Após o anúncio na segunda-feira (11) do encerramento das atividades da Ford (FDMO34) nas unidades de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE), o MPT (Ministério Público do Trabalho) abriu três inquéritos civis para avaliar os danos sociais do fechamento das fábricas da Ford no Brasil.
De acordo com a Agência Brasil, nesta quinta-feira (14), o MPT convocou uma reunião com representantes do Ministério da Economia e da Ford para abrir diálogo e coletar informações sobre o fechamento das fábricas.
Segundo o Ministério Público, participaram o secretário especial da Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, e o secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, além do diretor jurídico, Luís Cláudio Casanova, e do gerente de Relações Governamentais da Ford, Eduardo Freitas.
A audiência foi conduzida pelo procurador-geral do MPT, Alberto Balazeiro, e contou com a participação das tês procuradoras do Trabalho que conduzem os inquéritos: Flávia Vilas Boas de Moura, Valdenice Amália Furtado e Celeste Maria Ramos Marques Medeiros.
Pauta da reunião
Os procuradores preocupam-se não só com a situação dos empregados das fábricas fechadas, mas com toda a cadeia produtiva de fornecedores que vai sofrer os impactos das mudanças.
Em nota divulgada na segunda-feira (11), a Ford citou os impactos da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus para justificar a decisão de fechar suas unidades no país.
“A pandemia global da Covid-19 ampliou os desafios do negócio, com persistente capacidade ociosa da indústria e redução das vendas na América do Sul, especialmente no Brasil”.
Argumentação permaneceu a mesma
O MPT informou que os representantes da empresa mantiveram essa argumentação durante a audiência e se comprometeram a enviar os dados solicitados pelos procuradores e pelo governo federal.
A empresa deve concentrar agora a produção de veículos na América do Sul nas fábricas da Argentina e do Uruguai.
Serão mantidos, entretanto, a sede administrativa para a América do Sul em São Paulo, o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o Campo de Provas, em Tatuí (SP).
Na quarta-feira (13), a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) também se manifestou cobrando medidas que melhorem a competitividade do setor.
Governo da Bahia já procura comprador
Assim como aconteceu com a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP), o governo da Bahia está procurando algum comprador para o complexo em Camaçari afim de manter a produção e os empregos.
De acordo com a CNN Brasil, já existem quatro marcas – Great Wall Motors, Changan Auto, Gelly e GAC – interessadas em adquirir a linha de montagem, vindo ao país em parceria com o Grupo Caoa, em um contrato semelhante ao que existe com a Chery.
A CNN Brasil diz ter apurado que o Grupo Caoa está conversando com as chinesas Changan, GAC, Geely e Great Wall para lançar uma dessas marcas no mercado brasileiro, usando Camaçari como o ponto inicial de produção.
Caoa vem mostrando interesse
A Caoa foi uma das interessadas na fábrica de São Bernardo do Campo, justamente para trazer uma nova marca chinesa, o que acabou não se concretizando, e o terreno foi comprado pela Construtora São José.
Vantagens na Bahia
Enquanto a fábrica na Grande São Paulo era voltada para caminhões e montava apenas um carro, o Fiesta, Camaçari está pronta para fazer mais modelos, pois tinha a linha de montagem de Ka, Ka Sedan e EcoSport.
Além disso, o complexo deu origem a um polo industrial com empresas de apoio no entorno, facilitando a logística para fornecimento de peças.
Ainda há uma parte econômica favorecendo a negociação. A presença da Ford na cidade de Camaçari era muito forte e sua saída causará um grande impacto nas contas, o que vai incentivar a prefeitura a buscar formas de ajudar um interessado em manter a fábrica.
O mesmo acontecerá com o governo estadual para não perder os empregos e a possibilidade de ver novas empresas investindo na região.