A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras atinge em cheio o bolso do consumidor americano, especialmente no que diz respeito a um dos produtos mais populares e consumidos do país: o café.
Maior fornecedor de grãos de café verde para os Estados Unidos, o Brasil é responsável por cerca de um terço de todo o volume importado, segundo dados do Departamento de Agricultura norte-americano. Com uma produção altamente dependente de condições climáticas tropicais — que só estão presentes no Havaí e em Porto Rico dentro do território americano —, os EUA não têm capacidade de autossuficiência no cultivo da bebida preferida dos seus consumidores.
O país, que detém o maior mercado consumidor de café do mundo, movimentou cerca de US$ 19,75 bilhões em vendas no setor no ano passado, segundo a consultoria Mintel. Qualquer aumento significativo no custo da matéria-prima pode se refletir diretamente no preço final ao consumidor, que já vem enfrentando sucessivos reajustes nos últimos anos.

Tarifa de 50%: café passou por altas recentes
A combinação entre secas severas e geadas no Brasil — que afetaram a oferta global — já havia pressionado os preços dos grãos. No início deste ano, os contratos futuros de café atingiram máximas históricas, e mesmo com uma leve queda recente, seguem em patamares elevados. Na última quarta-feira, por exemplo, os preços subiram mais 1%.
Caso entre em vigor em 1º de agosto, a tarifa de Trump pode representar um novo choque de preços. Gigantes do setor como JM Smucker (dona da Folgers), Keurig Dr Pepper, Starbucks e Dutch Bros podem ver seus custos operacionais dispararem, o que pode ser repassado aos consumidores.
O presidente da Lavazza, Giuseppe Lavazza, afirmou em entrevista à Bloomberg TV que a medida pode significar “muita inflação” para a indústria do café. Fabricantes esperam, contudo, que o governo Trump conceda isenções para produtos essenciais que não podem ser produzidos em território americano. A secretária do Departamento de Agricultura, Brooke Rollins, indicou no fim de junho que isenções estão sendo avaliadas — incluindo o café.
Para o setor, a preocupação é clara. “Toda empresa está sempre tentando aumentar a eficiência, ajustar suas operações ou encontrar uma forma de minimizar as pressões inflacionárias, mas uma tarifa de 50% sobre uma commodity que fundamentalmente não está disponível nos EUA — você realmente não pode fazer muita coisa com isso”, afirmou Tom Madrecki, vice-presidente da cadeia de suprimentos da Consumer Brands Association.