O setor de serviços do Brasil registrou avanço de 0,3% em março, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o segundo mês consecutivo de alta — em fevereiro, o setor já havia crescido 0,9% (ajustado de 0,8% divulgado anteriormente), acumulando um ganho de 1,2% nesse bimestre. Com isso, os serviços operam apenas 0,5% abaixo do nível recorde da série histórica, atingido em outubro de 2024.
Na comparação com março de 2024, o volume de serviços subiu 1,9%, marcando o 12º resultado positivo consecutivo nesta base de comparação. Já o acumulado do primeiro trimestre de 2025 apresenta alta de 2,4% frente ao mesmo período do ano anterior, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses cresceu 3,0%, acelerando o ritmo em relação aos dois meses anteriores (2,8%).
Para Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o resultado reflete a resiliência do setor.
“O setor vem se sustentando muito próximo do seu nível recorde. As flutuações são naturais, e os recuos pontuais não indicam reversão de tendência. Ao contrário, o setor mantém-se num patamar elevado”, afirmou.
Setor de serviços: transporte lidera entre os setores
Entre os segmentos analisados, o destaque de março foi o setor de transportes, que cresceu 1,7% no mês — segundo resultado positivo consecutivo — acumulando avanço de 2,2%. A alta foi puxada por atividades ligadas a concessionárias de rodovias, logística, gestão portuária, armazenamento de mercadorias e serviços postais, grupo que registrou aumento de 4,8%.
Além disso, o transporte de passageiros subiu 2,0%, enquanto o de cargas cresceu 0,6% no mês. O transporte de passageiros está 1,8% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), enquanto o de cargas está 35,6% acima desse patamar, embora ainda 6,6% abaixo do pico registrado em julho de 2023.
Outros setores também tiveram desempenho positivo em março: os serviços profissionais, administrativos e complementares avançaram 0,6%, e os serviços prestados às famílias cresceram 1,5%, ambos acumulando dois meses de crescimento.
Resultados regionais: maior impacto vem do Rio
O crescimento foi observado em 14 das 27 unidades da federação. O maior impacto positivo veio do Rio de Janeiro, com alta de 2,3%, seguido por Goiás (3,1%), Bahia (1,5%) e Paraná (1,2%).
No caso do Rio de Janeiro, o crescimento foi impulsionado pelo transporte dutoviário de petróleo, atividades de alojamento e alimentação — que se beneficiaram do Carnaval — e o setor cultural, como espetáculos teatrais e musicais. A receita da empresa promotora do festival Lollapalooza, mesmo realizado em São Paulo, também foi contabilizada no estado, por ter sede no Rio.
Por outro lado, os principais recuos vieram de Mato Grosso (-9,2%), Pernambuco (-2,7%), Amazonas (-2,8%), Rio Grande do Sul (-0,9%) e São Paulo (-0,2%).
Comparativo anual aponta liderança da informação e comunicação
Na comparação com março de 2024, o crescimento de 1,9% foi sustentado por quatro das cinco atividades pesquisadas, com destaque para o setor de informação e comunicação, que avançou 4,6%. O desempenho foi puxado por serviços de internet, desenvolvimento e licenciamento de software, hospedagem e consultoria em TI.
Regionalmente, o avanço foi registrado em 22 unidades da federação. Os destaques foram São Paulo (2,0%), Distrito Federal (14,3%), Santa Catarina (5,4%), Mato Grosso (8,6%) e Goiás (7,7%). Já as principais quedas ocorreram no Rio Grande do Sul (-9,6%), Pernambuco (-4,7%) e Minas Gerais (-0,9%).
Atividades turísticas oscilam, mas mantêm desempenho anual positivo
O índice de atividades turísticas recuou 0,2% em março, após alta de 2,7% em fevereiro. Mesmo assim, o segmento se mantém 9,2% acima do nível pré-pandemia e 3,9% abaixo do recorde histórico, registrado em dezembro de 2024.
A retração foi puxada por Espírito Santo (-7,6%), Paraná (-2,8%) e Rio Grande do Sul (-2,2%). Em contrapartida, o Rio de Janeiro teve o maior avanço (3,2%), seguido por Distrito Federal (4,8%), Minas Gerais (1,0%) e São Paulo (0,5%).
Na comparação com março de 2024, as atividades turísticas cresceram 5,8%, impulsionadas principalmente pelos segmentos de transporte aéreo, hospedagem, reservas e restaurantes. Quatorze das 17 unidades da federação com dados disponíveis apresentaram alta, com destaque para Rio de Janeiro (17,0%), Ceará (14,7%) e Bahia (14,4%).
O que é a pesquisa mensal do setor de serviços
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) acompanha o desempenho conjuntural do setor no país e investiga empresas com 20 ou mais empregados que atuam com serviços não financeiros. Os dados divulgados hoje fazem parte da 21ª edição da nova série da pesquisa, atualizada recentemente. A próxima divulgação, com os dados de abril de 2025, está prevista para 13 de junho.