O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) um aumento nas tarifas de importação sobre produtos da Índia, elevando a alíquota total para 50%. A medida ocorre em resposta às contínuas importações de petróleo russo por parte do governo indiano, segundo justificativa apresentada por Trump em uma ordem executiva.
“Constato que o governo da Índia está, direta ou indiretamente, importando petróleo da Federação Russa”, afirmou Trump no documento.
“Dessa forma, e conforme as leis aplicáveis, os artigos da Índia importados para o território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa adicional ad valorem de 25%”, determinou.
A nova tarifa — adicional à já anunciada semana passada — entrará em vigor em 21 dias. Com isso, os produtos indianos estarão sujeitos a um total de 50% de tarifação ao ingressar no mercado americano, uma das taxas mais altas impostas atualmente a parceiros comerciais dos EUA.
Em entrevista à emissora CNBC na terça-feira (5), Trump já havia sinalizado a escalada tarifária. “Vou aumentar substancialmente as tarifas sobre a Índia nas próximas 24 horas, porque eles estão comprando petróleo russo, estão alimentando a máquina de guerra”, afirmou no programa Squawk Box.
PublicidadePublicidade
Críticas e resposta da Índia
A decisão de Trump amplia seu posicionamento de penalizar países que mantêm relações comerciais energéticas com Moscou, em meio à continuidade da guerra na Ucrânia. O presidente norte-americano tem adotado um tom cada vez mais duro contra o que considera apoio indireto ao esforço de guerra russo.
A Índia, por sua vez, respondeu com veemência às críticas. Em nota divulgada na segunda-feira (4), o Ministério das Relações Exteriores do país afirmou estar sendo “alvo” dos EUA e da União Europeia por manter importações de petróleo russo após o início do conflito na Ucrânia.
“É revelador que as mesmas nações que criticam a Índia estão, elas próprias, envolvidas em comércio com a Rússia”, destacou o comunicado. “Ao contrário do nosso caso, esse comércio não representa nem sequer uma compulsão nacional vital para esses países.”
Encontro bilateral e clima tenso
Em fevereiro deste ano, Trump recebeu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, na Casa Branca. Na ocasião, os dois líderes discutiram acordos de defesa e comércio, em uma tentativa de reforçar a parceria bilateral. Contudo, o recente anúncio tarifário coloca em xeque a retomada da relação.
O governo Trump também indicou que outras sanções podem ser consideradas caso Nova Délhi não reduza sua dependência energética de fornecedores russos.
Repercussões possíveis
O aumento das tarifas pode afetar as exportações indianas para os EUA, incluindo setores como têxteis, produtos farmacêuticos, aço e tecnologia da informação. A decisão também deve acirrar os debates dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC), onde a Índia poderá buscar respaldo contra as medidas unilaterais de Washington.
Leia também:
Trump alegou que a Índia está importando petróleo da Rússia, o que, segundo ele, contribui para financiar a guerra na Ucrânia. Como resposta, decidiu punir economicamente o país, elevando as tarifas para 50%.
O novo adicional de 25% entrará em vigor em 21 dias. Já a tarifa de 25% anunciada na semana anterior passa a valer na quinta-feira seguinte ao anúncio.
Exportações indianas de têxteis, produtos farmacêuticos, aço, químicos e serviços de TI podem ser impactadas, já que os Estados Unidos são um dos principais destinos desses bens.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia criticou a decisão e acusou os EUA e a União Europeia de hipocrisia, apontando que essas mesmas nações também mantêm relações comerciais com a Rússia.
Ainda é cedo para afirmar, mas o aumento de tarifas pode intensificar tensões e levar a retaliações. A Índia pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou adotar contramedidas comerciais.