O hotel Kempinski está prestes a marcar sua entrada triunfal no continente sul-americano, escolhendo a Serra Gaúcha como destino para sua primeira operação na região. Localizado em Canela, no Rio Grande do Sul, o empreendimento representa não apenas a chegada de uma das mais prestigiadas bandeiras hoteleiras da Europa, mas também a inauguração de um novo segmento de ultra luxo no Brasil.
Com previsão de abertura para 2027, o projeto une a tradição centenária da hospitalidade alemã à essência cultural gaúcha em um cenário natural único.
A escolha de Canela para receber o hotel Kempinski não foi aleatória. José Ernesto Marino Neto, sócio gestor do Kempinski Laje de Pedra, explica que a decisão resultou de uma combinação de fatores históricos, econômicos e emocionais. Com 36 anos de experiência em investimentos hoteleiros e projetos em 22 estados brasileiros, Marino reconheceu na Serra Gaúcha um potencial inexplorado para o segmento de ultra luxo.
A região, que é o terceiro maior destino turístico do país, recebe cerca de 9 milhões de visitantes anualmente e carrega uma memória afetiva profunda para famílias gaúchas e catarinenses.
O empreendimento nasce de um projeto de retrofit do antigo Hotel Laje de Pedra, propriedade que, apesar de estar em estado de degradação, ocupava uma localização privilegiada sobre um penhasco de 400 metros com vista para o Vale do Quilombo.
O desafio era claro: transformar um ativo esquecido em um destino de classe mundial, mantendo as características arquitetônicas marcantes enquanto incorporava os mais altos padrões internacionais de luxo e hospitalidade.
A negociação com a marca alemã Kempinski foi construída ao longo de três décadas de relacionamento profissional. Marino, que ao longo de sua carreira trouxe para o Brasil marcas como Meliá, Ramada e NH Hoteles, mantinha contato frequente com executivos da rede em conferências internacionais.
“Eu tenho 30 anos de relacionamento com a Kempinski. Então, viajando o mundo todo, chegou um determinado momento que todos os anos eu frequentava a conferência de Berlim, e praticamente todos os anos eu era convidado também para ser keynote speaker”, explica José.
Durante a pandemia, quando surgiu a oportunidade de apresentar o projeto, a equipe da Kempinski inicialmente resistiu, preferindo São Paulo como porta de entrada no Brasil. No entanto, uma apresentação detalhada revelou o diferencial da propriedade: cada hotel Kempinski precisa ter uma personalidade própria, e o Laje de Pedra tinha exatamente isso.
Um projeto que redefine os padrões de luxo
O hotel Kempinski Laje de Pedra se destaca como o maior projeto individual que Marino já desenvolveu em sua extensa carreira. Diferente de complexos com múltiplas unidades hoteleiras, este empreendimento concentra toda sua excelência em uma única propriedade, criando o que ele define como um “grande centro comunitário”.
A escala é impressionante: dez bares e restaurantes, teatro, anfiteatro, spa e fitness center que juntos ocupam 1.200 metros quadrados, além de uma infraestrutura completa que transforma o hotel em um destino em si mesmo.

A concepção do projeto seguiu princípios fundamentais que Marino aplica há décadas na indústria hoteleira. Todo projeto hoteleiro de sucesso, segundo ele, precisa ter três grandes virtudes essenciais:
- Ser operacional – “o que significa criar fluxos lógicos e eficientes entre os diferentes espaços — evitando, por exemplo, que a cozinha fique em um andar e o restaurante em outro”
- Ser racional no investimento – ir eliminando desperdícios e cantos arquitetônicos que não servem a propósito algum.
- Estética – o projeto precisa ser bonito e impressionar visualmente.
Para garantir essas virtudes, Marino trabalhou em estreita colaboração com os arquitetos da Perkins & Will, fornecendo um programa arquitetônico detalhado antes mesmo dos primeiros desenhos.
Cada espaço foi dimensionado com precisão, baseado em décadas de experiência no setor. O resultado foi um projeto premiado internacionalmente, vencedor do DNA Paris Design Award 2022 na categoria Arquitetura/Hospitalidade e do LIV Hospitality Design Awards 2023, que destaca as melhores iniciativas em arquitetura de hospitalidade do mundo.
“Um dos conceitos que nós demos para os arquitetos é de que a natureza deveria ser a atriz principal do projeto”, revela Marino. Para materializar essa visão, foram removidos 16 mil caminhões de terra e pedra, criando uma praça central que permite que praticamente todos os ambientes tenham vista para o Vale do Quilombo.
