O governo brasileiro estuda alternativas para reagir ao novo pacote tarifário anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. De acordo com a CNN, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia solicitar a redução das tarifas impostas de 50% para 30%, além de propor cotas de exportação para itens como café e laranja.
Outra possibilidade em discussão seria pedir o adiamento da entrada em vigor das novas tarifas de Trump — prevista para 1º de agosto — por um período de 60 a 90 dias.
Segundo a coluna de Gustavo Uribe, a ideia é ganhar tempo para ampliar o espaço de negociação e envolver representantes do setor privado brasileiro nas conversas com os Estados Unidos.
A CNN ainda aponta que Lula orientou seus ministros a conduzirem as tratativas com “firmeza” e “sobriedade”. A avaliação do presidente é de que Trump, em sua trajetória como negociador, tende a respeitar apenas interlocutores que demonstrem postura firme diante de suas imposições.
Apesar disso, o Planalto quer evitar qualquer atitude que possa escalar tensões diplomáticas ou gerar desgastes desnecessários. A estratégia é equilibrar uma defesa ativa dos interesses nacionais com uma abordagem pragmática, que reconheça os riscos da taxação para setores-chave da economia.
As possíveis medidas em análise também consideram uma articulação mais próxima entre o governo e empresários brasileiros. Em reunião com ministros no domingo (13), Lula teria sinalizado positivamente à participação do setor privado nas negociações.
Tarifas de 50% sobre o Brasil tem caráter político
O pacote tarifário anunciado por Trump na semana passada coloca um novo ponto de tensão na relação entre Estados Unidos e Brasil. A medida prevê uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto.
O percentual representa um salto expressivo frente à alíquota de 10% imposta em abril, e foi justificado por Trump como resposta a uma suposta relação comercial “desleal”.
No entanto, os motivos vão além do campo econômico. Em carta enviada ao presidente Lula, o presidente norte-americano também atacou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e criticou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump classificou o processo como uma “vergonha internacional” e acusou o STF de promover censura a plataformas digitais dos Estados Unidos, além de minar direitos de liberdade de expressão.
A retórica agressiva trouxe à tona temas sensíveis para o eleitorado conservador norte-americano, com quem Trump mantém forte alinhamento. Além disso, o republicano acusou o Brasil de manter barreiras tarifárias contra produtos americanos e afirmou que a sobretaxa imposta ainda está aquém do necessário para restabelecer equilíbrio nas trocas comerciais.
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