A libertação dos reféns do Hamas foi confirmada nesta segunda-feira (13) pelas autoridades de Israel, encerrando mais de dois anos de um dos capítulos mais dolorosos do conflito no Oriente Médio. Treze pessoas foram entregues ao país nesta manhã, completando o grupo de vinte sobreviventes que estavam sob custódia do grupo palestino desde o ataque de 7 de outubro de 2023. Segundo informações do Exército israelense, todos os libertados recebem atendimento médico especializado antes do reencontro com suas famílias.
O acordo de cessar-fogo que possibilitou essa libertação representa o principal avanço diplomático após negociações intensas mediadas por Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia. O pacto estabelece não apenas a devolução dos reféns israelenses, mas também prevê a soltura de 1.718 palestinos detidos por Israel desde o início do conflito, além de 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua. Esta troca marca um momento crucial nas tratativas de paz na região.
A guerra teve início após o ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023, episódio que resultou em aproximadamente 1.200 mortes e 250 sequestros. A resposta militar israelense ao longo desses dois anos causou devastação significativa em Gaza, com mais de 67 mil mortes registradas pelas autoridades de saúde locais, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave palestino.
Trump acompanha operação e participa de cúpula internacional
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve presente durante toda a operação de resgate dos reféns, demonstrando o envolvimento direto americano neste processo diplomático. Trump chegou ao Parlamento israelense, onde se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e discursou aos membros do Knesset. O líder americano proclamou o “amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”, sinalizando esperanças de transformações profundas na região.
Após os compromissos em Israel, Trump seguiu para o Egito, onde participa de uma cúpula internacional crucial sobre o futuro de Gaza. O encontro, realizado no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, reúne líderes de mais de vinte países para avaliar os próximos passos do plano de vinte pontos elaborado pela administração americana. O objetivo central é garantir uma paz duradoura após dois anos de confrontos devastadores que transformaram completamente a realidade da Faixa de Gaza.
Durante sua agenda, o presidente americano também reservou tempo para se encontrar com familiares dos reféns libertados, demonstrando a dimensão humana por trás das negociações políticas. A participação ativa dos Estados Unidos foi considerada fundamental para viabilizar o acordo que resultou na libertação dos reféns do Hamas.
Reações emocionantes marcam retorno dos reféns
As primeiras imagens dos reféns libertados, divulgadas pelos militares de Israel, revelaram momentos de profunda emoção. As fotografias mostraram seis das pessoas resgatadas de pé, algumas sorrindo e conversando com os soldados que as receberam. Um dos momentos mais simbólicos foi registrado durante o voo de helicóptero que trouxe os reféns de volta: Guy Gilboa-Dalal escreveu em um quadro branco “Eu voltei — o povo de Israel vive”, imagem que rapidamente circulou na televisão israelense.
Na “Praça dos Reféns” em Tel Aviv, milhares de pessoas aguardavam ansiosamente a confirmação da libertação. Quando a notícia oficial foi anunciada, a praça explodiu em aplausos, abraços e lágrimas de alívio. Viki Cohen, mãe do refém Nimrod Cohen, expressou sua felicidade enquanto viajava para o campo militar de Reim: “Estou muito animada. Estou cheia de felicidade. É difícil imaginar como estou me sentindo neste momento. Não dormi a noite toda”.
Em Gaza, a cena também foi de preparação para receber os prisioneiros palestinos que retornariam. Cerca de uma dezena de homens armados mascarados, aparentemente membros do braço armado do Hamas, chegaram ao Hospital Nasser, onde um palco e cadeiras foram preparados. Emad Abu Joudat, palestino de 57 anos e pai de seis filhos, acompanhou os preparativos pelo telefone: “Espero que essas imagens possam ser o fim dessa guerra. Perdemos amigos e parentes, perdemos nossas casas e nossa cidade”.
Ajuda humanitária e desafios para o futuro
A primeira fase do acordo estabelece medidas humanitárias urgentes para a população de Gaza. Centenas de caminhões carregados com alimentos, combustível e medicamentos devem entrar diariamente no enclave palestino, sob supervisão das autoridades israelenses. Agências humanitárias internacionais destacam que essa operação é essencial para combater a fome generalizada e atender aos milhões de palestinos deslocados após dois anos de combates intensos que destruíram grande parte da infraestrutura local.
Apesar do avanço diplomático significativo representado pela libertação dos reféns, as negociações sobre o futuro político de Gaza permanecem indefinidas e repletas de obstáculos. Israel mantém sua exigência pelo desarmamento completo do Hamas como condição para qualquer solução duradoura. Por outro lado, o grupo palestino reivindica a retirada total das tropas israelenses do território e defende o estabelecimento de uma nova administração civil para governar o enclave.
Os próximos passos dependem do sucesso das negociações na cúpula internacional no Egito e da capacidade das partes envolvidas de superar diferenças profundas que vão além do conflito imediato em Gaza. A comunidade internacional observa atentamente se este momento pode representar uma virada genuína rumo à paz ou se será apenas um intervalo temporário em um conflito que já dura décadas no Oriente Médio.
Leia também: