Índia e Paquistão, duas potências nucleares com um histórico conflituoso, acertaram uma trégua após quatro dias de confrontos intensos na região da Caxemira.
O cessar-fogo, anunciado no sábado (10), foi comemorado principalmente no lado paquistanês como uma vitória militar e diplomática. Ainda assim, o clima continua tenso, com ambos os lados trocando acusações sobre violações do acordo e se preparando para possíveis novas hostilidades.
Índia e Paquistão: Caxemira no coração do conflito
A disputa entre Índia e Paquistão pela Caxemira remonta à partição da colônia britânica em 1947. A região, de maioria muçulmana, ficou dividida entre os dois países, mas ambos a reivindicam integralmente. Desde então, já ocorreram duas guerras e inúmeros confrontos armados, alimentando uma das rivalidades geopolíticas mais perigosas do mundo.
Recentemente, a tensão explodiu após um atentado em Pahalgam, na Caxemira indiana, que deixou 26 mortos. O ataque reacendeu as hostilidades e culminou nos combates mais graves em quase 30 anos.
O que foi acordado
Com mediação dos Estados Unidos — especialmente do presidente Donald Trump, que anunciou pessoalmente o acordo em sua rede social Truth Social — Índia e Paquistão concordaram com um cessar-fogo “completo e imediato” e com o início de uma nova rodada de conversas diplomáticas.
O secretário de Estado Marco Rubio e o vice-presidente J.D. Vance lideraram as negociações americanas, com apoio da Arábia Saudita e do Reino Unido.
Ambos os países reabriram seus espaços aéreos: o Paquistão no sábado (10) e a Índia na segunda-feira (12), quando 32 aeroportos foram liberados para voos civis. A companhia aérea IndiGo anunciou o retorno progressivo das operações nas rotas afetadas.
Apesar disso, a Índia manteve uma postura firme. O general Rajiv Ghai autorizou seus comandantes a responderem imediatamente a qualquer violação do acordo. Nova Delhi acusou o Paquistão de ataques durante um apagão na fronteira, enquanto Islamabad nega a responsabilidade e culpa a Índia pela escalada.
Riscos persistem
Apesar do cessar-fogo, os riscos de uma nova escalada permanecem elevados. Ambos os países possuem armas nucleares, e a tensão na Caxemira é volátil. A troca de acusações públicas e o histórico de cessar-fogos quebrados colocam em dúvida a durabilidade da trégua.
A presença de grupos militantes, a pressão política interna e a rivalidade nacionalista entre os dois governos aumentam a possibilidade de novos episódios de violência. O uso da linha direta entre comandos militares, embora positivo, pode não ser suficiente para conter uma nova escalada se incidentes similares ao de sábado voltarem a ocorrer.
Uma nova rodada de negociações deve acontecer ainda nesta segunda-feira (12), com mediação internacional. Observadores esperam que o cessar-fogo evolua para um diálogo mais profundo sobre a Caxemira, mas não há garantias. O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou o acordo “um passo positivo” e incentivou esforços para uma paz duradoura.