“Quando você já chega no empreendimento, já no lobby, você já tem a vista do vale”, explica. A preocupação ambiental permeia todo o projeto, com instalação de sistemas de energia solar, água de reuso e busca pela certificação Platinum do Green Building, a mais importante do setor.
As características da propriedade, a localização privilegiada e o cuidado meticuloso com cada detalhe levaram executivos da Kempinski que visitaram o projeto em desenvolvimento a afirmar que o hotel estará entre os cinco melhores da companhia no mundo.
Ao ser questionado sobre o que justifica essa avaliação, José explica: “Eu acho que é pelas características da propriedade, pela localização dela, pelo cuidado que a gente tem feito, a decoração interna dos apartamentos, é uma coisa absolutamente maravilhosa e tudo procurando ressaltar a cultura e a tradição dos gaúchos.”
A decoração interna dos apartamentos é absolutamente refinada, com foco em ressaltar a cultura e a tradição gaúcha de forma elegante.
Uma “exclusividade inclusiva”
O hotel Kempinski Laje de Pedra introduz no Brasil um modelo inovador de propriedade compartilhada, uma alternativa inteligente para quem deseja acesso ao ultra luxo sem a necessidade de imobilizar grandes volumes de capital. Com metragens que variam de 53 metros quadrados até 209 metros quadrados, os apartamentos são entregues completamente equipados e decorados com mobiliário de sofisticação de padrão internacional, assinado pela renomada arquiteta Patricia Anastassiadis, que também é responsável pela decoração de hotéis icônicos como o Palácio Tangará e o Fairmont Copacabana.
Diferente do conceito tradicional de segunda residência, este modelo permite que proprietários adquiram frações de uso dos imóveis, divididas em semanas, pagando apenas pelo tempo que efetivamente utilizarão a propriedade.
Marino resume a proposta em um conceito poderoso: exclusividade inclusiva. Um hotel Kempinski tradicional tem diárias a partir de US$ 500, o que naturalmente limita o acesso a um público restrito.
No entanto, ao compartilhar a propriedade, cria-se a possibilidade de mais pessoas vivenciarem esse estilo de vida sofisticado.

O menor produto oferecido é uma fração de seis semanas, que custa aproximadamente R$ 500 mil — um valor significativamente menor do que o necessário para adquirir uma segunda residência inteira de padrão similar, que custaria facilmente três vezes mais.
Sobre a lógica do modelo, ele diz: “É o que eu chamo de exclusividade inclusiva, porque você está oferecendo a possibilidade de pessoas entrarem dentro deste mundo com um valor bastante reduzido.”
As vantagens do modelo vão além do investimento inicial reduzido. Os custos de manutenção são proporcionais ao percentual de propriedade, tornando a experiência financeiramente mais sustentável a longo prazo.
Além disso, proprietários que não puderem utilizar todas as suas semanas contratadas têm a opção de disponibilizar o apartamento para locação através da própria Kempinski, gerando receita que pode cobrir todas as despesas da propriedade. Com diárias premium de US$ 500, mesmo algumas semanas alugadas ao ano são suficientes para zerar os custos operacionais.
Um diferencial importante que o empreendimento trouxe para o Brasil é a parceria com a ThirdHome, uma associação de segunda residências de luxo presente em 100 países, com 18 mil propriedades cadastradas. Através desse sistema de intercâmbio, proprietários podem permutar suas semanas em Canela por estadias em propriedades de padrão equivalente ao redor do mundo — seja no interior da Toscana, em Provence, na Escócia, Canadá ou Nova Zelândia. Aproximadamente 95% dessas propriedades são residências unifamiliares, ou seja, casas e apartamentos inteiros à disposição dos proprietários.
O processo de venda foi desenhado para ser completamente racional, rompendo com práticas tradicionais do mercado de compartilhamento. “Todas as empresas que procuram vender coisas de compartilhamento utilizam sistemas emocionais de venda, o nosso é 100% racional”, destaca Marino.
“Hoje, no momento que a pessoa conheceu o produto, os nossos especialistas são proibidos de mostrar números para as pessoas no dia. No dia seguinte é que manda uma proposta e a partir daí é que você tem conversas por vídeo. E hoje a média de fechamento é em 60 dias.”
O resultado dessa abordagem é notável: “O nosso índice de cancelamento é quase zero, porque as pessoas quando compram, compram de forma racional, porque existe uma lógica nisso. O produto é tão maravilhoso que eu não posso ter as pessoas comprando por impulso”, explica o sócio gestor.
