2024, uma produção que mostra como é importante tomar cuidado com promessas de ganhos fáceis e rápidos.
O documentário traz a história de Ray Trapani e Sam “Sorbee” Sharma, criadores de Centra Tech, que supostamente revolucionaria o mundo das criptomoedas em um período no qual os ativos digitais ainda não tinham liquidez para serem usadas de forma imediata como o dinheiro fiduciário.
Tudo começa com uma locadora de carros de Miami, nos Estados Unidos, que começa com um bom lucro. Porém, tudo começa a desandar quando os proprietários da companhia começam a gastar mais do têm e entram em uma roda-viva de empréstimos e dívidas cada vez maiores.
É nesse contexto que Sharma traz a ideia de investir em um negócio ligado a criptomoedas, mas não exatamente de uma forma legal. O documentário apresenta como a falta de experiência e a busca por lucros incessantes podem se tornar um problema para pessoas inexperientes em investimentos financeiros, ainda mais tratando-se de criptomoedas.

Criptofraude: conheça o caso Centra Tech
A Centra Tech foi criada em 2017 com o objetivo de prover um meio de pagamento seguro para os usuários de criptomoedas, em um momento em que ativos digitais como Bitcoin e Ethereum estavam crescendo de forma sustentável. A ideia era que o cartão de débito emitido pela companhia desse suporte às oito maiores criptos do mundo, com potencial de chegar a 12 ativos digitais.
Após anos de investigação, a empresa foi acusada de fraude por promover uma falsa ICO, que é uma oferta inicial de moeda. A empresa teria incentivado a compra antecipada de seu token, promovendo uma oferta incial com promessas consideradas enganosas.
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Entre as alegações, os responsáveis pelo projeto afirmavam manter parcerias com grandes empresas como Bancorp, Visa e Mastercard, além de anunciar que possuíam licenças para operar em 38 estados dos Estados Unidos — declarações que posteriormente se revelaram falsas.
O caso ganhou ainda mais atenção pela associação com celebridades como o ex-boxeador Floyd Mayweather e o DJ Khaled, que chegaram a promover o projeto publicamente.
Investigação e prisão
Em 2018, o FBI, que é a Polícia Federal norte-americana, confiscou cerca de 100 mil unidades de Ethereum vinculadas à Centra Tech, empresa acusada de fraudar investidores durante a onda das ICOs. Em 2021, os ativos foram finalmente vendidos pelas autoridades norte-americanas.
O caso culminou em uma intensa batalha judicial com os fundadores da empresa. Ainda em 2021, Sharma, um dos líderes do projeto, foi condenado a oito anos de prisão. A sentença também inclui três anos de liberdade condicional, uma multa de US$ 20 mil e a obrigação de devolver US$ 36 milhões obtidos de forma ilícita.
Já Trapani, fez um acordo com a Justiça e evitou a prisão como seu ex-sócio. Porém, o processo ainda corre e ele ainda pode ser detido em uma sentença que pode chegar a 100 anos de prisão.