Dentro e fora da bolsa de valores, tem muita gente animada com o mercado imobiliário. O próprio setor já está falando em um recuperação em V (aquela que sobe rápido, depois de uma queda rápida).
Em São Paulo, os indicadores parciais apontam para uma retomada das vendas de imóveis em junho, depois das quedas de 27% em abril e em maio.
Na B3, os índices do setor imobiliário se recuperaram mais rápido que o Ibovespa. O IMOB, que reúne ações de incorporadoras, avançou 83% desde o tombo dos mercados em 23 de março. O IFIX, índice de desempenho do fundos imobiliários, subiu 102% nesse período, enquanto o Ibovespa registrou alta de 62%.
Existe explicação para o otimismo e ela está diretamente ligada à Selic, a taxa básica de juros, no patamar histórico de 2,25%. Segundo o Banco Central, a taxa de juro média do financiamento imobiliário foi de 7,16% ao ano em maio. Para se ter ideia, a taxa era de 10,90% três anos atrás.
Com esse burburinho todo em torno do mercado imobiliário, deve ter muito investidor pensando em ganhar dinheiro no setor: seja comprando imóveis, investindo em fundos imobiliários ou em papéis de incorporadoras.
Mas antes de tomar essa decisão, é importante fazer algumas comparações.
Imóvel versus renda fixa versus renda variável
Nesta semana, a Abrainc, associação que reúne as principais incorporadoras de imóveis, entre elas MRV e Cyrela, divulgou um estudo em que compara o investimento em imóvel a outras aplicações em renda fixa.
O levantamento feito pela Fipe/Zap mostra que os ganhos com imóveis na última década superaram com folga o CDB e a poupança, o que já era de se esperar.
Entre 2009 e 2019, os ganhos anuais médios foram de 15,3% (9,4% no preço, e 5,9% no aluguel). Contra 9,8% do CDB e 6,5% da poupança, nesse período.
Mas e se compararmos com outras aplicações?
Na tabela abaixo, colocamos os dados da Abrainc ao lado de um levantamento feito pela Economática, que inclui outros tipos de investimentos.
| Ano | Valorização média do imóvel no Brasil | Retorno médio anual do aluguel | Ganho total do investimento em imóvel | Rendimento da Poupança | Rendimento do CDI | IMOB | IFIX | IBOV |
| 2009 | 19,8 | 6,7 | 26,4 | 7,05 | 9,88 | 204,88 | – | 82,66 |
| 2010 | 21,9 | 6,3 | 28,2 | 6,9 | 9,75 | 10,45 | – | 1,04 |
| 2011 | 24,9 | 5,9 | 30,8 | 7,5 | 11,6 | -27,7 | 16,51 | -18,11 |
| 2012 | 11,9 | 5,6 | 17,4 | 6,1 | 8,4 | 22,43 | 35,01 | 7,4 |
| 2013 | 12,7 | 5,4 | 18,1 | 5,79 | 8,06 | -26,93 | -12,65 | -15,5 |
| 2014 | 5,9 | 5,2 | 11 | 7,24 | 10,81 | -18,22 | -2,77 | -2,91 |
| 2015 | 0,9 | 4,9 | 5,9 | 8,15 | 13,24 | -21,38 | 5,46 | -13,31 |
| 2016 | 0,7 | 4,7 | 5,4 | 8,3 | 14 | 32,72 | 32,29 | 38,94 |
| 2017 | -0,5 | 4,6 | 4,1 | 6,75 | 9,93 | 32,1 | 19,45 | 26,86 |
| 2018 | -0,2 | 4,7 | 4,5 | 4,62 | 6,42 | 6,99 | 5,62 | 15,03 |
| 2019 | -0,1 | 4,9 | 4,7 | 4,26 | 5,96 | 70,6 | 35,98 | 31,58 |
Fonte: Abrainc e Economatica
Entre 2009 e 2019, o Imob registrou uma valorização média de quase 25% ao ano e IFIX, de 2012, para cá, subiu em média 14%.
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Por que os fundos imobiliários podem ser uma boa alternativa?
A consultora de investimentos Ana Paraboni lembra que investir em imóvel é uma preferência histórica dos brasileiros. Por ser um investimento seguro e porque, sim, já foi muito rentável.
Ela ressalta, no entanto, que de 2015 para cá esse rendimento foi prejudicado pela crise econômica e que uma alta como a que se viu até ali pode não se repetir.
Como consultora, ela costuma alertar os clientes para a importância de se diversificar os investimentos.
Uma coisa é você ter muito dinheiro, comprar imóveis e ainda aplicar em ações, fundos, investir no exterior. Outra coisa é você colocar todas as suas economias em um imóvel, pensando em viver de renda. (Aliás, importante: o assunto aqui é investimento, não a compra da casa própria).
“Ao investir em um imóvel, o dinheiro fica parado em uma coisa só e é muito mais difícil vender se precisar desse recurso”, diz Ana.
Para quem gosta da segurança dos ativos reais, como os imóveis, ela recomenda os fundos imobiliários.
“É uma alternativa para diluir os riscos, já que é possível, mesmo com pouco dinheiro, investir em imóveis diferentes, sem que o recurso fique preso”. Ela lembra, no entanto, que é sempre importante se levar em conta o perfil do investidor. Não é todo mundo que está habituado ao vai e vem da renda variável.
Paulo Filipe Souza, sócio da EQI Investimentos, diz que, se o foco do investidor é a renda do aluguel, os fundos imobiliários são uma boa opção, já que são obrigados a distribuir 95% de seus dividendos e são isentos de Imposto de Renda. “Se o foco é o ganho de capital, ele deve olhar para a bolsa ou para fundos voltados para ganho de capital.”
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