Um dos maiores nomes do cenário cultural nacional, João Moreira Salles, 61 anos, é um diretor, produtor e roteirista de cinema. Além disso, ele é conhecido por ser empresário e fundador da Revista Piauí.
Nascido em 1962, no Rio de Janeiro, João vem de família influente. O pai do carioca, Walther Moreira Salles, foi um dos fundadores do Banco Garantia e da rede de bancos Unibanco, e sua mãe, Elisa Gonçalves, era uma renomada psicanalista. Walter Moreira Salles, cineasta conhecido por dirigir o filme Central do Brasil, e Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco ($ITUB4), também são seus irmãos.
Para além de toda arte e cultura, João Moreira Salles é o 8° maior bilionário brasileiro e neto do patriarca da família também João Moreira Salles, fundador do antigo Banco Moreira Salles. Atualmente, sua fortuna gira em torno de US$ 4,6 bilhões, cerca de R$ 22,1 bilhões.
Quem é João Moreira Salles?
Exposto desde cedo a um meio de intelectuais, artistas e empresários, ele se formou em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), mas sempre teve como paixão as artes do cinema e da fotografia. Vamos entender melhor sua trajetória!
No meio artístico
Em sua juventude, João participou de grupos de discussão sobre cinema e isso o levou a buscar cada vez mais a expressão artística e narrativa, dando assim, um estopim na jornada de cineasta e documentarista.
Já no início da carreira, com 23 anos, João Moreira Salles lançou seu primeiro documentário, China, o Império do Centro, sobre transformações sociais, políticas e econômicas do gigante asiático.
Mergulhando a fundo em diversos assuntos, ele não se limita, relatando eventos e buscando compreender profundamente os contextos das histórias que busca contar. Com atenção aos detalhes, João busca sempre capturar as emoções e a verdade por trás das aparências.
Em 1987, ao lado do irmão Walter, João fundou a produtora VideoFilmes, voltada para a realização de documentários televisivos e que depois ficou responsável por longas importantes no universo cinematográfico.
Os primeiros trabalhos da empresa dos irmãos foram duas séries exibidas na Rede Manchete: China, o Império do Centro (1987) e América (1989). Nessa empreitada, João produziu os seguintes filmes:
- Lavoura arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho
- Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz
- Babilônia 2000 (2001), de Eduardo Coutinho
- Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho
Também no final dos anos 90, João Moreira Salles foi destaque ao dirigir Notícias de uma Guerra Particular (1999), documentário sobre a guerra da polícia com o tráfico no Rio de Janeiro, realizado em parceria com Kátia Lund.
Em 2007, ele lançou o documentário Santiago, que recebeu a láurea máxima no Festival Cinéma du Réel. O longa acompanha a vida de Santiago, um mordomo que trabalhou para a família de João por décadas.
Este é um retrato íntimo de uma pessoa simples, em que João tece uma reflexão sobre a passagem do tempo, a memória e a condição humana. O filme foi aclamado pela crítica e pelo público, consolidando assim o nome de João Moreira Salles como um dos principais documentaristas do Brasil.
Além disso, o filme foi incluído no livro 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos, que é organizado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE).
Na Piauí
Em meio a um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais, João Moreira Salles foi um dos membros da fundação da Revista Piauí, em 2006.
A ideia do veículo era preencher a lacuna no mercado editorial nacional com reportagens investigativas, análises aprofundadas e ensaios de qualidade sobre política, cultura e sociedade.
Além do papel de fundador, João Moreira Salles, também é um dos principais investidores e editores da revista. Vitais, sua visão editorial, fama no meio intelectual e compromisso com o jornalismo foram imprescindíveis para o sucesso inicial da Piauí.
Definindo o tom e estilo da revista, ele sempre buscou uma abordagem crítica e reflexiva para os assuntos abordados. Com grande influência, Moreira Salles atraiu talentos do jornalismo e da literatura para colaborarem com as publicações, consolidando assim a reputação da Piauí entre as revistas mais respeitadas do país.
Ainda que não seja o único fundador, João Moreira Salles se tornou uma importante voz no jornalismo brasileiro.
Posicionamento de João Moreira Salles
Ainda que venha de uma família privilegiada, João Moreira Salles é um dos fundadores da Revista Piauí e não poderia ser diferente, ele sempre se posicionou como crítico da desigualdade social e das injustiças no Brasil.
Sensibilidade artística e consciência social cruzam com seus trabalhos na revista e também em seus projetos audiovisuais, abordando questões como pobreza, violência e exclusão com empatia e humanidade.
Filantropo ativo, João dedica parte de sua fortuna pessoal a projetos sociais e culturais, acreditando no poder da arte e da educação para transformar vidas e comunidades.
João Moreira Salles representa uma voz no cenário cultural brasileiro, com combinações de talento artístico, inteligência crítica e compromisso social. Seu talento inspira e provoca reflexões, desafiando o público a enxergar o mundo de novas maneiras.