A essência do luxo
Para compreender o que realmente define o hotel Kempinski e o diferencia no competitivo mercado de hospitalidade de ultra luxo, Marino resume o conceito em três palavras fundamentais: antecipação, respeito e educação. Esses pilares formam a base de uma experiência que transcende o conceito tradicional de hotelaria, criando momentos memoráveis e profundamente personalizados para cada hóspede.
A antecipação é o primeiro e talvez mais importante elemento desse tripé. No segmento de ultra luxo, o serviço não é reativo — é proativo. Essa capacidade de antecipar necessidades antes mesmo que sejam verbalizadas é o que diferencia um bom hotel de um hotel extraordinário, segundo o sócio.
O respeito é o segundo pilar, e talvez o mais delicado. A coisa mais importante no relacionamento humano é o respeito mútuo, e no contexto da hospitalidade isso significa manter limites adequados sem cair na familiaridade excessiva. O tratamento precisa ser cortês, atencioso e genuinamente acolhedor, mas sempre mantendo a elegância e a distância profissional adequadas.
A educação é o terceiro e mais básico dos elementos. “É o básico. Você precisa saber tratar as pessoas com educação. O luxo é isso, pura e simplesmente isso”, conclui Marino. Não se trata de formalidade vazia ou protocolos rígidos, mas de uma cortesia autêntica que faz cada pessoa se sentir especial e valorizada.
Experiências personalizadas que transformam estadias em memórias
O hotel Kempinski Laje de Pedra estabelece um novo paradigma no turismo de luxo ao oferecer experiências completamente personalizadas, desenhadas sob medida para cada proprietário ou hóspede. Diferente do turismo convencional, onde pacotes pré-formatados limitam as possibilidades, o conceito aplicado aqui permite que cada pessoa construa sua própria jornada, transformando desejos individuais em realidade.
O “KLP Desk Tour” é o coração desse sistema de experiências customizadas. Funciona como um concierge dedicado que vai além das funções tradicionais, atuando como um verdadeiro consultor que trabalha em parceria com cada hóspede para criar programas únicos.
Para quem busca bem-estar e conexão com a natureza, programas de yoga podem ser realizados ao ar livre, com vista privilegiada para o Vale do Quilombo às sete horas da manhã, quando a névoa ainda se dissipa e revela gradualmente a paisagem.
Experiências gastronômicas podem incluir jantares privativos em locais exclusivos da propriedade, degustações de vinhos locais com sommeliers especializados, ou até participação em preparo de pratos típicos da culinária gaúcha com chefs renomados.
O diferencial está exatamente nessa flexibilidade total. No segmento de ultra luxo que o hotel Kempinski representa, as experiências são desenhadas do jeito que o hóspede deseja, não seguindo roteiros engessados. Cada dia pode ser completamente diferente do anterior, respondendo aos humores, interesses e curiosidades do momento. É essa capacidade de adaptação e personalização que transforma uma simples estadia em algo memorável e inesquecível.

Atualmente, mesmo antes da inauguração oficial do hotel, o empreendimento já oferece uma prévia dessa filosofia. A propriedade conta com diversas operações em funcionamento: um restaurante que recebe 9 mil visitantes por mês, uma enoteca especializada, uma galeria de arte, uma sala experiencial, uma loja de artefatos de couro sofisticados, um auditório e até uma orquestra filarmônica.
Aproximadamente 200 pessoas já trabalham diariamente na propriedade, e todas estão sendo treinadas nos padrões de excelência Kempinski.
Conexão entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul
O hotel Kempinski Laje de Pedra está se consolidando como um símbolo da integração regional entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, dois estados que compartilham não apenas fronteiras geográficas, mas também vocação natural para o turismo e hospitalidade de alto nível.
Os números comprovam essa conexão: catarinenses já representam 16% dos proprietários do empreendimento, um percentual expressivo que só não supera a participação dos gaúchos.
“Santa Catarina é um estado que tem crescido muito na economia. A geração de riqueza em Santa Catarina é algo a olhos vistos”, observa Marino. Ele identifica uma reciprocidade interessante nas preferências turísticas: “Eu acho que do mesmo jeito que o gaúcho gosta das praias de Santa Catarina, os catarinenses gostam das montanhas do Rio Grande do Sul. Então, tem também um pouco de memória afetiva dos catarinenses com a Serra Gaúcha.”
“Essa riqueza que foi sendo construída ao longo dessas três décadas, ela começou a povoar o país inteiro e as pessoas estabelecidas em várias localidades passaram a ter diversos interesses. E existe uma memória afetiva de todos esses gaúchos da Serra Gaúcha”, explica o sócio gestor.
