Acompanhando o movimento dos mais importantes Bancos Centrais do mundo, o BC do Brasil está adotando diversas medidas para assegurar a estabilidade da economia brasileira, em meio a pandemia de coronavírus.
Para se ter uma ideia, as medidas divulgadas pelo BC devem injetar pelo menos R$ 1,2 trilhão no sistema financeiro, o que corresponde a quase 17% do PIB do país. “Estamos fazendo o maior plano de injeção de liquidez e de capital já feito”, afirmou o Presidente do BC, Roberto Campos Neto. A entrevista foi concedida em formato virtual.
Confira as oito ações tomadas pelo BC para fomentar liquidez e capital ao sistema financeiro.
Redução adicional do compulsório
O depósito compulsório é um mecanismo que obriga os bancos a manterem recursos junto ao BC. Para aumentar a liquidez na economia, o Banco Central reduziu o compulsório de 25% para 17%.
A medida que entrará em vigor na próxima segunda-feira (30), promoverá a liberação de aproximadamente R$ 68 bilhões. Esse montante poderá ser usado para empréstimos e financiamentos.
Novo depósito a prazo com garantias especiais (NDPGE)
O NDPGE é mais uma alternativa de captação de recursos para os bancos associados ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A aplicação confere a possibilidade captar recursos de maior volume, com a segurança de garantia do FGC, limitada a R$20 milhões de reais por titular. O racional é que captando mais os bancos poderão emprestar mais.
Flexibilização nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)
Com as modificações o capital captado através de LCAs poderá ser melhor alocado. Sendo assim, o potencial de mais crédito é de R$6,3 bilhões
Empréstimo com equivalência em títulos de dívida privada
O Banco Central poderá emprestar para instituições financeiras com lastro em debêntures. Essa linha de crédito temporária pode liberar até R$ 91 bilhões.
Maior possibilidade de os bancos recomprarem suas próprias letras financeiras
O percentual de recompra passou de 5% para 20%, dando uma liquidez adicional estimada em R$ 30 bilhões. Ou seja, os bancos poderão recomprar um volume maior de suas próprias letras financeira, promovendo maior liquidez dessas aplicações.
Overhedge de investimentos em participações no exterior
Segundo o Banco Central, os bancos deixam de ser obrigados a deduzir do seu capital os efeitos tributários das operações de overhedge (mecanismo de proteção contra a variação cambial) em investimentos em participações no exterior. O objetivo é permitir uma folga de capital, uma vez que a desvalorização do câmbio levaria a perdas. A medida dará segurança às instituições financeiras para manterem e ampliarem seus planos de concessão de crédito. Pelas projeções do Banco Central, a medida permitirá ampliar a folga de capital em R$ 46 bilhões, além de permitir a expansão de cerca de R$ 520 bilhões na concessão de crédito.
Operações compromissadas com lastro em títulos públicos federais
O BC poderá doar recursos através de operações compromissadas com títulos públicos federais, por prazo de até um ano. A medida visa assegurar liquidez em longo prazo, que deverá se contrapor à demanda por liquidez de curtíssimo-prazo por parte de famílias e empresas.
Dessa forma, a precificação da curva de juros e a precificação da liquidez nos prazos mais longos tenham um maior grau de eficiência.
Redução do spread do nivelamento de liquidez
O spread do nivelamento de liquidez tem a função de corrigir desequilíbrios de liquidez através do pagamento de taxa punitiva. A diminuição dessa taxa promove a mitigação do risco operacional provocado pelo impacto do coronavírus na economia.