O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou sua previsão de crescimento do Brasil para 2025, elevando a projeção do PIB de 2% para 2,3%. A revisão foi anunciada nesta terça-feira (3) após missão técnica da instituição ao país, realizada entre 20 de maio e 2 de junho.
A nova estimativa é uma desaceleração em relação ao crescimento de 3,4% para 2024, reflexo de um cenário econômico mais restritivo. Segundo o FMI, os principais fatores que justificam essa moderação incluem as condições monetárias e financeiras apertadas, a redução do suporte fiscal e o aumento das incertezas no cenário global.
Cenário inflacionário preocupa
No campo da inflação, o Fundo projeta que o índice deve atingir 5,2% até o final de 2025, patamar acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A expectativa é que os preços convirjam gradualmente para o objetivo de 3% apenas até o fim de 2027.
O CMN mantém meta de inflação de 3% medida pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Política monetária recebe aval
O FMI manifestou apoio à estratégia adotada pelo Banco Central (BC), que iniciou um ciclo de elevação dos juros em setembro de 2024. Para a instituição, essa mudança foi adequada e necessária para trazer a inflação e as expectativas inflacionárias de volta à meta estabelecida.
Atualmente, a taxa Selic encontra-se em 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006. O órgão monetário sinalizou que pode manter os juros elevados por um período prolongado, estratégia que o FMI considera prudente diante das incertezas.
Perspectivas de médio prazo
Para o médio prazo, o Fundo projeta crescimento de 2,5%, sustentado pela normalização da política monetária e por fatores estruturais. Entre os elementos de apoio, destacam-se a implementação da reforma tributária do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e a aceleração da produção de hidrocarbonetos no país.
O FMI também mencionou que reformas estruturais adicionais e a implementação do Plano de Transformação Ecológica podem impulsionar ainda mais as perspectivas de crescimento.
Riscos e desafios fiscais
Embora reconheça pontos positivos como o sistema financeiro sólido, as amplas reservas internacionais e a taxa de câmbio flexível, o FMI alertou que os riscos para o crescimento têm viés negativo devido às elevadas incertezas globais.
No aspecto fiscal, a instituição recomendou um esforço mais sustentado e ambicioso para colocar a dívida pública em trajetória de queda. Segundo o Fundo, seria necessário um arcabouço fiscal aprimorado, combinado com medidas de mobilização de receita e controle de gastos, para criar espaço para investimentos e facilitar a redução dos juros.
A revisão das projeções ocorreu após o IBGE divulgar que o PIB brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, mostrando forte aceleração impulsionada principalmente pelo setor agropecuário.
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