Em outros campos

Junto de sua esposa, Branca Vianna, em 2017, João Moreira Salles fundou o Instituto Serrapilheira, sem fins lucrativos. O órgão veio para fomentar e divulgar pesquisas científicas nacionais nas áreas de ciências naturais, ciências da computação e matemática.
Além disso, ele é também cofundador e conselheiro da re.green, uma empresa de restauração florestal que atua na restauração ecológica em escala, devolvendo todos os subsistemas e biodiversidade às florestas. Essa empresa, de acordo com Moreira Salles, ao Uol ECOA, nasceu a partir do trabalho do pesquisador, Bernardo Strassburg, que publicou dois artigos na revista Nature identificando as áreas ambientais prioritárias para restauração no mundo.
De onde vem a fortuna de João Moreira Salles?
Com o posto de 8° maior bilionário brasileiro e fortuna de US$ 4,6 bilhões, cerca de R$ 22,1 bilhões, João Moreira Salles é seguido pelo próprio irmão, Walter Moreira Salles, em 9° lugar na lista dos 10 Maiores Bilionários do Brasil pela Forbes 2023.
Em meio às raízes do setor bancário e financeiro, a fortuna de João Moreira Salles e da família vem do patriarca e avô, também João Moreira Salles, que iniciou suas atividades no mundo dos negócios em 1945, ao fundar o Banco Moreira Salles.
Anos depois, em 1963, o gigante fundiu-se com outros bancos para formar o Banco Garantia, uma das instituições financeiras mais importantes do país.
Walther Moreira Salles, filho do patriarca e pai de João Moreira Salles, teve papel fundamental na expansão e consolidação do banco. Com sua liderança o banco se tornou um dos principais players do mercado, se especializando em serviços de investimento e banco de investimento.
O sucesso da empresa trouxe à família de João Moreira Salles uma base sólida para expandir os negócios e interesses em outras áreas. Com o controle acionário do Unibanco em 1988, um dos maiores bancos do Brasil na época, a família fez uma fusão entre o Banco Garantia e o Unibanco resultando na criação do Unibanco-AIG.
Os bens e dinheiro deles não vem apenas do setor bancário, a família Moreira Salles também diversificou seus investimentos em outras áreas. Entre elas estão os segmentos de mineração, energia, imobiliário e mídia. Contando com participações na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), uma das maiores produtoras de nióbio do mundo, e na TV Cultura, uma emissora de televisão pública em São Paulo.
Com sucesso nas finanças e investimentos estratégicos, foi assim que a família construiu e segue levantando seu império no Brasil. Para além da fortuna, a família de João Moreira Salles usa parte de seu dinheiro para promover a cultura, com iniciativas educacionais e sociais, como o Instituto Moreira Salles, reforçando o compromisso com o desenvolvimento do país.
Envolvido em polêmica
Com três acusações em uma ação por formação de quadrilha, envolvimento com narcotráfico e favorecimento pessoal, João Moreira Salles passou por uma polêmica com Marcinho VP, traficante e principal figura do morro Dona Marta, do Rio de Janeiro.
Isso ocorreu no início da década de 2000, quando João estava produzindo o documentário Notícias de Uma Guerra Particular, dirigido e escrito em parceria com Kátia Lund. Na época ele fez amizade com o traficante ao dar aulas na favela.
Segundo João Moreira Salles, à revista Época, ele enviou uma bolsa de R$1200 mensais para Marcinho VP, então foragido, para que ele saísse do tráfico e produzisse um livro.
As duas primeiras acusações da ação foram arquivadas por falta de sustentação, segundo a revista. Na época, João entrou em um acordo e pagou um valor revertido em benefício para a Associação Beneficente Brasileira de Reabilitação (ABBR), os custos do processo e, pediu para prestar serviços comunitários.
Quem fundou o Instituto Moreira Salles?
Embora o sobrenome seja o mesmo, João Moreira Salles não foi o responsável pelo Instituto Moreira Salles (IMS). O famoso espaço cultural do Rio de Janeiro, agora com localização também na Avenida Paulista, em São Paulo, na verdade, foi fundado pelo seu pai, Whalter Moreira Salles, em 1992.
Conhecido por ter sido um empresário brasileiro e um dos fundadores do Banco Garantia e do Unibanco, a ideia do pai de João Moreira Salles era de criar uma instituição cultural sem fins lucrativos. Atualmente, o famoso IMS conta com importantes patrimônios em quatro áreas: Fotografia, em mais larga escala, Música, Literatura e Iconografia.
O Instituto atualmente promove exposições de artes plásticas de artistas brasileiros e estrangeiros, além do cinema. As atividades do IMS são sustentadas inicialmente pelo Unibanco e pela família Moreira Salles.
Promovendo e preservando a cultura brasileira, o Instituto Moreira Salles visa contribuir para o enriquecimento cultural no país através de suas manifestações. Além das atividades no Brasil, o IMS atua internacionalmente com exposições e eventos em colaboração com instituições culturais de todo o mundo.
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