O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início a uma nova fase de sua política protecionista ao anunciar tarifas sobre produtos importados do México, Canadá e China. As medidas, que entrarão em vigor nesta terça-feira (4), têm potencial para gerar impactos significativos na economia global e aumentar as tensões comerciais entre as nações.
No caso do México e do Canadá, a tarifa será de 25% para a maioria dos produtos, com exceção do setor de energia canadense, que sofrerá um acréscimo menor, de 10%. Para a China, a sobretaxa será de 10%, em um ritmo mais suave. Segundo Trump, a medida faz parte de suas promessas de campanha e busca combater a imigração ilegal e o tráfico de drogas.
Tarifas de Trump e o impacto econômico
Especialistas alertam que as tarifas podem elevar a inflação nos Estados Unidos, já que o custo adicional será repassado aos consumidores. “Como elas são bastante amplas, aumentam o risco de a inflação ser mais alta. Se fossem tarifas mais direcionadas, o efeito inflacionário seria menor”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.
A imposição tarifária também reduz o espaço para que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, corte os juros no futuro. “Com inflação mais alta, o Fed pode precisar manter juros elevados por mais tempo”, acrescenta Kautz.
Outro reflexo das medidas é o fortalecimento do dólar em relação a outras moedas. “Com o imposto adicional para reduzir o déficit comercial, os países afetados tendem a ter crescimento menor e comprar menos produtos americanos, o que pode levar a um choque de demanda negativa e a um crescimento global mais fraco”, aponta o economista.
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Déficit comercial e retaliações
Os Estados Unidos registram um déficit expressivo na balança comercial com esses três países. Em 2023, por exemplo, o México exportou US$ 480,1 bilhões para os EUA, enquanto as exportações americanas para o vizinho do sul somaram US$ 352,8 bilhões. Com a China, o déficit também é elevado: US$ 448 bilhões em importações contra US$ 323,2 bilhões em exportações. No caso do Canadá, o desequilíbrio é ainda maior, com os americanos importando US$ 429,6 bilhões e exportando apenas US$ 147,8 bilhões.
As retaliações já começaram. O Canadá anunciou tarifas de 25% sobre alguns produtos americanos, enquanto o México deve anunciar medidas similares ainda hoje. A China, por sua vez, pretende levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).
As ordens executivas de Trump, no entanto, são claras em indicar que o presidente pode responder a ações de retaliação. Ou seja, Trump tem poderes para aumentar ou ampliar o escopo das tarifas, a depender das respostas dos países.
E o Brasil?
Para o Brasil, os impactos imediatos das tarifas são limitados, mas o risco de novas medidas protecionistas permanece. “No curto prazo, não deve haver novidades, mas a ameaça segue presente. Precisamos acompanhar os próximos passos”, conclui Kautz.
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