O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,6% em agosto, após alta de 0,2% em junho e julho. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Departamento do Trabalho norte-americano. Com o resultado, a inflação nos EUA é de 3,7% no acumulado em 12 meses.
O CPI veio dentro das estimativas de analistas do mercado financeiro, que projetavam uma alta de 0,6% na leitura mensal e de 3,6% na base anual.
O núcleo do CPI, que desconsidera as variações mais voláteis, como preços de alimentos e energia, subiu 0,3% no mês e recuou para 4,3% nos últimos 12 meses até agosto. Em julho, a variação acumulada era de 4,7%. Esta é a primeira vez que o núcleo acelera em seis meses.
O consenso do mercado para o núcleo da inflação previa uma variação mensal de 0,2%, e anual de 4,3%. Com isso, o resultado mensal ficou levemente acima das expectativas do mercado.
O núcleo da inflação nos EUA é uma das principais variações acompanhadas pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, em sua decisão de política monetária. O dado fornece indicações mais precisas sobre a variação dos preços no país.

No mês, os preços da gasolina foram os que mais contribuíram para o aumento mensal de todos os itens, respondendo por mais da metade do aumento da inflação nos EUA.
Além disso, a habitação (shelter, em inglês) também impactou o índice, em 0,3%, no 40º mês consecutivo de alta. A inflação de habitação acumula alta de 7,6% em 12 meses.
O índice de alimentos teve alta de 0,2%, mantendo a variação de julho. A alimentação no domicílio subiu 0,2% no mês, enquanto a alimentação fora de casa cresceu 0,3%. Em 12 meses, o acumulado é de 4,3%.
O índice de energia avançou 5,6% em agosto, com o aumento de todos os principais componentes. Em 12 meses, o índice cai 3,6%.
Inflação em linha e política monetária
O principal índice de inflação dos EUA é essencial para definir o tom da próxima reunião de política monetária no país, agendada para a próxima semana. O dado divulgado nesta quarta-feira (13) tem ainda mais peso pela proximidade da decisão.
Em agosto, durante o simpósio anual de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Fed, disse que o banco central está preparado para aumentar ainda mais as taxas de juros, se necessário. O objetivo da autoridade monetária é conduzir a inflação à meta de 2% no ano.
Os contratos futuros indicam uma possibilidade de elevação de juros em 2023 abaixo de 50%, na visão de investidores.
Contudo, apesar dos dados positivos e em linha, para dirigentes da autoridade monetária, o combate ao aumento dos preços ainda não acabou. “Precisamos de mais progresso na inflação de serviços não habitacionais”, disse Powell na ocasião. Segundo o presidente do Fed, dois meses de bons dados são apenas o começo do necessário para construir a confiança no indicador.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o resultado veio com abertura ruim, especialmente no núcleo de Serviços, o que deixa em aberto qual será o próximo passo do banco central americano: se os juros serão mantidos ou aumentados na reunião dos dias 19 e 20 de setembro.
“Nós mantemos o call de que não vai haver nova alta, porém o número de hoje não colaborou com esse cenário”, diz. “De qualquer maneira, o mercado ainda não deu muito peso para o dado, olhando para desaceleração em automóveis e imóveis, relativizando o resultado”, complementa.
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