O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que o banco central dos Estados Unidos tomará medidas caso a inflação no país aumente. A declaração foi dada após ele ser questionado sobre a ameaça de tarifas do presidente Donald Trump, durante um discurso na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos nesta quarta-feira (12).
“As pessoas podem ficar confiantes de que continuaremos trabalhando e tomaremos nossas decisões com base no que está acontecendo na economia”, destacou o presidente do Fed.
Ele também reforçou que “se a inflação subir, em geral, com certeza utilizaremos nossas ferramentas, que são as taxas de juros, para trazê-la de volta à meta de 2% ao longo do tempo”, ao ser questionado sobre o possível impacto das tarifas na inflação.
Powell renunciaria se Trump pedisse?
O presidente do Federal Reserve deixou claro durante a sabatina que não, ele não renunciaria caso isso acontecesse.
Após a última reunião do FOMC, que é o comitê de política monetária dos Estados Unidos, ligado ao Fed, em que foi decidida a manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, Trump fez duras críticas a Powell e ao próprio banco central norte-americano. Ele os acusou de não conseguirem controlar a inflação e de realizarem um “trabalho terrível na regulamentação bancária”.
Trump, que indicou Powell para o cargo durante seu primeiro mandato, posteriormente expressou insatisfação com a atuação do presidente do Fed, questionando a independência tradicional da autoridade monetária dos EUA e sugerindo que o presidente deveria ter mais poder sobre as decisões relativas às taxas de juros.
“Eles não conseguiram impedir o problema que criaram com a inflação”, afirmou Trump, referindo-se ao aumento persistente dos preços durante a gestão de Joe Biden.
Dados do CPI
Powell também comentou que houve avanços no combate à inflação, mas os dados divulgados nesta quarta-feira (12) sobre o CPI indicam que “ainda não chegamos lá”.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos registrou uma alta de 0,5% em janeiro, na comparação com dezembro, conforme os dados ajustados sazonalmente apresentados pelo Departamento do Trabalho dos EUA. Em termos anuais, a variação foi de 3%.
Esse resultado ficou acima das previsões, já que o consenso dos analistas da LSEG apontava um aumento de 0,3% na comparação mensal. Para a inflação anual, a expectativa era de 2,9%.
Em resposta a esses números, Powell afirmou que o Federal Reserve deseja manter a política monetária mais rígida por enquanto.
“Eu diria que estamos quase lá, mas ainda não chegamos, e os dados de inflação de hoje refletem exatamente isso. Avançamos bem em direção aos 2%, mas ainda não atingimos essa meta, por isso queremos seguir com a política restritiva por enquanto”, declarou.
Powell repete que não há pressa em cortar juros
O dirigente também havia afirmado nesta terça-feira (11), durante seu discurso semestral no Senado, que “não precisamos ter pressa” para realizar ajustes nas taxas de juros.
No evento, Powell explicou que “com a política monetária atualmente menos restritiva do que no passado e com a economia ainda robusta, não vemos a necessidade de apressar qualquer mudança em nossa postura”, declarou em seu depoimento preparado ao Comitê Bancário do Senado.