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IPCA-15 desacelera, mas vem acima das projeções

IPCA-15 desacelera, mas vem acima das projeções

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), a prévia da inflação, apresentou variação de 0,11% em janeiro de 2025, marcando uma desaceleração em relação a dezembro de 2024, quando subiu 0,34%. Apesar da desaceleração, o mercado projetava uma deflação de 0,03%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,50%, abaixo dos 4,71% registrados nos 12 meses anteriores, mas ainda acima da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para o ano de 2024, que era de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual. Além disso, o indicador também ficou acima da expectativa do mercado, que esperava uma desaceleração para 4,36%.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, o maior impacto no índice veio de Alimentação e Bebidas, que registrou alta de 1,06%, influenciada pelo aumento de itens como o tomate (17,12%) e o café moído (7,07%).

Embora o grupo de Alimentação tenha um peso relevante na prévia da inflação, o indicador desacelerou em comparação aos dados do IPCA-15 de dezembro. No último mês do ano, o grupo havia registrado uma alta de 1,56%.

O grupo Transportes também apresentou forte variação (1,01%), impulsionado pela alta de 10,25% nas passagens aéreas e de 0,67% nos combustíveis, com destaque para o etanol (1,56%).

Por outro lado, o grupo Habitação registrou deflação de 3,43%, puxado pela queda de 15,46% nos preços da energia elétrica residencial, reflexo do Bônus de Itaipu, que reduziu os valores nas contas emitidas em janeiro. Essa retração ajudou a conter o avanço do índice geral no mês.

IPCA-15: Alimentação tem alta com destaque para tomate e café moído

No grupo Alimentação e Bebidas, a alimentação no domicílio subiu 1,10%, com altas expressivas em itens básicos como tomate (+17,12%) e café moído (+7,07%). Em contrapartida, produtos como batata-inglesa (-14,16%) e leite longa vida (-2,81%) registraram quedas.

A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 1,23% em dezembro para 0,93% em janeiro, com reajustes menores em refeições (+0,96%) e lanches (+0,98%) em comparação ao mês anterior.

Transportes em alta: passagem aérea e combustíveis puxam aumento

O grupo Transportes apresentou alta de 1,01% no mês. O destaque foi o aumento das passagens aéreas (+10,25%), além dos combustíveis, que subiram 0,67%, com altas no etanol (+1,56%), óleo diesel (+1,10%), gás veicular (+1,04%) e gasolina (+0,53%).

No transporte público, as tarifas também contribuíram para o resultado. Reajustes em cidades como Belo Horizonte (+4%), Rio de Janeiro (+2,79%) e Salvador (+2,48%) elevaram o custo do transporte urbano. Já em São Paulo (-4,24%), a queda refletiu tanto as gratuidades nos feriados de Natal e Ano Novo quanto os reajustes tarifários adotados a partir de janeiro.

Habitação desacelera inflação com queda na energia elétrica

O grupo Habitação (-3,43%) foi o principal responsável pela desaceleração do IPCA-15 em janeiro, puxado pela forte redução de 15,46% na energia elétrica residencial. A queda ocorreu devido ao Bônus de Itaipu, aplicado nas faturas do mês.

Outros itens do grupo apresentaram alta, como a taxa de água e esgoto (+0,86%), refletindo reajustes em Belo Horizonte (+2,73%), Porto Alegre (+1,36%) e Rio de Janeiro (+5,68%). Já o gás encanado subiu 0,62%, impulsionado por um reajuste de 4,71% nas tarifas no Rio de Janeiro.

Inflação varia entre as regiões

Entre as regiões pesquisadas, a maior variação foi registrada em Goiânia (+0,53%), influenciada pelas altas nos preços da gasolina (+5,77%) e do etanol (+12,29%). Por outro lado, Porto Alegre registrou a menor variação (-0,13%), impactada pela queda nos preços da energia elétrica (-16,84%) e da batata-inglesa (-21,62%).

Meta de inflação para 2024 foi ultrapassada

Embora o IPCA-15 tenha desacelerado em janeiro, o Brasil encerrou 2024 com inflação acumulada de 4,83%, acima do teto da meta de 4,5% estipulada pelo Banco Central. Foi o oitavo ano consecutivo em que o país não alcançou a meta de inflação.

Para 2025, a meta de inflação foi mantida em 3%, também com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que coloca pressão sobre as políticas monetárias e fiscais nos próximos meses.

A sensação de aceleração da inflação também pode ser observada no Boletim Focus desta semana. As expectativas do mercado subiram pela 14ª vez consecutiva, com economistas revisando a previsão de inflação para 2025, que passou de 5% para 5,08%.

Tá, e aí?Stephan Kautz

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, reforça que o dado do IPCA-15 veio acima do esperado, em que a gestora esperava um dado positivo de 0,04%. 

O especialista alerta que a grande surpresa da aceleração do indicador foi a alta, além das projeções, dos preços das passagens aéreas. 

Outro fator que chamou a atenção de Kautz foi a evolução dos preços dos produtos industriais que, segundo ele, já estão sendo refletidos daquele repasse da disparada do dólar do final de 2024. “A depreciação cambial do ano passado começou a afetar ainda mais fortemente a inflação”, alerta o economista. 

Além das passagens aéreas, Kautz comenta que está observando a reaceleração dos preços no setor de serviços. “Estamos notando que a inflação de serviços está cada vez pior. A parte relacionada à mão de obra subiu consideravelmente, oscilando próxima de 0,60%”, indica. 

Os núcleos também estão rodando em 0,60%, assim como os serviços intensivos em mão de obra. Já a parte de bens industrializados não está tão baixa quanto esteve nos últimos meses ou ao longo do ano passado”, revela Kautz.

Com isso, o economista cita que a composição qualitativa da inflação está pior do que foi registrada ao longo do ano passado nesta virada de ano.

A única notícia boa, para não dizer que não houve nenhuma, foi a relacionada à alimentação. Houve uma desaceleração na inflação de alimentos mais rápida ou mais forte do que imaginávamos, concentrada principalmente no preço da carne, que caiu consideravelmente. Entretanto, esperamos que, em fevereiro e março, possa haver um pequeno repique antes de uma desaceleração mais clara para o meio do ano”, informa. 

Resumindo, Kautz diz que alimentação teve um bom desempenho, mas com passagens aéreas mais caras. Contudo, para ele o restante dos dados vieram com uma composição bem ruim, “com serviços e núcleos apresentando resultados mais pesados do que imaginávamos anteriormente”.

Isso é um sinal de preocupação para o Banco Central (BC)”, concluiu.

Ouça análise na íntegra:

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