Além da crise do coronavírus, o ano de 2020 caminha para ser marcado também pela grande entrada de empresas na Bolsa de Valores. Entre as 20 empresas do setor de construção civil que devem fazer IPO (oferta inicial de ações) neste ano está a Melnick Even Desenvolvimento Imobiliário (MELK3).
A construtora gaúcha é controlada pela Even Construtora e Incorporadora (EVEN3) e deve ser listada no Novo Mercado.
A empresa da família Melnick quer captar recursos para comprar terrenos, reforçar o caixa e ampliar sua atuação no segmento imobiliário.
A história da Melnick
Em dezembro de 1970, o engenheiro civil gaúcho Milton Melnick fundou com o amigo Péricles Correa a Melco. Eles aproveitaram o boom imobiliário residencial da década de 1970 e fizeram crescer a empresa.
A parceria durou até 1990, quando Milton Melnick decidiu criar uma nova empresa. Naquela época os dois filhos, Juliano e Leandro, ainda na faculdade, começavam aos poucos a se integrar aos negócios da empresa. Juntos, os três criaram a Melnick em 1992.
Em 2008, a empresa associou-se à Even quando o CEO da empresa era Carlos Eduardo Terepins. Hoje, a Melnick Even é o braço no Rio Grande do Sul da construtora Even, que foi fundada a partir da união da Terepins e Kalil Engenharia e a ABC.
Mas aos poucos, Carlos Terepins foi reduzindo sua participação na Even. Depois do IPO em 2007, ficou com uma fatia de 7% da empresa. Nos anos seguintes, Leandro Melnick e Rodrigo Arruy, gestor da fortuna da família Grendene, começaram a se tornar acionistas relevantes da companhia. Chegaram a deter 15% das ações e começaram a pressionar pela saída de Terepins.
Hoje, Juliano é CEO da Melnick e Leandro é CEO da Even.
A Melnick Even tornou-se uma das maiores construtoras e incorporadoras do Rio Grande do Sul e também do Brasil. Hoje, tem negócios não só no Estado gaúcho, mas também em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas.
O foco da empresa ao longo dos anos foram os empreendimentos de alto padrão. Porém, desde 2014, a construtora explora também o segmento de baixa renda.
Melnick: números da empresa
Hoje 68% da Melnick pertence à Even Construtora e Incorporadora. Segundo a empresa, o ROAE (return on average equity) médio dos últimos 10 anos foi de 21%. O lucro líquido médio no período de 2015 a 2019 foi de R$ 74 milhões. A empresa nunca teve um ano de prejuízos.
Em 2019, atingiu um VGV (Valor Geral de Vendas) de lançamentos de R$ 760 milhões.
O banco de terrenos da Melnick tem VGV potencial de R$ 11 bilhões. Hoje a Melnick Even tem mais de 500 colaboradores e já construiu 28 empreendimentos.
Sobre o IPO Melnick
Em 4 de setembro a empresa definiu a faixa indicativa de preços do IPO: de R$ 8,50 a R$ 12,50. Levando em conta a média deste valor e as 73.000.00 ações, a operação poderá chegar aos R$ 766 milhões.
A venda responderá por 35,1% do capital social da empresa.
A operação da Melnick incluirá ofertas primária (ações novas, cujos recursos vão para o caixa da companhia) e secundária (papéis detidos pelos atuais sócios).
Mas um lote adicional de até 15% e outro suplementar de 20% poderão ser realizados. Assim, considerando a faixa média de preços, a captação poderá ultrapassar R$ 1 bilhão.
A operação será coordenada por BTG Pactual, Itaú BBA, XP e Safra.
Os projetos da Melnick
A construtora acredita que está diante de uma “oportunidade ímpar de crescimento” para os próximos anos.
Entre os fatores positivos elencados está a manutenção da participação da Melnick no mercado de atuação, baixa concorrência e contínuo fortalecimento da marca, landbank qualificado e histórico com volume de lançamento em patamar relevante.
