O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar a China e o Federal Reserve (Fed), em um discurso para marcar os 100 dias de seu segundo mandato à frente da Casa Branca. O evento foi realizado em Detroit, cidade conhecida por ser o berço da indústria automobilística norte-americana.

“Após décadas de políticos que destruíram Detroit para construir Pequim, finalmente temos um líder na Casa Branca que, em vez de colocar a China em primeiro lugar, está colocando Michigan em primeiro lugar e a América em primeiro lugar”, afirmou Trump, em referência à perda histórica de empregos industriais na região do Meio-Oeste americano.
O mandatário defendeu a continuidade de sua política tarifária e voltou a criticar o Fed por não adotar cortes na taxa de juros, medida que, segundo ele, seria necessária para compensar os efeitos econômicos da guerra comercial. “A pessoa do Fed não está fazendo um bom trabalho”, disse.
Apesar das tensões comerciais e da pressão sobre a política monetária, Trump exaltou o desempenho da economia americana sob sua gestão. “Os Estados Unidos continuam sendo a melhor economia do mundo. A bolsa de Nova York subiu 88% e vamos melhorar ainda mais”, declarou, em tom otimista.
Trump e 100 dias de governo: discurso vem após possível distensão
Mais cedo, a China isentou as tarifas sobre as importações de etanol dos Estados Unidos, segundo informações da agência Reuters. No lado norte-americano, Trump deve assinar nos próximos dias uma ordem executiva que concederá alívio parcial às montadoras que produzem veículos em território norte-americano. A informação foi confirmada pelo secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Nesta terça-feira (29), Donald Trump completou 100 dias de seu segundo mandato na Casa Branca. O período foi marcado por reviravoltas na política externa, medidas econômicas controversas e uma queda acentuada na popularidade, segundo pesquisas de opinião.
Desde que reassumiu o cargo em 20 de janeiro de 2025, Trump tem adotado uma postura agressiva e imprevisível. Lançou uma guerra tarifária global sem precedentes, cortou ajuda externa e propôs medidas radicais como a anexação da Groenlândia, o retorno do controle do Canal do Panamá e até a incorporação do Canadá como o 51º estado norte-americano.
A retórica de Trump desafia abertamente as normas que sustentaram a ordem mundial desde a Segunda Guerra Mundial. E a comunidade internacional ainda tenta compreender as consequências do novo posicionamento dos EUA. “O mundo está mais instável. Mas é a fragilidade americana que salta aos olhos”, avalia Marink Martins, analista internacional do EQI+.