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Super Quarta: o que esperar de Copom e Fomc?

Super Quarta: o que esperar de Copom e Fomc?

Nesta quarta-feira (7), mercados globais voltam suas atenções para a aguardada “Super Quarta“, dia em que os bancos centrais de Brasil e Estados Unidos anunciam suas decisões sobre as taxas de juros. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 50 pontos-base, levando-a para 14,75% ao ano. Nos Estados Unidos, a expectativa predominante é de manutenção dos juros na faixa de 4,25% a 4,50% pelo Fomc, em meio a um ambiente de incertezas externas e dados econômicos mais resilientes do que o esperado.

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o cenário econômico permanece marcado por forte instabilidade, tanto no plano doméstico quanto internacional. Ele destaca que a guerra comercial em curso, agravada pela decisão recente do governo dos EUA de adiar por 90 dias a imposição de tarifas sobre importações, tem influenciado negativamente os investimentos e a expansão da capacidade produtiva. “Essa indefinição global já está afetando o desempenho econômico de diversos países”, avalia Kautz.

Em relação ao Brasil, Kautz alerta para uma combinação preocupante: inflação ainda resistente e desaceleração do crescimento. Segundo ele, a ata mais recente do Copom veio com tom duro, reforçando a percepção de que as pressões inflacionárias continuam relevantes.

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“Apesar de sinais de moderação na atividade econômica, os juros e a inflação ainda estão elevados. O Banco Central pode precisar manter a Selic em um nível alto por mais tempo”, diz.

Kautz acredita que ainda há espaço para pelo menos duas elevações adicionais de 50 pontos-base na Selic, com uma taxa terminal projetada em 15,25%. Segundo ele, mesmo que o Copom venha a desacelerar o ritmo das altas, o foco principal seguirá sendo o combate à inflação persistente.

Pré-Copom BTG: 70% veem alta de 50 pontos-base

A pesquisa Pré-Copom divulgada pelo BTG Pactual reforça essa percepção. Segundo o levantamento, cerca de 70% dos agentes de mercado consultados apostam em uma alta de 50 pontos-base nesta reunião de maio, enquanto os demais (aproximadamente 30%) esperam uma elevação mais branda, de 25 pontos-base. Para junho, o mercado já se mostra dividido: 40% preveem estabilidade. Em julho e setembro, a expectativa de manutenção da taxa se amplia para cerca de 90%.

Sobre a comunicação da decisão, a maioria dos participantes da pesquisa acredita que o Copom adotará um tom neutro, sem sinalizações explícitas sobre o rumo da política monetária nas próximas reuniões. No entanto, há também um grupo que espera menções a ajustes residuais ou até uma possível redução no ritmo de aperto, caso o cenário inflacionário permita.

Em relação ao fim do ciclo de alta, o BTG aponta que a maioria (72%) dos participantes projeta a Selic entre 14,50% e 15% ao fim de 2025. A expectativa de cortes de juros ainda este ano é considerada baixa ou muito baixa por cerca de 60% dos entrevistados.

Já no exterior, o Federal Reserve deve manter seus juros inalterados nesta Super Quarta, diante das incertezas econômicas ligadas à guerra comercial e de dados de emprego (payroll) acima das expectativas. Apesar da estabilidade esperada agora, 42% dos agentes ouvidos pelo BTG veem a taxa Fed Funds encerrando o ano entre 3,25% e 3,75%, o que implicaria em cortes futuros nos EUA — movimento que ainda encontra resistência no Brasil.

Focus: esta pode ser a última alta do ciclo

O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (5) mostrou um leve ajuste para baixo na projeção da Selic ao fim de 2025, passando de 15,00% para 14,75%. A revisão ocorre justamente na semana da decisão de juros, reforçando a expectativa de que o Copom possa estar se aproximando do fim do ciclo de aperto.

Apesar disso, o mercado ainda busca pistas no comunicado oficial: será essa a taxa terminal ou apenas mais uma etapa? Para os anos seguintes, o Focus não trouxe mudanças relevantes: a taxa Selic permanece projetada em 12,50% em 2026 e 10,50% em 2027.