O IGP-M, índice que baliza a correção de contratos de aluguel e outros reajustes, subiu 0,24% em abril, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A alta foi maior do que o esperado, o mercado projetava uma queda de 0,09% no período.
Em março, o índice havia registrado deflação de 0,34%. Com o resultado de abril, o IGP-M acumula alta de 1,23% em 2025 e um expressivo avanço de 8,50% nos últimos 12 meses.
Esse desempenho reforça uma tendência de recuperação dos preços, principalmente puxada por aumentos pontuais no setor de construção e variações menos negativas nos preços do atacado.
Pressões vieram do atacado e da construção
O principal componente do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% da composição total, teve alta de 0,13% em abril. Embora inferior ao aumento de 0,73% registrado em março, o dado aponta uma desaceleração do ritmo de queda anterior, especialmente nas Matérias-Primas Brutas, cuja variação passou de -1,94% para -0,30%.
Nos Bens Finais, o avanço foi de 0,91%, acima dos 0,61% do mês anterior. O subgrupo que exclui alimentos in natura e combustíveis também acelerou, de 0,04% para 0,77% , evidenciando pressão vinda de produtos industrializados.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou alta de 0,59%, influenciado pelo aumento de 0,91% na mão de obra, principal responsável pela elevação no setor. Os custos com serviços também subiram, de 0,19% para 0,50%.
Inflação ao consumidor desacelera, mas segue pressionando
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação sentida pelas famílias e representa 30% do IGP-M, apresentou variação de 0,46% em abril, inferior à alta de 0,80% em março. A desaceleração foi puxada por quedas em categorias como Transportes (de 0,70% para 0,04%) e Habitação (de 1,73% para 0,47%).
Apesar disso, houve avanço em áreas como Saúde e Cuidados Pessoais, que subiu de 0,60% para 1,09%, refletindo reajustes em planos de saúde e medicamentos. O grupo Educação, Leitura e Recreação também reduziu o ritmo de queda, passando de -1,60% para -0,47%, após fortes oscilações em passagens aéreas no mês anterior.
O que esperar nos próximos meses?
A elevação do IGP-M em abril frustra expectativas de alívio nos custos de aluguel e pode pressionar contratos indexados ao índice. A tendência de alta na mão de obra e a estabilidade dos preços industriais indicam que o indicador pode continuar volátil.
Segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, “a alta de produtos agropecuários e a queda menos acentuada nos industriais contribuíram para a reversão da tendência de março. Além disso, o aumento nos custos da mão de obra segue pressionando o INCC”.
Para o consumidor, a mensagem é clara: mesmo com desaceleração em alguns setores, o cenário de inflação ainda exige cautela, especialmente nos reajustes contratuais que acompanham o IGP-M.