Após o anúncio de Donald Trump, presidente dos EUA, de que implementará tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio a partir desta segunda-feira (10), o governo brasileiro afirmou que pode impor taxas sobre plataformas digitais norte-americanas, caso a medida se concretize.
“Todo o aço que chegar aos Estados Unidos será taxado em 25%”, declarou Trump no domingo (9), durante voo a bordo do Air Force One, antes de aterrissar em Nova Orleans para assistir ao Super Bowl. Ele também confirmou que a mesma tarifa será aplicada ao alumínio importado.
Essa decisão de Trump tem impacto direto no Brasil, que ocupa a segunda posição como maior exportador de aço para os EUA. Em 2024, 48% das exportações brasileiras de aço, totalizando US$ 5,7 bilhões, têm como destino o mercado norte-americano.
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Como o Brasil será afetado pelas tarifas de Trump?
O Brasil será afetado, pois 48% das suas exportações de aço têm como destino o país, enquanto no caso do alumínio, a participação é de 16%. Com a implementação das novas tarifas, cerca de US$ 6,5 bilhões em vendas desses materiais para os EUA podem ser impactados.
“O Brasil é o terceiro maior exportador de aço para os Estados Unidos, o que pode resultar em um dia difícil para nossas siderúrgicas na bolsa. Usiminas, CSN e até mesmo Gerdau, que é menos impactada, deverão enfrentar um cenário desafiador. Trump continua em sua batalha para desestabilizar o comércio global”, afirma Felipe Reis, estrategista de ações da EQI Research.
Resposta do Governo Lula
De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, o governo Lula adota uma postura cautelosa em relação ao anúncio feito por Trump, entendendo que o mais sensato é evitar o início de uma guerra comercial direta com os EUA.
Por outro lado, a coluna destaca que o governo brasileiro não pode simplesmente ignorar o cenário, sendo necessário oferecer uma resposta à situação.
O ministro Fernando Haddad declarou que o governo só se pronunciará sobre a imposição de tarifas de importação sobre aço e alumínio pelos EUA após o anúncio oficial.
“O governo decidiu se manifestar apenas no momento oportuno, com base em decisões concretas, e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou alterados. Vamos aguardar a decisão oficial antes de qualquer declaração. A partir daí, seguiremos a orientação do presidente da República, assim que as medidas forem realmente apresentadas”, afirmou o ministro em uma breve conversa com jornalistas.
Taxação das plataformas
Apesar da postura, a possível imposição de uma taxa sobre as plataformas digitais, chamada de “digital tax”, traria diversas vantagens em comparação a outras medidas, segundo uma fonte do governo brasileiro, em entrevista à coluna.
A primeira delas: não seria algo improvisado, pois a adoção da taxa sobre as plataformas já vem sendo debatida na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e alguns países, como o Canadá, já avançaram em sua implantação.
No Brasil, a proposta vem sendo debatida há vários meses e poderia ser implementada rapidamente, especialmente no contexto da intensificação da guerra comercial global de Trump, que impacta diretamente o país. Segundo a autoridade, “viria a calhar”
Em segundo lugar, a taxação não prejudicaria setores industriais brasileiros, pois não se trata de taxar insumos importados dos EUA que, mais caros, impactam nos preços dos produtos brasileiros e podem inclusive impulsionar a inflação. Segundo a reportagem, ela teria inclusive apoio de grandes representantes da indústria e do varejo.
São citadas como exemplos de plataformas que podem ser taxadas empresas como Amazon, Facebook, Instagram, Google e Spotify. O serviço de streaming de música, podcasts e vídeos, por exemplo, oferece serviços e tem diversos assinantes sem pagar impostos no Brasil, diz a mesma autoridade.
O Canadá adotou imposto sobre serviços digitais com alíquota de 3% sobre a receita obtida com serviços digitais que dependem de contribuições de engajamento, dados e conteúdo de usuários canadenses, além de vendas ou licenciamento de dados de usuários do país.
O governo brasileiro acredita que Trump oficializará a taxação do aço e do alumínio ainda nesta segunda (10), mas não quer se precipitar em nenhum anúncio por considerar que o presidente norte-americano costuma voltar atrás em seus atos e declarações.
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