Em meio à alta persistente nos preços dos alimentos, o governo federal avalia a possibilidade de reduzir as tarifas de importação para determinados produtos, com o objetivo de aliviar o impacto da inflação sobre os consumidores, especialmente os mais pobres.
A proposta foi discutida em uma reunião na sexta-feira (24) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversos ministros, incluindo Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
De acordo com Rui Costa, a medida seria focada em produtos da cesta básica que apresentam maiores aumentos de preços no mercado interno e custos menores no exterior. “A orientação do presidente é priorizar o apoio ao produtor com crédito acessível e políticas voltadas para alimentos essenciais à mesa do brasileiro”, afirmou.
O encontro destacou também a expectativa de uma supersafra em 2025, com um aumento projetado de 8% na produção agrícola geral e 13% na de arroz. No entanto, nenhuma decisão concreta foi apresentada, e o governo continua analisando diferentes alternativas.
Entre as medidas discutidas está a regulamentação da Lei 14.422, que promete aumentar a concorrência entre administradoras de vales-refeição e alimentação, além de reduzir taxas cobradas pelas empresas. “A redução substancial dessas taxas pode ampliar os valores efetivamente recebidos pelos trabalhadores”, explicou Costa.
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Tarifas de importação de alimentos: resistência do mercado
Uma estratégia semelhante foi adotada no ano passado, quando o governo zerou as tarifas de importação para dois tipos de arroz após enchentes no Rio Grande do Sul comprometerem a produção. Agora, o foco estaria em produtos como milho e carne, itens que têm pressionado significativamente a inflação.
Porém, economistas e analistas veem a medida com ceticismo. O milho importado, seja da Argentina ou dos Estados Unidos, por exemplo, dificilmente chegaria a preços competitivos no mercado brasileiro, mesmo com a redução das tarifas. Além disso, operar exportações e importações simultâneas em um ano de safra recorde pode criar gargalos logísticos, afirmam.
Especialistas também alertam para os efeitos colaterais sobre o mercado interno. Uma eventual queda nos preços de commodities importadas poderia desestimular o plantio de culturas estratégicas, como a segunda safra de milho, que responde pela maior parte da produção nacional.
Ainda assim, o governo pretende avançar em reuniões com setores estratégicos, incluindo supermercados, frigoríficos e agricultores, para tentar construir soluções conjuntas e evitar medidas que prejudiquem produtores locais ou onerem o orçamento público.
Enquanto isso, as famílias de baixa renda continuam sentindo o peso da inflação alimentar. Carnes, ovos, óleo de soja e café são alguns dos produtos que mais têm comprometido o orçamento doméstico.
“O presidente Lula está profundamente preocupado com a alimentação dos brasileiros, mas estamos buscando soluções responsáveis e sustentáveis, sem subsídios ou interferências diretas no mercado”, concluiu Rui Costa.
O governo promete anunciar medidas pontuais nas próximas semanas, considerando a sazonalidade das safras e outras variáveis. Contudo, para o mercado, os resultados práticos da redução das alíquotas de importação ainda são incertos e podem não alcançar o efeito desejado de aliviar os preços no curto prazo.
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