Afinal, o que é um investimento seguro? Um dos grandes mistérios para quem trabalha com investimentos no Brasil é tentar combinar dois fatos absolutamente contraditórios sobre nós brasileiros e a maneira como tratamos o dinheiro.
- A maior parte de nós é bastante conservadora quando busca investimentos. Os anos de alta inflação no século passado e as mais recentes experiencias frustradas de crescimento econômico inconsistente nos deixaram um tanto traumatizados. É comum encontrar quem olha seus investimentos todos os dias, apenas para se aborrecer com qualquer pequena desvalorização ou marcação negativa da cota de um fundo. Neste sentido, nós brasileiros somos muito avessos ao risco;
- Ao mesmo tempo, somos o país dos aplicativos de apostas, das pirâmides financeiras e dos jogos de loteria, todas opções de “investimento” extremamente arriscadas, com retorno esperado muito, muito baixo. Aqui os brasileiros somos um dos povos mais amantes do risco de todo planeta.
Como compreender essa característica? Como entender o investidor em caderneta de poupança que aposta toda semana na Mega Senna?
Em nossa experiencia, a resposta está ligada com uma compreensão incompleta e incorreta do risco, um ponto fundamental para quem investe. De forma bem ampla, risco é incerteza sobre os retornos futuros de um investimento. E existem muitas dimensões e fontes de risco, algumas bastante comuns, como:
- risco de crédito (o devedor não honrar o compromisso),
- risco de mercado (a taxa de juros subir ou cair) e
- volatilidade (a oscilação das cotações ou preços de mercado).
O ponto fundamental e do qual é impossível escapar é: não existe investimento sem risco. Se existe a perspectiva de ganho, existe necessariamente a possibilidade de perda. Sempre. Sem exceções.
E é comum ver os investidores muito preocupados em minimizar ou eliminar (o que é impossível, como dito) esses riscos comuns, mas se esquecendo um dos riscos mais importantes: não conseguir atingir seus objetivos. Muita gente prefere não correr nenhum risco ao investir para aposentadoria, se esquecendo que seus “investimentos (aparentemente) seguros” significam, na prática, ter que trabalhar por mais tempo até se aposentar ou, pior, não conseguir manter seu padrão de vida. Essas pessoas acreditam que a escolha de não correr riscos é gratuita, mas ela é paga de outra forma.
As perguntas realmente relevantes para o investidor são:
- “Estou sendo adequadamente remunerado pelo risco que estou correndo?”
- “Quanto risco eu preciso correr para atingir meu objetivo?”
- “Estou confortável com este risco?”
Ao responder, ou ao menos se colocar essas perguntas, o investidor vai começar a ter uma relação mais madura com seus investimentos e com o risco. Vai entender quais são os riscos necessários e quais não são. E, provavelmente, vai parar de acreditar em investimentos com risco zero.
Por Luis Moran, head da EQI Research
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