O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao mês de julho, revelou que a inflação das famílias brasileiras, recuou em 0,68% em julho. Conforme a divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse resultado mostra que no acumulado o Índice alcança 10,07% ao ano e o recuo de julho, de 0,68%, configura a maior deflação do Plano Real – que está em vigor desde 1994 e é a moeda nacional de maior sucesso desde a redemocratização, em 1985. Daí, cabe a pergunta: o que é deflação?
Tanto quanto a inflação, a deflação também representa um ponto de preocupação para os economistas e para o governo. Vamos entender o porquê disso, e aprofundar o tema.
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O que significa o termo deflação?
De acordo com definição do dicionário de Oxford, deflação é “o ato ou efeito de frear a inflação com medidas monetárias (redução do meio circulante) ou financeiras (controle do crédito, enquadramento de preços etc.)”.
Ou seja: a deflação pode ser resultado de uma determinada política econômica de um país para combater o seu oposto, que é a inflação.
É o que ocorre no Brasil desde o fim do ano passado. Após a pandemia, o Comitê de Política Econômica (Copom) vem adotando medidas para elevar os juros, conter o consumo e, por consequência, a própria inflação.
Na última reunião, realizada em 3 de agosto, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, em consenso com o que esperava o mercado. Desta forma, a taxa subiu para 13,75% ao ano, sendo a 12ª alta seguida.

Informou ainda que, diante das projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.
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“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz trecho da nota divulgada na ocasião.
A ata do Copom, mostrou as justificativas do colegiado para optar pela elevação da taxa. Sinalizou que avaliará necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na reunião de setembro.
O ajuste residual teria como objetivo trazer a inflação ao redor da meta estipulada, mas o comitê explica que avaliará se ele será mesmo necessário ou se somente a manutenção da Selic por tempo mais longo no patamar atual (13,75%) será suficiente.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a ata sinaliza que o ciclo de alta da Selic deve, possivelmente, se encerrar em 13,75%.
“A mensagem é que deve ser o fim do ciclo mesmo. Pode haver ainda 0,25 ponto porcentual, mas com grande probabilidade de ficar em 13,75%”, ele diz.
Quanto à mudança do ano calendário para a inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2024, que chamou a atenção do mercado no comunicado, o Copom justificou:
“Seguindo sua governança usual, o horizonte relevante para a política monetária passou a se referir ao ano de 2023 e, em grau menor, ao de 2024. No entanto, nesta reunião, notou-se que as projeções de inflação para os anos de 2022 e 2023 estavam sujeitas a impactos elevados associados às alterações tributárias entre anos-calendário”.

Qual a diferença entre inflação e deflação?
Como vimos, a deflação é o oposto da inflação, que é caracterizada pela elevação generalizada dos preços. Nesse cenário, a moeda ganha uma desvalorização. Pois o aumento de preços traz consigo a queda do poder de compra.
Ao contrário, a deflação traz uma queda generalizada dos preços, levando a um fortalecimento da moeda, ampliando o poder de compra da população.
Por que a deflação é ruim para a economia?
Apesar de imaginarmos que a deflação pode ser um fato benéfico, por representar o oposto da inflação e do aumento de preços, ela também pode ser perigosa, pois está ligada à recessão. Isso porque os preços podem cair pela falta de vendas ou uma queda excessivamente brusca delas.
Com a ausência da procura, os preços podem cair de forma excessiva, gerando o problema de queda nos lucros das empresas e, consequentemente, da dificuldade destas em conseguir se manter.
Afinal, se não há venda e mesmo com os preços baixos não há procura, isto representa um sério problema, podendo levar a redução de despesas, inclusive com desemprego.
O historiador inglês Eric Hobsbawn, em seu livro “A Era dos Impérios” lembra que essa foi uma preocupação grave no período entre 1875 e 1914, que antecedeu a ruína dos antigos países europeus das décadas imediatamente anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Ele lembra que no período entre 1872 e 1896, o nível de preços no mercado britânico caiu cerca de 40% em média. “Simetricamente, a deflação reduz a taxa de lucro. Uma grande expansão do mercado poderia mais que compensar essa redução, mas a rapidez real do mercado não foi suficiente”, diz ele em seu livro, publicado pela editora Paz & Terra (2017).
Quando houve deflação no Brasil?
Nesta terça-feira (9), o IPCA revelou que o Brasil revelou que a inflação das famílias brasileiras, recuou em 0,68% em julho, levando à maior deflação do Plano Real, como lembramos anteriormente. De acordo com o levantamento, o IPCA de julho foi pressionado pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica.
Trata-se da menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980. No ano, a inflação acumulada é de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%.
Outros dois momentos de deflação no Brasil aconteceram no começo da pandemia do coronavírus. Em março e maio de 2020, o IPCA atingiu deflação de pouco mais de 0,2% e 0,4%, respectivamente.
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