O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as projeções de crescimento do Brasil para 2,0% tanto em 2025 quanto em 2026. A revisão foi divulgada no relatório Perspectiva Econômica Global e representa um corte de 0,2 ponto percentual em relação às estimativas feitas em janeiro. Com isso, o FMI reforça uma visão mais cautelosa para a economia brasileira no médio prazo.
As novas projeções contrastam com as estimativas do governo brasileiro. O Ministério da Fazenda, por exemplo, prevê crescimento de 2,3% em 2025 e 2,5% em 2026. Já o Banco Central projeta uma expansão de 1,9% para 2025. Essa divergência entre os números evidencia o grau de incerteza que marca o cenário econômico atual, influenciado por fatores internos e externos.
Inflação elevada e política monetária apertada
Apesar de o Brasil ter registrado um crescimento expressivo de 3,4% em 2024, a tendência para os próximos anos é de desaceleração. Um dos principais entraves apontados por economistas é o impacto da inflação persistente, que continua acima da meta estipulada pelo Banco Central. Para 2025, o FMI prevê uma inflação média anual de 5,3% e de 4,3% em 2026, enquanto a meta oficial é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual.
A política monetária restritiva adotada para conter a inflação também dificulta a retomada de um crescimento mais robusto. Com taxas de juros elevadas, o crédito se torna mais caro, afetando diretamente o consumo das famílias e os investimentos das empresas. Analistas destacam ainda que, embora o setor agropecuário deva sustentar parte do crescimento no curto prazo, essa base tende a perder força ao longo do tempo.
Impactos e revisões
A redução nas projeções do FMI para o Brasil segue uma tendência observada em outros países da América Latina e em mercados emergentes. Para a região da América Latina e Caribe, o Fundo agora estima crescimento de 2,4% em 2026, após revisar para baixo as expectativas de 2025 em 0,5 ponto percentual. A principal razão, segundo o relatório, foi a significativa revisão negativa nas projeções para o México, que passou de crescimento para retração em 2025.
O Brasil está inserido no grupo das Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento, que também teve suas previsões revistas: crescimento de 3,7% em 2025 e 3,9% em 2026. Esses cortes refletem o impacto da instabilidade global, especialmente das recentes medidas comerciais protecionistas, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, além do aumento das tensões geopolíticas e do aperto nas condições de financiamento internacional.
Crescimento global também é afetado por guerra comercial
Além das projeções nacionais, o FMI também revisou para baixo as expectativas de crescimento global. O novo relatório aponta que o mundo deve crescer 2,8% em 2025 e 3% em 2026. Anteriormente, em janeiro deste ano, a previsão era de 3,3% para os dois anos. A principal justificativa para a revisão é o aumento das incertezas provocadas pela guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos com a imposição de tarifas, seguida por retaliações de vários países.
O documento cita que o cenário global enfrenta um “choque negativo importante ao crescimento”, causado pelas novas barreiras comerciais. No entanto, o FMI ressalta que, apesar da desaceleração, os níveis de crescimento global continuam consideravelmente acima dos que caracterizariam uma recessão. Isso significa que, embora haja uma perda de ritmo, o mundo ainda está longe de enfrentar uma crise profunda.
O que esperar do cenário econômico?
Diante desse panorama, o Brasil terá de equilibrar cuidadosamente sua política econômica nos próximos anos. A inflação acima da meta, o custo elevado do crédito e a instabilidade externa representam riscos reais para a atividade econômica. Por outro lado, o país ainda conta com setores resilientes, como o agronegócio, e uma política fiscal relativamente estável, o que pode ajudar a mitigar parte dos efeitos adversos.
A revisão do FMI serve como um alerta: sem avanços consistentes em áreas como produtividade, investimentos e estabilidade institucional, o país corre o risco de se acomodar em uma trajetória de crescimento medíocre. E, num ambiente global mais instável, as vulnerabilidades locais tendem a pesar ainda mais.
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