Um grupo de 87 companhias europeias escreveu uma carta para o governo brasileiro pedindo a interrupção do desmatamento na Amazônia para a produção de soja.
De acordo com informações do Estadão, entre as empresas, estão algumas das maiores redes de supermercados do continente, como Tesco, Aldi, Asda e Carrefour, Sainsbury, Islândia, Marks & Spencer, Waitrose e Morrisons; grandes produtoras de alimentos, como a Mars; e as gestoras de ativos holandesa Robeco e BMO Global Asset, entre outras.
O documento pede a extensão da moratória da soja na Amazônia (ASM, na sigla em inglês), acordo assinado em 2006 pelas empresas para impedir o uso de novas terras para a produção de commodity, que é usada como alimento para humanos e é matéria-prima para ração de gado.
“Queremos poder continuar a buscar ou investir na indústria brasileira de soja, mas se a ASM não for mantida, isso colocará em risco nossos negócios com a soja brasileira”, ressalta a carta, que foi coordenada pela Iniciativa de Risco e Retorno de Investimento em Animais Agrícolas.
Esse grupo de empresas administra ativos superiores a 2,5 bilhões de libras.
Floresta em risco
O Estadão informa que a preocupação do grupo é de que os contínuos aumentos da produção de soja possam colocar ainda mais em risco a Amazônia. Nesta terça-feira (10), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou novas estimativas para a produção da oleaginosa. Se os números da entidade forem confirmados, no início de 2020 a oferta brasileira de soja superará pela primeira vez a norte-americana. Isso porque a produção dos Estados Unidos é afetada pela guerra comercial com a China e também por questões climáticas.
Esse aumento da produção tem preocupado a comunidade internacional. Os incêndios na Amazônia em agosto só agravaram a situação para os observadores internacionais. O assunto criou um mal-estar entre os presidentes Jair Bolsonaro e o francês Emmanuel Macron.
Bolsonaro também já entrou em conflito aberto nas redes sociais com o astro de Hollywood Leonardo DiCaprio e com a ativista sueca, de 16 anos, Greta Thunberg, a quem chamou de “pirralha”.
Durante a COP-25, que ocorre em Madri, na Espanha, A Amazônia é vista como uma ferramenta vital para equalizar as emissões de carbono, uma arma para a continuação da humanidade.
Resposta do embaixador brasileiro
Ao Estadão, a consultora de políticas de sustentabilidade, Leah Riley Brown, do Consórcio Britânico de Varejo (BRC, na sigla em inglês e que reúne 70% do setor no Reino Unido), disse que “o objetivo da carta foi o de assegurar aos nossos membros que a moratória da Amazônia não vai acabar”.
O documento foi enviado no último dia 2 para o embaixador do Brasil em Londres, Fred Arruda, e se mostrou categórica: “queremos ter a resposta segura do governo brasileiro de que a aceleração do desmatamento na Amazônia não vai continuar”.
Arruda respondeu dois dias depois, dizendo que dividiu as preocupações dos signatários com autoridades domésticas e salientou que o Brasil desenvolveu uma estrutura legal, além de políticas concretas, para mapear a produção e garantir a proteção da vegetação nativa, que cobre 66% do território nacional: “no Brasil, todos os níveis de governo e a sociedade como um todo compartilham o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal e promover cadeias de suprimento sustentáveis”.
O grupo das 87 empresas ficou satisfeito com o fato de o embaixador se comprometer em levar a questão às autoridades, segundo Leah. O Estadão apurou que o documento foi enviado para representantes dos ministérios de Relações Exteriores e de Agricultura, além de associações do setor privado. “Como representantes de grandes varejistas, queremos trabalhar juntos nessa questão”, afirmou a consultora do BRC.
Leah afirmou ainda que o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia também está em suspenso por conta do Brexit. Ainda não se sabe o rumo do Reino Unido dentro do bloco.
Além das empresas citadas, também assinaram a carta ao governo brasileiro
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