Nos últimos 20 anos, a Casa Rosada foi ocupada por quatro presidentes argentinos diferentes. Embora cada um tenha as suas peculiaridades, todos compartilhando uma marca comum: deixaram o cargo com uma inflação maior do que a registrada no início de seus mandatos.
A inflação tem sido um problema persistente para os argentinos desde o final da 2ª Guerra Mundial. Inclusive, o icônico presidente Juan Domingo Perón, fundador do peronismo, já enfrentava esse desafio no pós-guerra, com a inflação anual chegando a quase 40%.
Na década de 1950, a inflação chegou a subir 100% em um único ano. No entanto, esse índice parece uma brincadeira de criança ao ser comparado com a hiperinflação de 3.079% registrada em 1989, quando o país esgotou suas reservas em dólares.
Nestor Kirchner

Após esse período turbulento, a inflação ressurgiu durante o mandato de Nestor Kirchner. Ele assumiu a presidência em 2003 com uma inflação anual de 3,7%. Quando deixou o cargo em 2007, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) já havia escalado para 8,5%.
O aumento dos preços na era Kirchner foi impulsionado pelo excesso de gastos do governo em relação à arrecadação.
Cristina Kirchner

Com a ascensão de Cristina Fernández de Kirchner, esposa do ex-presidente Kirchner, à presidência, os gastos públicos continuaram e a inflação voltou a crescer. Cristina Kirchner assumiu com uma inflação anual de 8,5% e logo viu esse número atingir dois dígitos em 2010.
Durante esse período, a credibilidade do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) foi duramente questionada. Economistas acusaram o órgão de manipular os números da inflação a favor do governo. Com ou sem manipulação, Cristina Kirchner deixou o governo com uma inflação anual de 26,9%, de acordo com os dados oficiais.
Maurício Macri

Em seguida, Maurício Macri, o primeiro presidente de centro-direita desse período, assumiu a Casa Rosada com uma agenda reformista e ideias liberais para ajustar a economia argentina.
No entanto, mesmo com um plano de governo voltado para reformas, as medidas não conseguiram conter a inflação. Macri encerrou seu mandato com uma inflação anual de 53,8%.
Alberto Fernández

Em 2019, a esquerda voltou à presidência com Alberto Fernández. No entanto, a volta do governo peronista não alterou o curso do problema econômico. O déficit fiscal continuou e a inflação acelerou.
Atualmente, o IPC acumula uma alta de 142,7% nos 12 meses encerrados em outubro.
Eleições argentinas
Nessa reta final do governo Fernández, o ministro da Economia é Sergio Massa, candidato que concorre no segundo turno e continua no cargo. Aos eleitores, ele promete que, se eleito, fará tudo diferente na presidência.
No entanto, o favorito para vencer as eleições é o ultraliberal Javier Milei. O economista promete acabar com o Banco Central e dolarizar a economia, com o objetivo de erradicar a inflação argentina.