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Powell evita sinalizar novos cortes de juros

Powell evita sinalizar novos cortes de juros

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta terça-feira (23) que o banco central norte-americano enfrenta um dilema delicado na condução da política monetária, dividido entre o risco de inflação persistente e sinais de fragilidade no mercado de trabalho.

Em discurso preparado para a Câmara de Comércio de Greater Providence, em Rhode Island, Powell disse que o Fed está em uma “situação desafiadora”, marcada por riscos de alta para a inflação e de baixa para o emprego. A declaração ocorre uma semana após o banco central reduzir sua taxa básica em 25 pontos-base, para o intervalo de 4% a 4,25%.

“O risco de curto prazo para a inflação está inclinado para cima e o risco para o emprego, para baixo — uma situação desafiadora”, afirmou. Segundo ele, não há um “caminho livre de risco” e o Fed precisa calibrar cuidadosamente os próximos passos.

Powell: Debate interno no Fed

Powell evitou dar sinais sobre o calendário de novos cortes de juros, ressaltando que a decisão dependerá dos dados econômicos.

A posição reflete divisões dentro do próprio banco central: enquanto presidentes de Feds regionais pedem cautela diante da inflação, alguns diretores consideram que a política está excessivamente restritiva e defendem cortes mais rápidos para proteger o mercado de trabalho.

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Atualmente, investidores esperam reduções adicionais de 25 pontos-base em outubro e dezembro. Powell, no entanto, reforçou que “a política monetária não segue um curso predefinido”.

Tarifas terão impacto passageiro

O presidente do Fed reconheceu que a criação de empregos arrefeceu, com média de apenas 25 mil novas vagas nos últimos três meses — abaixo do nível necessário para manter a taxa de desemprego estável. Outros indicadores, porém, permanecem relativamente sólidos.

Do lado da inflação, Powell destacou que as tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump devem pressionar os preços até o início de 2026. Ainda assim, classificou o impacto como “pontual e passageiro”, prevendo que até o fim desse período o repasse inflacionário das tarifas às prateleiras deve estar concluído.

“O trabalho do Fed é garantir que esse aumento temporário de preços não se transforme em um processo inflacionário contínuo”, afirmou.

Pressão política e sucessão

O Fed tem sido alvo de pressões da Casa Branca, que cobra cortes mais agressivos nos juros. O governo Trump chegou a questionar programas emergenciais usados durante crises passadas e tenta remover a diretora Lisa Cook, em processo que aguarda decisão da Suprema Corte.

Powell, cujo mandato termina em maio, aproveitou o discurso para defender a atuação da instituição em momentos críticos.

“Essas duas crises mundiais históricas consecutivas deixaram cicatrizes que nos acompanharão por muito tempo”, disse, em referência à pandemia e à crise financeira de 2007-2009.

Apesar dos desafios, ele ressaltou que a economia americana teve desempenho igual ou superior ao de outras grandes economias avançadas.

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