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SAF do Coritiba é aprovada e amplia presença de investidores no futebol

SAF do Coritiba é aprovada e amplia presença de investidores no futebol

A Justiça do Paraná homologou a negociação para a SAF do Coritiba, que se tornou o sétimo clube da Série A do Campeonato Brasileiro a ser gerido de forma empresarial e o sexto a adotar o formato de SAF (Sociedade Autônoma do Futebol), estabelecido por lei em 2021.

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O processo do Coritiba já havia sido aprovado pelo clube, em assembleias de sócios e do conselho deliberativo, e dependia de um aval do Ministério Público, já que o clube passava por um processo de recuperação judicial.

A gestão do clube paranaense, campeão brasileiro de 1985, já estava desde o começo do ano sob a Treecorp, empresa que promete investir até R$ 1,3 bilhão na operação do futebol, além de quitar as dívidas do clube, concluir as obras de um novo centro de treinamento e realizar obras de modernização no estádio Couto Pereira.

SAF do Coritiba: outros clubes já convertidos em empresa

Até agora, cinco clubes brasileiros da Série A já haviam se convertido em SAF. Os outros são Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Cuiabá e Vasco. Além deles, o Red Bull Bragantino também é gerido no formato de clube-empresa, depois de ter sido adquirido pela gigante de energéticos antes da criação da lei das SAF.

Sigla para “sociedade anônima do futebol”, a SAF é um modelo jurídico que permite aos clubes entregar a gestão do futebol profissional a um grupo privado. Além da gestão, o grupo controlador assume os ativos (jogadores sob contrato e recebíveis de patrocínios e direitos de TV) e, em troca, serve como garantidor dos passivos (em geral, dívidas de grande porte, muitas delas com vencimentos próximos e taxas altas).

Parte do faturamento da SAF é destinado, inclusive, ao pagamento dessas dívidas. Os acordos para a aquisição do controle também devem prever mecanismos para a quitação dos débitos e outras compensações.

Para que um clube possa se tornar SAF, os seus dirigentes, a partir de detalhes estatutários, devem buscar entre sócios e conselheiros a aprovação para o processo de criação da nova pessoa jurídica, para depois proceder a venda de controle aos investidores.

SAF do Coritiba: um processo longo de profissionalização

Se os jogadores brasileiros são profissionais oficialmente desde 1933 (e muito antes alguns já recebiam para jogar), o processo de profissionalização da gestão no futebol brasileiro começou muito depois. Apenas na década de 1980 começou-se a falar da importância de um gerenciamento qualificado, com profissionais especializados e pagos para isso.

Aprovada em 1999, a Lei Pelé, fruto de negociações realizadas enquanto o Atleta do Século foi ministro do Esporte, no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-98), trouxe pela primeira vez a possibilidade legal para que os clubes de futebol fossem transformados em empresas.

A princípio, a ideia era que essa transformação fosse obrigatória. Depois, passou-se a um processo opcional, com oferta de benefícios fiscais para quem escolhesse mudar seu regime. Algumas experiências mal sucedidas aconteceram e a discussão esfriou, para ser retomada apenas nos últimos anos.

Neste ano, a Lei Geral do Esporte modificou uma série de parâmetros estipulados pela Lei Pelé, mas não mexeu na questão da gestão empresarial.

SAF do Coritiba: os pequenos investidores podem entrar?

Por ora, apenas grandes empresas e milionários têm se posicionado no mercado das SAF, que começa a se expandir também para clubes de porte menor. Já o pequeno investidor ainda está à espera do momento em que algumas instituições possam abrir ou capital ou buscar outras de captar investimentos.

“O pequeno investidor vai entrar aos poucos, conforme o mercado vai ficando maduro. O varejo é a última ponta do grau de maturidade de um mercado de capitais. Você começa com um mercado mais institucional, vão saindo pequenas possibilidades institucionalizadas em condomínios, fundos, até que chega o momento em que você consegue levar o produto para o mercado de capitais de uma forma mais democrática. É um processo”, explica Claudio Pracownick, CEO da Win The Game, empresa que oferece soluções inovadoras para conectar negócios e esportes.

Para ele, o mercado do futebol ainda está “descalibrado, em busca de um equilíbrio”. “Como a gente ainda não tem elementos para a formação do preço de um ativo, de uma maneira muito clara, consistente, provada, é difícil entrar para o mercado varejista, mais fracionado. Essa primeira onda vai ser mesmo uma onda institucional.”

De fato, não é fácil avaliar  o valor de um clube. Afinal, além de ativos concretos, como estádios, centros de treinamento e contratos recebíveis, boa parte do valor de um clube de futebol está no intangível, no campo da paixão e do sentimento de uma pessoa.

Mas, como investidores não podem se medir por tais réguas, é preciso ter paciência, até que o mercado se regule. “À medida que você tem uma formação de preços mais transparente, com bons exemplos já concretizados, isso vai dar mais segurança para o pequeno investidor. Que, lógico, vai correr riscos, mais de uma maneira clara, metrificada, com uma noção maior do tamanho desses riscos”, avalia Pracownick.

Por outro lado, as empresas não esperam. O mercado se movimenta de forma acelerada, e as ideias já vão se acumulando à espera de ir para a rua. Por exemplo, a criação de FIDCs, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, ou de FIPs, Fundos de Investimento em Participações, atrelados ao desempenho de clubes e negociações de jogadores, no Brasil e no exterior.

“É um processo natural de evolução que pode até chegar ao clube realizando uma IPO (oferta pública de ações), ou seja, efetivamente ir para a bolsa e oferecer uma cota de ações no varejo bancário”, diz o CEO da Win The Game.

SAF: obstáculos legais e culturais

A ideia de um investimento similar a um fundo para a negociação de atletas já foi realizada algumas vezes. O Palmeiras fez uma experiência em 2007 chamada Cesta de Atletas, em que o dinheiro de investidores era usado para contratações e o lucro obtido pelo clube numa eventual negociação retornava aos investidores.

Hoje, porém, a Fifa veta a vinculação de direitos econômicos sobre os jogadores a pessoas físicas ou jurídicas que não sejam clubes de futebol. Assim, ideias similares que envolvam negociações de atletas precisam ser bem desenhadas para não ferir a legislação.

Outro obstáculo a uma gestão mais profissional vem de uma dúvida quase filosófica: se para uma empresa ter sucesso é obter lucro, para um clube de futebol – ou pelo menos para seu torcedor – a verdadeira realização é conquistar títulos.

Em muitos clubes de países em que a legislação de clubes-empresa já existe há mais tempo, como o Reino Unido, proprietários que se contentam em investir pouco, para garantir seu lucro e recuperar os investimentos, sem se preocupar necessariamente com o sucesso esportivo, são duramente criticados por torcedores.

“O dono pode até querer ser o primeiro colocado, mas ele faz um plano de negócios e mede o risco: ele consegue chegar em sexto lugar com uma dose de investimento. Se ele quiser ser o primeiro, tem que investir muito mais e ainda corre o risco de não ser campeão. Vai depender do modelo de negócios que a empresa criar, e isso nem sempre bate com o desejo do torcedor”, conclui Pracownick.

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