O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista à CNN nesta sexta-feira (17), que não será candidato à presidência da República ou qualquer outro cargo no próximo ano. Além disso, ele disse também que não se opõe a desacelerar a economia para conter a inflação e defendeu ainda a criação de um imposto mínimo sobre a renda total de contribuintes pessoas físicas. A ideia é garantir a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.
Sobre uma possível candidatura, Haddad enfatizou que sua prioridade é consolidar o trabalho no governo. “Não vou ser candidato. Em 2012, foi a minha primeira eleição (para a prefeitura de São Paulo). Nunca tinha concorrido a nada”, afirmou o ministro.
Durante a entrevista, o ministro foi questionado sobre o momento de câmbio deteriorado, com o dólar ultrapassando a marca de R$ 6. O ministro avaliou que o valor atual da moeda norte-americana está acima do que considera adequado para os fundamentos econômicos do Brasil.
“Eu não compraria dólar acima de R$ 5,70”, indicou Haddad, destacando que a cotação elevada não reflete o cenário interno do país.
Apesar disso, Haddad evitou previsões sobre uma eventual queda do dólar para abaixo de R$ 6, citando variáveis externas que influenciam o mercado cambial, como os juros praticados no exterior e as incertezas geopolíticas.
Ele destacou a importância da harmonização entre as políticas fiscal e monetária, reforçando que os juros altos adotados pelo Banco Central (BC) são necessários para desacelerar a atividade econômica, mas devem ser acompanhados de medidas que garantam crescimento sustentável.
O titular da pasta da Fazenda também reconheceu a necessidade de ajustes para preservar a estabilidade econômica. Ele ressaltou ainda a importância de estruturar a política econômica para sustentar o crescimento no longo prazo.
Fernando Haddad: reforma tributária mudará sistema fiscal do país
Outro tema abordado foi a reforma tributária, que, segundo Haddad, colocará o Brasil entre os países com os sistemas fiscais mais justos do mundo. O ministro destacou que a reforma sobre o consumo trará benefícios diretos para a população de baixa renda, ao reduzir encargos que pesam mais sobre esse grupo.
“Acredito que possamos fazer, em um país desigual como o nosso, com neutralidade fiscal e na busca de justiça tributária, um esforço para encontrar uma fórmula”, afirmou Haddad.
O ministro também elogiou o trabalho conjunto com o Congresso Nacional, que, segundo ele, foi fundamental para o avanço de uma pauta discutida há décadas. “Nós criamos uma Secretaria só para isso e demos todo o apoio técnico para o Congresso”, disse.
Entre os benefícios esperados com a reforma, Haddad destacou o barateamento das exportações e dos investimentos, o que deve favorecer a balança comercial e impulsionar a indústria nacional.
Diálogo com investidores
Ao ser questionado sobre o risco de dominância fiscal – situação em que a política monetária do Banco Central se torna ineficaz para conter a inflação devido a gastos contínuos do governo –, Haddad negou que o Brasil esteja enfrentando esse quadro.
Ele reconheceu as críticas de agentes econômicos às medidas fiscais apresentadas pelo governo no final de 2024, mas ponderou que algumas reações foram exageradas. “Não estou tirando a razão, não pode culpar alguém por ter uma percepção. Temos que conversar mais com esse povo e mostrar o que estamos fazendo”, afirmou.
O ministro também defendeu a administração federal, ressaltando o histórico do governo petista em responsabilidade fiscal. “O presidente Lula, com muita razão, estranha o fato de que uma pessoa que governou o país por mais de 10 anos tem que ficar provando responsabilidade fiscal. Ele fala: ‘nós vamos fazer o que for preciso para entregar o país melhor’”, pontuou Haddad.
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