O setor de serviços cresceu 0,2% em abril de 2025 na comparação com o mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE. Com esse resultado, já são três meses consecutivos de crescimento, o que representa um ganho acumulado de 1,5% no período. O avanço, embora modesto, mostra resiliência em meio a oscilações em outros segmentos da economia.
Na comparação com abril de 2024, o volume de serviços teve expansão de 1,8%, marcando a 13ª taxa positiva consecutiva nessa base anual. Esse desempenho reforça a consistência do setor ao longo do tempo, sustentado por uma demanda que vem se ajustando às novas dinâmicas de consumo e mobilidade pós-pandemia.
Transportes impulsionam o desempenho geral
A atividade de transportes foi o único componente do setor que cresceu em abril, com alta de 0,5%. Dentro dessa categoria, o destaque ficou por conta do transporte de passageiros, que subiu 1,8% no mês. Esse segmento tem se beneficiado do aumento da mobilidade urbana e do turismo, além de um movimento de recuperação estrutural iniciado ainda em 2023.
Já o transporte de cargas teve recuo de 0,3%, após dois meses consecutivos de crescimento. Apesar da queda, o segmento se mantém 34,8% acima do patamar pré-pandemia. Segundo o IBGE, o dinamismo no transporte de insumos agrícolas, puxado por uma safra mais robusta, tem ajudado a sustentar esse nível elevado. Ainda assim, oscilações pontuais podem ocorrer com base na sazonalidade do setor e nos custos logísticos.
Outros segmentos mostram retração e alertam para instabilidades
Enquanto os transportes avançaram, outros grupos do setor de serviços apresentaram queda em abril. Os “outros serviços” recuaram 2,3%, acumulando perda de 2,6% em dois meses. Essa categoria inclui atividades diversas, como serviços de manutenção, corretagem e apoio a negócios, que geralmente refletem oscilações mais sensíveis do mercado.
Também apresentaram desempenho negativo os serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,5%), informação e comunicação (-0,2%) e serviços prestados às famílias (-0,1%). Esses recuos eliminaram pequenas frações dos ganhos obtidos em meses anteriores e indicam que a recuperação não está sendo homogênea. Ainda que o saldo geral seja positivo, o setor segue dependente do desempenho de poucos segmentos, o que pode representar um risco para sua estabilidade a médio prazo.
Turismo ganha força e ultrapassa níveis pré-pandemia
O setor de atividades turísticas teve um bom desempenho em abril, com crescimento de 3,2% frente ao mês anterior. A alta foi impulsionada principalmente pelo aumento na demanda por transporte aéreo e rodoviário de passageiros. Com isso, o turismo se mantém 13,2% acima do patamar de fevereiro de 2020, antes da pandemia, e apenas 0,5% abaixo de seu recorde histórico, alcançado em dezembro de 2024.
O bom momento do turismo também foi observado na comparação anual: frente a abril de 2024, o setor avançou 9,3%, sustentado pelo aumento na receita de empresas de transporte aéreo, hotéis e serviços de reservas. Quinze das 17 unidades da federação analisadas apresentaram alta, com destaque para São Paulo (10,1%) e Rio de Janeiro (20,7%). O crescimento do turismo reforça sua importância como vetor de dinamismo econômico regional e gerador de emprego.
Panorama regional mostra crescimento disseminado, mas desigual
Em termos regionais, 18 das 27 unidades da federação apresentaram alta no volume de serviços em abril, na comparação com março. São Paulo teve o maior impacto positivo, com avanço de 0,8%, seguido por Pernambuco (5,3%) e Mato Grosso (2,8%). Esse resultado mostra que, apesar da leveza do crescimento nacional, há movimentos importantes ocorrendo em estados com forte influência na economia brasileira.
Por outro lado, sete estados apresentaram retração, com destaque negativo para Rio de Janeiro (-3,2%), Bahia (-2,4%) e Goiás (-3,2%). As quedas nessas regiões indicam que fatores locais — como desaceleração em setores específicos ou sazonalidades — ainda influenciam fortemente os resultados. A desigualdade no crescimento regional reforça a necessidade de políticas mais direcionadas para estimular setores estratégicos em estados que enfrentam maior dificuldade.
Acumulado do ano e ritmo anual mostram tendências distintas
No acumulado do primeiro quadrimestre de 2025, o volume de serviços cresceu 2,2% em comparação ao mesmo período de 2024. Esse desempenho reflete a recuperação progressiva iniciada no fim de 2023, apoiada principalmente no setor de transportes e nas atividades turísticas. A consistência do crescimento nos primeiros meses do ano é um bom sinal para o restante de 2025.
Por outro lado, o acumulado dos últimos 12 meses cresceu 2,7% até abril, abaixo dos 3,1% registrados até março. Isso aponta para uma leve desaceleração no ritmo de crescimento anual. Embora não represente uma inversão de tendência, o dado sugere que o setor pode estar entrando em uma fase de estabilização após um período de recuperação mais acelerada.