Com os recursos captados através do IPO, a empresa pretende investir majoritariamente na compra de terrenos para compor o landbank (banco de terrenos). “Estamos focados na aquisição em dinheiro de terrenos que tenham ciclo curto entre aquisição e lançamento, estratégia que faz com que o acionista aufira retorno a curto prazo”, diz a empresa.
Outra parte dos recursos será destinada ao caixa da empresa. Parte será usada para capital de giro, já que atualmente a companhia é financiada pelas suas sócias, e outra parte será destinada ao caixa restrito aos projetos.
Assim, em resumo, os recursos captados serão usados da seguinte forma:
- Aquisição de terrenos: 55%;
- Reforço de caixa: 28%;
- Reforço de caixa das sociedades de propósito específico: 17%.
Melnick (MELK3): BTG (BPAC11) recomenda compra após parcerias no RS e SC
No segundo semestre de 2022, a Melnick (MELK3) anunciou uma série de acordos de parceria com quatro construtoras locais para desenvolver projetos residenciais de média e alta renda nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, no Paraná. Diante disso, o banco BTG Pactual (BPAC11) publicou um relatório para recomendar a compra das ações da construtora.
“A ação é negociada a um atraente 0,75x P/VP, explicando nossa recomendação de compra”, cita o relatório assinado por Gustavo Cambauva, Elvis Credendio, Bruno Tomazetto e Luis Mollo.
O P/VP é a correlação entre o preço da empresa na bolsa e o patrimônio líquido. Quando ele está abaixo de 1, como é o caso da Melnick, a companhia vale em bolsa menos do que o seu patrimônio líquido. Logo, essa pode ser uma oportunidade de entrada na ação.
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Melnik (MELK3): potencial de ganhos e boa estratégia
Com a parceria, a Melnick aponta que os lançamentos podem gerar um VGV (Valor Geral de Vendas, que é a soma do valor potencial de venda de todas as unidades de um empreendimento a ser lançado) R$ 600 milhões, sendo que a construtora tem a participação de 45% delas. Este número representa uma participação de R$ 270 milhões em VGV.
“Saudamos a iniciativa de parceria da Melnick, que deve permitir que ela use seu forte balanço patrimonial (posição de caixa líquido = 21% do patrimônio) para aumentar os lançamentos e melhorar os retornos”, diz o relatório do BTG.
Os analistas alertam sobre o complicado cenário macro, com as taxas de hipoteca mais altas prejudicando a acessibilidade do negócio. Contudo, a Melnick é a líder de mercado local, com um grande banco de terrenos e um balanço sólido. Logo, a empresa tem potencial para crescer.
“A Melnick está bem posicionada para aumentar as operações e ganhar participação de mercado no Sul do Brasil”, conclui o BTG.
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Como investir em ações?
Antes de mais nada, quem está pensando em como começar a investir, é importante ter claro o que são ações e o que elas representam.
As ações são títulos que representam partes do capital social de uma empresa. Dessa forma, quando você adquire uma ação, torna-se sócio da companhia que a emitiu.
Para que possa vender suas ações a investidores, a empresa precisa antes fazer a abertura do seu capital.
Esse processo é conhecido como IPO (oferta pública inicial), e há diversas regras que as companhias precisam cumprir para que sejam autorizadas a negociar seus títulos na bolsa.
Como investir em ações? Por que vale a pena?
Quem adquire uma ação, naturalmente deseja ganhar com os resultados da companhia, e isso acontece de duas formas principais. Uma delas é quando o título se valoriza ao longo do tempo.
Assim, se o investidor que pagou menos pela ação no passado resolve vendê-la, terá lucro nessa negociação.
A outra forma é por meio do recebimento de dividendos. No Brasil, as empresas listadas em bolsa são obrigadas a distribuir parte de seus lucros.
