A Índia tem hoje a economia que mais cresce no mundo, com uma elevação de aproximadamente 7% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Até hoje, investidores que buscam lucrar com o crescimento econômico da Índia costumam focar em conglomerados históricos, como Reliance Industries e Adani Enterprises, ou em startups de tecnologia inovadoras. No entanto, o foco mudou no último ano. Com isso, há uma explosão de IPOs na Índia, já que empresas estão cada vez mais entrando no mercado, tentando capitalizar a expansão do país.
No ano passado, a ex-colônia britânica testemunhou um boom nas ofertas públicas iniciais, com um total de 238 listagens, o maior número em nove anos, arrecadando 614 bilhões de rúpias indianas (aproximadamente US$ 7,35 bilhões), de acordo com dados da FactSet.
Entre os destaques, a listagem da Mankind Pharma, fabricante de preservativos e kits de testes de gravidez. Apesar de operar em um segmento menos glamoroso, a empresa mostrou um crescimento constante de receitas e lucros saudáveis, evidenciando que oportunidades atraentes podem ser encontradas em setores aparentemente comuns da economia indiana, de acordo com dados da CNBC.
E o frenesi de IPOs continua neste ano, com 130 novas listagens até o momento e 313 bilhões de rúpias indianas arrecadadas até agora, segundo a FactSet.
Os dados podem aumentar, já que startups de tecnologia na Índia estão prontas para entrar no mercado de capitais, com empresas como Swiggy, ixigo, Unicommerce e MobiKwik. Este movimento ocorre em um momento em que investidores de capital de risco e private equity veem os mercados de ações da Índia como uma ótima forma de sair de seus investimentos e alavancar a participação dos investidores de varejo.
IPOs na Índia: empresa de energia está avaliada em até US$ 5 bi
Dhruba Jyoti Sengupta, Wrise Private Middle East, subsidiária da corretora de mesmo nome com sede em Singapura, prevê que empresas como a Ola Electric, Aakash Educational Services e PhonePe abrirão o capital em breve. Ola Electric, por exemplo, já recebeu aprovação da SEBI – o equivalente à Comissão de Valores Mobiliários indiana – para um IPO de US$ 660 milhões, com uma avaliação estimada entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
A Aakash Educational Services, apesar de sua ligação com a empresa-mãe falida Byju’s, tem se destacado pela excelência acadêmica de seus alunos e está se preparando para arrecadar fundos rapidamente. Sengupta também menciona que a PhonePe, uma subsidiária do Walmart na Índia, está expandindo suas operações para os Emirados Árabes Unidos e Sri Lanka, o que pode indicar uma possível IPO no futuro.
Interesse Estrangeiro
O mercado de ações indiano também atraiu o interesse de empresas estrangeiras. A Hyundai Índia está planejando um IPO de US$ 2,5 bilhões, que, se bem-sucedido, será uma das maiores listagens desde a Life Insurance Corporation of India em 2022.
Empresas estrangeiras listadas na Índia, como Maruti Suzuki, Hindustan Unilever, Siemens e ABB Índia, fortaleceram os mercados locais, e Vikas Pershad, gerente de portfólio de ações asiáticas da M&G Investment, espera que mais empresas sigam esse caminho à medida que atingem uma certa escala.
Apesar do otimismo em torno do boom de IPOs, há preocupações sobre as valorizações consideradas excessivamente elevadas do mercado de ações indiano. Atualmente, a Índia está sendo negociada a cerca de 21 vezes o preço/lucro, um nível que analistas internacionais consideram “um pouco caro”.
O cenário é de entusiasmo e cautela, com investidores equilibrando as oportunidades de crescimento com as preocupações sobre possíveis sobrevalorizações, enquanto a Índia continua a emergir como um mercado chave para IPOs globais.
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