Um padrão interessante observado entre os proprietários do Sul é o comportamento de compra. “Tanto os gaúchos quanto os catarinenses, eles não se conformam em comprar apenas uma fração de seis semanas. Eles, usualmente, compram duas frações de seis semanas. Para poder ir todo mês”, conta Marino, destacando que “mesmo assim, ainda continua muito mais barato do que um apartamento qualquer.”
A presença expressiva de catarinenses no projeto reforça o papel estratégico do Sul do Brasil como região de crescente importância no turismo de alta renda nacional. O hotel Kempinski atua como catalisador dessa integração, criando um ponto de encontro sofisticado para famílias e empresários de ambos os estados que compartilham valores, história e aspirações semelhantes.
Infraestrutura completa para uma experiência imersiva
O complexo gastronômico do hotel merece destaque especial, com dez bares e restaurantes que oferecem desde especialidades internacionais com chefs da própria Kempinski até a celebração da culinária gaúcha em sua forma mais contemporânea e sofisticada.
- O Wine Bar apresenta seleção criteriosa de rótulos, com atenção especial para os vinhos locais da Serra Gaúcha, uma das principais regiões produtoras do Brasil.
- O Sports & Lounge Bar proporciona entretenimento com jogos e pistas de boliche.
- O Rooftop Bar, com acesso exclusivo, oferece drinks autorais e atrações musicais em um ambiente privilegiado.
As opções de bem-estar e lazer são igualmente abrangentes. O empreendimento conta com quatro piscinas, incluindo uma com borda infinita voltada para o Vale do Quilombo — um verdadeiro espetáculo visual onde a água parece se fundir com a paisagem —, outra no rooftop com vista privilegiada, uma piscina interna aquecida e uma área kids.
O spa, com mais de mil metros quadrados e vista para o vale, oferece tratamentos exclusivos. O fitness center completo disponibiliza diferentes atividades com educadores físicos à disposição dos hóspedes.
A dimensão cultural e de entretenimento também foi cuidadosamente planejada. Um anfiteatro à beira do Vale recebe programações culturais ao ar livre, aproveitando o cenário natural como parte do espetáculo. O teatro, com capacidade para 400 pessoas, está preparado para receber atrações musicais e artísticas de alto nível. Para eventos corporativos e sociais, o centro de convenções oferece sete salas equipadas, além de um salão de eventos com 650 metros quadrados mais 400 metros quadrados de varanda.
A praça de convivência, com mais de 2.500 metros quadrados, funciona como um verdadeiro hub de experiências, reunindo operações de conveniência que incluem salão de beleza, floricultura, central de aquisição de bilhetes para experiências na região e lojas de variedades.
Tudo foi pensado para que proprietários e hóspedes não precisem sair da propriedade para resolver necessidades do dia a dia, mas também para que tenham fácil acesso às inúmeras atrações da Serra Gaúcha.
O compromisso com a cultura e a identidade gaúcha
Um dos aspectos mais notáveis do hotel é como ele consegue harmonizar os padrões internacionais de luxo europeu com a essência cultural gaúcha, criando uma identidade única que não encontra paralelo em outros destinos da marca ao redor do mundo.
Marino observa que na Serra Gaúcha existe uma tendência de buscar referências europeias na arquitetura e na estética urbana, com muitos estabelecimentos procurando aparentar influências alemãs, italianas, francesas ou suíças. O projeto do hotel Kempinski optou por um caminho diferente: mostrar a cultura gaúcha de forma elegante e sofisticada, sem cair em estereótipos ou caricaturas. O resultado é o que já foi definido como “rural chique” — uma estética que celebra as raízes regionais com refinamento contemporâneo.
Essa abordagem se manifesta nos materiais e elementos decorativos cuidadosamente selecionados. O pelego, a tradicional pele de carneiro, aparece nas cadeiras oferecendo conforto térmico, especialmente importante nas temperaturas frias típicas da região. Madeira, couro e pedra são usados abundantemente, sempre com tratamento e acabamento de altíssima qualidade. Cada material conta uma história e estabelece uma conexão com o território e suas tradições.

O nome Laje de Pedra reflete a realidade geológica do local. A propriedade está sobre um monólito basáltico milenar que começa no sul de Santa Catarina e termina exatamente ali, criando um penhasco de 400 metros que se debruça sobre o Vale do Quilombo. Essa formação basáltica é responsável pelos 35 cânions da região, paisagens espetaculares que ainda são pouco conhecidas porque apenas três são de acesso público, permanecendo o restante em propriedades privadas.
