Questionado sobre a possibilidade do governo de transição apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê R$ 175 bilhões fora do teto gastos, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos, destacou que é importante equacionar as questões sociais com equilíbrio fiscal. A declaração foi concedida, nesta quarta-feira (23), durante um evento da BlackRock em São Paulo.
“Não posso especular o que será o novo arcabouço fiscal, mas a taxa longa está super sensível à trajetória da dívida. Então, o Brasil precisa mostrar equilíbrio nas contas”, avalia Campos Neto. Diante disso, o dirigente aponta que a independência do BC será testada agora com o novo governo.
“Acredito que a coordenação fiscal monetária é muito mais fácil na hora de expandir e mais difícil na hora de contrair”, afirma.
“Testes de estresse no sistema financeiro mostram bastante tranquilidade. Já no mercado de trabalho temos sido surpreendidos pelos números, mas acreditamos que as surpresa positiva vai parar. As pessoas físicas estão ficando um pouco mais endividadas”, alerta Campos Neto.
Mas antes de apresentar a sua preocupação sobre a situação fiscal do Brasil, o dirigente do BC relatou que o Brasil gastou menos que a média dos países durante a pandemia de covid-19, além de não ter feito uma intervenção nos preços. Ainda que a inflação tenha crescido de forma intensa no final de 2021 e início de 2022, Campos interpreta que o “pior em termos de taxa terminal projetada já passou”. Ele ainda elogiou o país ao fazer reformas durante a pandemia.
Embora tenha reforçado que o arcabouço fiscal tem um limite e apresentou o exemplo do Reino Unido de como as coisas não devem ser feitas.
Apesar disso, Campos Neto comentou que grande parte dos países do mundo já promoveram um aperto na política monetária. Ele declarou que o Brasil se antecipou a esta estratégia e de certa forma essa é uma “história boa para contar terminando em 2022”.
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