Ou seja, sempre que há lucro líquido em determinado período, parte desses recursos deve ir para as mãos dos acionistas.
Nesse sentido, a forma mais comum de distribuir esses lucros é por meio de dividendos. A periodicidade dessa distribuição é determinada pela própria empresa, podendo ser trimestral, semestral ou anual na maioria dos casos.
Como investir em ações: quais são os tipos?
Na bolsa de valores, os principais tipos de ações negociadas são as ordinárias e as preferenciais.
Ambas são chamadas de nominativas, pois quem as possui tem seu nome identificado nos livros de registro das companhias emissoras.
A seguir, confira as características de cada uma delas.
Como começar a investir, conheça as ações ordinárias (ON)
Quando ouvimos sobre ações de uma forma genérica, normalmente é sobre as ordinárias que se está falando.
As ações ordinárias (ON) levam o dígito 3 depois das letras que formam o seu código. Por exemplo, PETR3 e OIBR3 são as ações ordinárias nominativas da Petrobras e Oi.
Para quem deseja ter alguma influência sobre as decisões da empresa, as ações ON são as mais indicadas. Isso porque a sua principal característica é o direito a voto concedido ao investidor.
Segundo a legislação, para ter o controle societário da empresa, é preciso ter metade das ON mais uma ação dessa categoria.
Mesmo que o acionista detenha o controle da empresa, ele não responde pessoalmente pelas dívidas da organização.
Porém, no caso de falência, os detentores de ações ordinárias receberão os valores investidos somente depois dos investidores das ações preferenciais (PN), as quais veremos a seguir.
Como investir em ações, entenda as ações preferenciais (PN)
No caso das ações preferenciais (PN), há garantia de recebimento de dividendos fixos permanentes, o que não ocorre com as ON.
Por isso, esses títulos são mais indicados para quem deseja investir com foco em renda passiva.
As ações preferenciais possuem o dígito 4 depois do seu código. Por exemplo, PETR4 é a ação PN da Petrobras.
Normalmente, o detentor de ações PN não tem direito a voto nas assembleias. Mas isso é flexível e pode variar de acordo com o estatuto da companhia.
Outro benefício das ações preferenciais são os dividendos, no mínimo, 10% maiores do que os das ações ON.
Além disso, como vimos acima, os detentores das ações PN têm prioridade para receber de volta seu capital no caso de falência da companhia.
Entenda o que são os dividendos.
Como investir em ações: quanto custa?
Quem quer começar a investir na bolsa brasileira, deve saber que não existe um valor mínimo para investir em ações. Nesse sentido, você pode encontrar ações no pregão de diversas faixas de valores.
Mas há uma regra em relação à quantidade de ações que é importante conhecer: na bolsa brasileira, as negociações são feitas em lotes de 100 ações.
Por exemplo, se você deseja comprar uma ação que custa R$ 20, precisará de R$ 2.000 para adquirir o lote no mercado à vista.
A opção ao mercado à vista é o mercado fracionário. Nesse ambiente, é possível negociar menos de um lote de ações, com quantidades entre um e 99 títulos.
No entanto, os títulos no mercado fracionário costumam ser mais caros para o investidor. Além disso, os volumes de negociação são bem menores do que no mercado à vista, e isso pode atrapalhar o investidor na hora de vender o título.
- Como investir em ações, leia também: Mercado fracionário e lote: entenda a diferença e saiba como investir
Para quem pensa em como começar a investir, em relação aos custos, é importante também saber que há taxas de corretagem envolvidas nas negociações de ações.
Nesse sentido, algumas corretoras cobram taxas fixas sobre as operações. Em outras, as taxas são variáveis e correspondem a um percentual da operação.
Lembrando que também há incidência de Imposto de Renda de 15% sobre o lucro que o investidor obtém na venda da ação. Só não haverá cobrança do IR se a venda no mês for abaixo de R$ 20 mil.
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