“É história. Você sente a história andando pelos corredores. No nosso caso, você sente o que é ser gaúcho”, afirma José. O restaurante 1835, já em operação no local, exemplifica perfeitamente essa filosofia, apresentando um cardápio inspirado na tradição gaúcha mas com toque contemporâneo, equilibrando autenticidade e sofisticação.
As 72 araucárias que precisaram ser suprimidas durante a obra foram transformadas em elementos decorativos pelas mãos de artistas, tornando-se cadeiras, mesas e outros objetos que estarão presentes na propriedade. Em compensação, foram plantadas 250 novas araucárias. Esse cuidado demonstra respeito não apenas pela legislação ambiental, mas por um patrimônio natural que é símbolo da região.
Impacto econômico e transformação regional
O hotel Kempinski Laje de Pedra representa um investimento de pouco mais de R$ 1 bilhão que promete gerar impactos econômicos significativos para Canela e toda a região da Serra Gaúcha. “Nós estamos estimando o faturamento do empreendimento em mais de R$ 150 milhões por ano”, revela Marino.
Uma das prioridades é fomentar o ecossistema empresarial gaúcho. “A nossa meta é que no mínimo 70% de tudo que a gente compre para o empreendimento e para a obra, sejam do Rio Grande do Sul”, afirma o sócio gestor. Essa estratégia não apenas reduz custos logísticos, mas fortalece a economia local e cria parcerias duradouras com empresas da região.
A geração de empregos é outro impacto crucial. A estimativa é que aproximadamente mil colaboradores trabalhem na propriedade quando estiver em plena operação.
Atualmente, já são 200 pessoas empregadas nas operações que funcionam no local, e todas recebem aulas de inglês — um diferencial que prepara a força de trabalho local para o turismo internacional. Quando executivos da Kempinski visitaram o empreendimento há algumas semanas, foram atendidos em inglês pela equipe, uma conquista notável que surpreendeu positivamente os visitantes europeus.
O projeto também está contribuindo para melhorar a infraestrutura regional. A mil metros do hotel existe uma pista de pouso que a prefeitura administrava de forma precária, recebendo apenas pequenos aviões do aeroclube local.
Marino identificou o potencial da pista, que com seus 1.200 metros tem dimensões comparáveis ao aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. Após aprovação do projeto hoteleiro, a transformação começou. “A Infraero assumiu a operação do aeroporto, ampliou a pista para 30 metros, que é a mesma largura que tem o aeroporto de Caxias. A Latam já comprou o Embraer 195, que são jatos de pista curta para entrar na aviação regional”, conta o sócio gestor.
A expectativa é que antes mesmo da inauguração do hotel já seja possível embarcar em Congonhas, em São Paulo, e pousar diretamente em Canela em um jato moderno e confortável. Isso mudará completamente o perfil do turismo na região, atraindo uma demanda internacional que hoje é muito pequena e posicionando a Serra Gaúcha em outro patamar no cenário do turismo global.
Revolucionando a hospitalidade brasileira
Marino afirma com convicção que o projeto vai inaugurar um novo segmento no turismo brasileiro: o ultra luxo.
A proposta é estabelecer um novo patamar de excelência que servirá de referência para todo o mercado. Com aproximadamente mil colaboradores trabalhando na propriedade em operação plena, o empreendimento se tornará uma verdadeira escola de hospitalidade de alto nível.
“Nós vamos inaugurar uma nova cultura que não existe de serviço. Então, a gente vai elevar a régua do padrão de serviços no Brasil. Eu estou falando, nem em São Paulo eu encontro esse nível de prestação de serviço”, comenta o gestor.
A Kempinski tem por cultura internacionalizar carreiras de seus colaboradores. Esse modelo de gestão de talentos será aplicado no Brasil, trazendo profissionais internacionais para Canela e, simultaneamente, oferecendo aos brasileiros a possibilidade de trabalhar em unidades Kempinski ao redor do mundo. É um intercâmbio cultural e profissional que enriquece tanto os indivíduos quanto a organização, criando equipes verdadeiramente globais com perspectivas diversificadas.
A expectativa é que muitos profissionais que hoje trabalham em outros hotéis da região queiram migrar para o hotel Kempinski, atraídos pelos padrões de excelência, oportunidades de desenvolvimento e possibilidade de carreiras internacionais. Esse fluxo de talentos elevará os salários médios da região e criará uma competição saudável que deve fortalecer outros estabelecimentos a melhorar suas próprias práticas e remunerações.
Leia também:





