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Copom indica juros altos por “tempo bastante prolongado” e reforça cautela com cenário incerto

Copom indica juros altos por “tempo bastante prolongado” e reforça cautela com cenário incerto

Ata da 274ª reunião do colegiado detalha os motivos da decisão anunciada na semana passada

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, e sinalizou que esse patamar elevado deve permanecer por um “período bastante prolongado”. A informação consta na ata da 274ª reunião do colegiado, divulgada nesta terça-feira (11), que detalha os motivos da decisão anunciada na semana passada.

De acordo com o documento, o Copom avalia que o cenário externo segue incerto, especialmente em razão das tensões geopolíticas e da política econômica nos Estados Unidos, o que exige “particular cautela” por parte dos países emergentes.

“O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz a ata.

Ata do Copom reforça cautela: Inflação ainda acima da meta

Apesar de reconhecer algum arrefecimento recente nos índices de preços, o Banco Central afirma que a inflação continua acima da meta e que as expectativas seguem desancoradas — isto é, distantes do centro da meta oficial de 3%.

As projeções do próprio Copom indicam que o IPCA deve fechar 2025 em 4,6% e 2026 em 3,6%, com a inflação convergindo para 3,3% no segundo trimestre de 2027 — ainda levemente acima do objetivo de médio prazo.

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O comitê ressaltou que o processo de convergência será mais lento diante da “resiliência da atividade econômica” e das “pressões no mercado de trabalho”, fatores que mantêm a inflação de serviços em níveis elevados.

Segundo o Copom, há incerteza sobre as negociações comerciais entre Brasil e EUA e também sobre o impacto do aumento da faixa isenta do Imposto de Renda para R$ 5 mil.

Risco fiscal e cautela com políticas públicas

A ata dedica trechos significativos à política fiscal. O Copom reforça que a falta de disciplina nas contas públicas e o aumento de gastos podem elevar a chamada taxa neutra de juros — aquela que não estimula nem freia a economia —, dificultando o trabalho do Banco Central no controle da inflação.

“O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal […] tem o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária”, alertou o texto.

Segundo o colegiado, políticas fiscal e monetária devem atuar de forma harmoniosa e previsível para garantir credibilidade e estabilidade econômica.

Mercado de trabalho forte e crédito em desaceleração

O BC observa que o mercado de trabalho segue dinâmico, o que sustenta parte da demanda e mantém pressão sobre os preços de serviços. Por outro lado, o mercado de crédito mostra desaceleração mais nítida, o que é compatível, segundo o Comitê, com a política monetária contracionista adotada.

A combinação desses fatores — crescimento moderado, inflação resistente e incertezas externas — levou o Copom a decidir pela manutenção da Selic em 15%.

Compromisso com a meta e possível retomada de alta

O colegiado destacou ainda que não hesitará em retomar o ciclo de alta dos juros caso considere necessário. O tom do comunicado reforça que o BC pretende preservar uma política restritiva por mais tempo, até que haja evidências mais firmes de ancoragem das expectativas e desaceleração consistente da inflação.

“O Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado”, afirma o texto, reiterando o compromisso com o mandato de levar a inflação à meta.

Decisão unânime

A decisão foi unânime, com votos favoráveis do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dos demais oito membros do Comitê.

Projeções oficiais do Copom (cenário de referência)

Indicador202520262º tri/2027
IPCA (inflação geral)4,6%3,6%3,3%
IPCA livres4,5%3,6%3,2%
IPCA administrados5,0%3,4%3,5%

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