A Moody’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, rebaixou a perspectiva de crédito da China de estável para negativa. O anúncio foi feito nesta terça-feira (05) e destacou os crescentes riscos de um crescimento econômico persistentemente mais baixo no médio prazo e a crise no setor imobiliário.
Em seu comunicado, a Moody’s afirmou que o rebaixamento reflete a crescente evidência de que as autoridades chinesas terão que fornecer mais suporte financeiro para governos locais e empresas estatais endividadas, representando riscos amplos para a força fiscal, econômica e institucional da China.
Embora a Moody’s tenha reafirmado a classificação A1 de longo prazo em moeda local e estrangeira da China, ela espera que o crescimento anual do PIB chinês desacelere para 4,0% em 2024 e 2025, com uma média de 3,8% de 2026 a 2030. A agência também afirmou que fatores estruturais, incluindo demografia fraca, impulsionarão uma queda para 3,5% até 2030.
A decisão da Moody’s foi a primeira mudança em sua avaliação da China desde 2017, quando reduziu sua classificação para A1, citando expectativas de desaceleração do crescimento e aumento da dívida.
“A mudança de perspectiva também reflete os riscos aumentados relacionados ao crescimento econômico de médio prazo estruturalmente e persistentemente mais baixo, e à contínua redução do setor imobiliário”, afirmou a Moody’s em um comunicado.
Reações do mercado
O índice de referência da China, o Shanghai Composite (SSEC), caiu 1,67% na terça-feira, negociando abaixo do importante nível de 3.000 pontos. Já o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, recuou 1,9%, levando-o ao nível mais baixo desde fevereiro de 2019. O índice de Hong Kong, o Hang Seng, teve baixa de 1,91%.
Além dos chineses, outros índices também sentiram o impacto do anúncio da Moody’s. O índice Nikkei, de Tóquio, registrou uma queda de 1,37%, enquanto o KOSPI, de Seul, teve uma desvalorização de 0,82%. Os índices de Taiwan (TAIEX), Cingapura (STRAITS TIMES) e Sydney (S&P/ASX 200), também apresentaram declínios, variando de 0,22% a 0,89%.
Analistas destacam que, apesar da perspectiva negativa, a classificação A1 ainda está dentro da categoria de grau de investimento, tornando improvável um desinvestimento forçado por parte de fundos globais. As outras duas principais agências de rating, Fitch e Standard & Poor’s, mantêm classificações A+ para a China – ambas com perspectiva estável.
O que diz a China
O Ministério das Finanças da China expressou desapontamento com a decisão da Moody’s, refutando as preocupações sobre as perspectivas de crescimento econômico e sustentabilidade fiscal do país.
“As preocupações da Moody’s sobre as perspectivas de crescimento econômico e sustentabilidade fiscal da China são desnecessárias”, afirmou o Ministério em um comunicado na terça-feira.
“Desde o início deste ano, diante da situação internacional complexa e severa, e em meio à recuperação econômica global instável e ao enfraquecimento do momentum, a macroeconomia da China continuou a se recuperar, e o desenvolvimento de alta qualidade avançou de forma constante”, acrescentou.
Alegando que a economia continuará se recuperando e mantendo uma tendência positiva, o ministério também assegurou que os riscos relacionados ao setor imobiliário e aos governos locais são controláveis.
O rebaixamento da Moody’s antecede a Conferência Econômica Central anual, prevista para meados de dezembro, onde se espera que os conselheiros governamentais defendam uma meta de crescimento estável para 2024 e mais estímulos.