O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) um indicador que mede a inflação das famílias brasileiras, recuou em 0,68% em julho, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado na manhã desta terça-feira (9).
Conforme a autarquia, esse resultado mostra que no acumulado o Índice alcança 10,07% e o recuo de julho, de 0,68%, configura a maior deflação do Plano Real.
Vale destacar que o número, de queda de 0,68% em julho, vem em linha com a mediana, que projetava deflação de 0,66% e 10,10% na base anual; em junho, o acumulado ficou em 11,89%.

IPCA: inflação das famílias brasileiras
De acordo com o levantamento, o IPCA de julho foi pressionado pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica.
Trata-se da menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980. No ano, a inflação acumulada é de 4,77% e, nos últimos 12 meses, de 10,07%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (9) pelo IBGE.
Gerente da pesquisa, Pedro Kislanov disse que no dia 20 de julho a Petrobras anunciou uma redução de 20 centavos no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras. “Além disso, nós tivemos também a Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações”.
Segundo ele, essa redução afetou não só o grupo de transportes (-4,51%), mas também o de habitação (-1,05%), por conta da energia elétrica (-5,78%). Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo”, explica o
Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. A gasolina, individualmente, contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem o IPCA, com -1,04 p.p. Além disso, também foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%.
O pesquisador também destaca que além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho.
Economista-chefe da EQI Asset, Stephan F. Kautz disse que o IPCA divulgado hoje configura uma deflação e a equipe dele já projetava uma queda de 0,69%. O consenso do mercado estimava recuo de 0,64%.
Conforme Kautz, o resultado veio muito concentrado na queda dos combustíveis e dos impactos de medidas tributárias do governo. “Fora isso, os números ainda continuam razoavelmente pesados em termos de Núcleos, Serviços e Industriais”, destacou.
E disse mais: “Aquela mudança que a gente vinha observando nos últimos meses continua, com produtos industriais, especialmente duráveis, com destaque para automóveis, continuando a cair ou desacelerando, e isso é uma ótima notícia.”
Por outro lado, elencou, a parte de serviços, principalmente os intensivos em trabalho e em mão de obra tiveram mais uma aceleração, e isso configura uma mudança na composição da inflação. “Isso mostra que os itens que estão caindo estão sendo substituídos por outros itens que estão subindo”, frisou.
Conforme o economista, a EQI Asset espera para agosto uma nova deflação, entre 0,10% e 0,20%, a depender dos impactos das medidas ainda relacionadas a cortes de tributos. “Também se tiver espaço para algum novo anúncio de queda dos combustíveis, cuja defasagem hoje está rodando em torno de 8%, então o governo ainda poderia anunciar até o final do mês um novo reajuste para baixo no preço dos combustíveis”, concluiu.
Grupos do IPCA
Ainda de acordo com o IBGE, outro grupo que contribuiu para o resultado da inflação foi vestuário, com uma desaceleração de 1,67% para 0,58%, após apresentar a maior variação positiva entre os grupos pesquisados nos meses de maio e junho.
“A gente teve uma queda muito forte no preço do algodão, que é uma das principais matérias-primas da indústria têxtil, no final de junho”, esclarece Pedro. As roupas masculinas passaram de 2,19% em junho para 0,65% em julho, enquanto as roupas femininas foram de 2,00% para 0,41%. Os calçados e acessórios (1,05%), por sua vez, tiveram variação um pouco abaixo do mês anterior, quando registraram 1,21%.
Também mostrou ritmo de desaceleração o grupo de saúde e cuidados pessoais (0,49%) devido à variação inferior dos valores dos planos de saúde (1,13%), na comparação com o mês de junho (2,99%), e à queda de 0,23% dos itens de higiene pessoal, frente à alta de 0,55% em junho.
Em contrapartida, o setor de alimentação e bebidas acelerou no mês de julho. “O grupo teve a maior variação (1,30%) e impacto positivo (0,28 p.p.) no índice do mês. O resultado foi puxado pelo leite longa vida que subiu mais de 25% e pelos derivados do leite como queijo (5,28%) e manteiga (5,75%), por exemplo. Essa alta do produto se deve, principalmente, a dois fatores: primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado e o fato de os custos da produção estarem muito altos”, comenta o gerente da pesquisa.
Demais despesas
Conforme a pesquisa, a alta do leite contribuiu especialmente para o resultado da alimentação no domicílio, que acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. Outro destaque foram as frutas, com alta de 4,40% e impacto de 0,04 p.p. no IPCA de julho. No lado das quedas, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%), que contribuíram conjuntamente com -0,12 p.p.
O grupo de despesas pessoais (1,13%) acelerou em relação ao mês anterior (0,49%) e contribuiu com o segundo maior impacto positivo (0,11 p.p.) no IPCA de julho. Os dois principais destaques foram os subitens empregado doméstico (1,25%) e cigarro (4,37%), este último por conta dos reajustes entre 4,44% e 8,70% nos preços dos produtos comercializados por uma das empresas pesquisadas, a partir de 3 de julho.
Todas as áreas tiveram variação negativa em julho. A menor variação foi registrada em Goiânia (-2,12%), onde pesaram as quedas de 21,57% nos preços da gasolina e de 14,90% na energia elétrica. A maior variação, por sua vez, foi em São Paulo (-0,07%), única região a apresentar alta de energia elétrica (0,37%) no mês. Adicionalmente, contribuíram também para o resultado da área as altas do leite longa vida (21,95%) e do aluguel residencial (1,85%).
INPC tem queda de 0,60% em julho
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de -0,60% em julho, a menor variação registrada desde o início da série histórica, iniciada em abril de 1979. O índice acumula alta de 4,98% no ano e de 10,12% nos últimos 12 meses. Os produtos alimentícios passaram de 0,78% em junho para 1,31% em julho. Os não alimentícios foram de 0,57% para -1,21%.
A pesquisa
O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
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