O IPCA de outubro sobe 0,09%, o índice mostra uma desaceleração significativa em relação à taxa de 0,48% registrada em setembro, segundo dados divulgados pelo IBGE. O dado ficou abaixo do esperado de 0,16%.
No acumulado do ano, o índice soma alta de 3,73%, e nos últimos 12 meses, a variação é de 4,68%, abaixo dos 5,17% observados no período anterior, o consenso era de 4,75%. Esse comportamento indica uma inflação sob controle, com forte influência da queda nas tarifas de energia elétrica.

A principal contribuição negativa veio do grupo Habitação, que caiu 0,30%. O subitem energia elétrica residencial recuou 2,39%, impactando o IPCA em -0,10 ponto percentual. A mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para a vermelha patamar 1 reduziu a cobrança extra na conta de luz, o que ajudou a aliviar os custos das famílias em outubro.
Grupos com queda e avanço equilibrado entre setores
Dos nove grupos pesquisados, três registraram variação negativa: Artigos de residência (-0,34%), Habitação (-0,30%) e Comunicação (-0,16%). Entre as altas, destaque para Vestuário (0,51%),Saúde e cuidados pessoais (0,41%) e Despesas pessoais (0,45%).
O grupo Vestuário apresentou o maior avanço mensal, impulsionado pelo aumento nos preços de calçados e acessórios (0,89%) e roupas femininas (0,56%). Já em Saúde e cuidados pessoais, a alta foi puxada pelos artigos de higiene (0,57%) e planos de saúde (0,50%), resultando no maior impacto positivo do mês, com 0,06 ponto percentual.
Nos Transportes, a variação foi de 0,11%, influenciada principalmente pelas passagens aéreas (4,48%) e pelos combustíveis (0,32%). A gasolina subiu 0,29%, enquanto o óleo diesel teve queda de 0,46%.
Alimentação mostra estabilidade após meses de oscilação
O grupo Alimentação e bebidas registrou leve alta de 0,01% em outubro, após queda de 0,26% em setembro. A alimentação no domicílio caiu 0,16%, refletindo reduções nos preços do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). Por outro lado, produtos como batata-inglesa (8,56%) e óleo de soja (4,64%) apresentaram elevação.
A alimentação fora do domicílio acelerou de 0,11% para 0,46%, com aumentos em lanches (0,75%) e refeições (0,38%). Essa recomposição de preços reflete o repasse de custos de insumos e energia ao consumidor.
Regiões e impacto no bolso das famílias
Entre as regiões pesquisadas, Goiânia teve a maior variação (0,96%), impulsionada pela alta da energia elétrica (6,08%) e da gasolina (4,78%). Já São Luís e Belo Horizonte apresentaram as menores variações (-0,15%), devido à queda de itens essenciais como o arroz e os combustíveis.
Com o resultado de outubro, o IPCA de outubro sobe 0,09% e reforça a tendência de estabilidade inflacionária observada nos últimos meses. O controle dos preços de energia e combustíveis tem sido decisivo para conter a inflação, embora alguns grupos de consumo ainda mostrem variações pontuais.
Para Thalita Silva, economista da EQI Asset, o IPCA de outubro apresentou um resultado bem melhor do que o esperado pela casa. O índice subiu apenas 0,09% na comparação mensal, mostrando uma surpresa positiva na composição.
Segundo ela, o destaque da leitura veio do grupo de bens industriais. “Os principais responsáveis por essa surpresa de baixa foram aparelhos eletrônicos, automóveis novos e também a parte de alimentação, que voltou a cair”, explicou.
Por outro lado, Thalita observou que o grupo de serviços voltou a acelerar. “A gente já vinha comentando nos últimos meses que aquela desaceleração provavelmente era pontual”, afirmou. “Mesmo assim, o resultado geral foi muito bom, com os núcleos de inflação vindo em 0,22%.”
A economista destacou ainda que a média dos núcleos, considerando a média móvel de três meses, chegou a 3,7% em termos anualizados. “Essa melhora vem principalmente dos itens mais ligados ao câmbio”, apontou. “Por isso, daqui pra frente, vai ser cada vez mais importante acompanhar a dinâmica dos serviços, que estão mais relacionados à política monetária.”
Com esse cenário, a EQI Asset mantém uma visão mais benigna para a inflação. “A gente segue com projeção de 4,7% para o IPCA no fechamento deste ano”, concluiu Thalita.
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