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Montadoras enviam carta a Lula contra medida pró-China

Montadoras enviam carta a Lula contra medida pró-China

Montadoras enviam carta a Lula com um alerta claro: se o governo seguir com a medida pró-China que favorece a importação de carros por meio do sistema SKD, milhares de empregos estarão em risco. O documento, assinado pelos presidentes da Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis, critica duramente a proposta que permitiria a entrada de veículos parcialmente desmontados, com isenções fiscais, produzidos inteiramente no exterior.

Essa estratégia, segundo as montadoras, abre espaço para que fabricantes estrangeiras, especialmente as chinesas, atuem no Brasil sem gerar contrapartidas reais em termos de emprego, tributação ou desenvolvimento da cadeia produtiva. O sistema SKD praticamente elimina a participação de fornecedores nacionais, fragilizando a indústria local.

Risco real de demissões e corte de investimentos

As quatro montadoras alertam que, caso o incentivo à importação seja aprovado, haverá impacto direto sobre os investimentos anunciados para o Brasil. Dos R$ 180 bilhões prometidos para os próximos cinco anos, pelo menos R$ 60 bilhões seriam cortados. A estimativa também é de que 5.000 empregados possam ser demitidos imediatamente, e que 10.000 novas contratações sejam canceladas.

Esse corte também comprometeria a expansão da produção de veículos no país, afetando planos de inovação e modernização das fábricas. As montadoras reforçam que o apoio à indústria nacional depende de previsibilidade e ambiente competitivo justo.

Efeito dominó na cadeia produtiva

A preocupação vai além das montadoras. Para cada trabalhador dispensado em uma montadora, outros 10 postos de trabalho podem desaparecer entre fornecedores e parceiros da indústria. O impacto total pode chegar a 50.000 empregos perdidos. Segundo o documento: “Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra”.

Esse efeito cascata atinge pequenas e médias empresas que atuam como sistemistas e fabricantes de componentes. Com menos demanda, essas empresas veriam seus contratos suspensos e a necessidade de demitir em massa.

Indústria de autopeças também reage

A medida pró-China não preocupa apenas as montadoras. A Abipeças e o Sindipeças também enviaram carta ao governo Lula protestando contra a redução de impostos sobre a importação de kits SKD e CKD. Para as entidades, trata-se de uma “renúncia fiscal injustificada” e de uma “concorrência inusitada” contra os veículos produzidos no Brasil.

As associações alertam que a medida pode obrigar o setor de autopeças a rever seus investimentos, gerando perdas também em tecnologia e capacidade de produção. Segundo elas, favorecer produtos estrangeiros que chegam prontos, sem agregar valor no país, mina a competitividade da indústria brasileira.

Silêncio do Planalto aumenta tensão

Apesar da gravidade das advertências, o Palácio do Planalto ainda não respondeu à carta enviada em 15 de junho. Além de Lula, a correspondência foi encaminhada a Rui Costa, ministro da Casa Civil, e a Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria e do Comércio. A falta de resposta tem aumentado a incerteza dentro do setor.

A demora do governo em sinalizar uma posição tem sido interpretada como um possível endosso à proposta, o que está gerando desconforto entre os executivos da indústria. Fontes do setor afirmam que o clima é de urgência e que a indefinição pode comprometer o ambiente de negócios no país.

Decisão iminente no governo

O Gecex-Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), composto por representantes de 11 ministérios, deve deliberar sobre o assunto em reunião marcada para esta quarta-feira (30). Entre os pleitos está a solicitação da montadora chinesa BYD para reduzir as alíquotas de importação de kits SKD (de 18% para 5% no caso de elétricos) e CKD (de 20% para 10% para os híbridos).

O pedido da BYD foi feito em fevereiro e pode ser atendido nesta reunião. A medida é vista como uma manobra que favorece diretamente o projeto da montadora chinesa na Bahia, estado de origem do ministro Rui Costa. Esse fator político também tem gerado desconforto entre os concorrentes.

Política industrial em xeque

O ponto central da crítica é que uma medida pró-China nesse formato ignora a produção nacional e desestimula a geração de emprego no Brasil. As montadoras pedem que a política industrial privilegie a fabricação local, “vetando privilégios para a importação de veículos desmontados ou produzidos no exterior com subsídios”.

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