Assista a Money Week
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Fed deve cortar juros, mas e o Brasil? Veja o que esperar da Super Quarta

Fed deve cortar juros, mas e o Brasil? Veja o que esperar da Super Quarta

Nesta quarta-feira (17), os holofotes dos mercados globais se voltam para a chamada Super Quarta, quando os bancos centrais dos Estados Unidos (EUA) e do Brasil anunciam suas decisões de política monetária. O encontro ganha ainda mais relevância após semanas de sinais mistos vindos da economia norte-americana e diante da expectativa de manutenção dos juros no Brasil.

Nos Estados Unidos, a aposta majoritária é que o Federal Reserve (Fed) promova um corte de 25 pontos-base, levando a taxa dos atuais 4,5%–4,25% para a faixa de 4,25%–4% ao ano. Há, no entanto, quem projete um movimento mais agressivo, sobretudo após a confirmação de Stephen Miran, assessor econômico do presidente Donald Trump, como membro da diretoria do Fed. Ele pode ser um dos votos favoráveis a um corte de 50 pontos-base.

“No Fed a dúvida é sobre a taxa e a comunicação. O cenário-base é corte de 25 pontos-base, mas pode haver voto para algo mais agressivo. A comunicação vai ser fundamental: os próximos passos vão depender do que for indicado, tanto em termos de projeções quanto de balanço de riscos. Tem espaço para novidades”, afirma Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

Publicidade
Publicidade

Uma dúvida é sobre a participação de Lisa Cook na votação. O Tribunal federal de apelações decidiu que a diretora do Fed poderá seguir no cargo enquanto houver litígio sobre tentativa de Trump de demiti-la. O governo americano afirmou que vai recorrer.

Fed corta juros: payroll e Jackson Hole balizaram expectativas de corte

O pano de fundo para a provável decisão de corte de juros inclui o dado mais recente do mercado de trabalho americano. O payroll de agosto mostrou a criação de apenas 22 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, muito abaixo da expectativa de 75 mil. Foi o resultado mais fraco desde a pandemia e reforça o quadro de desaquecimento econômico.

Além disso, durante o Simpósio de Jackson Hole, no mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, já havia sinalizado que cortes de juros estavam na mesa, mencionando riscos crescentes no mercado de trabalho. Contudo, ele reiterou que a inflação ainda representa ameaça.

Expectativas para o Brasil

Enquanto o Fed abre espaço para flexibilização, no Brasil o cenário é outro. A expectativa é unânime: o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 15% ao ano.

“A decisão do Copom está bastante unânime pela manutenção. A comunicação deve manter tom duro, dado que as expectativas seguem altas, e sinalizar uma transição lenta. O corte de juros deve vir apenas em dezembro ou, no nosso cenário-base, só em janeiro de 2026”, avalia Kautz.

Nos últimos comunicados, o Banco Central brasileiro reforçou que manteria a taxa em nível contracionista por um período “bastante prolongado” e que não hesitaria em retomar o ciclo de alta se necessário. Para Kautz, essa mensagem deve mudar.

“Agora, o Copom deve excluir a possibilidade de ‘prosseguir com o ciclo de ajuste’. A discussão passou de subir para pausar, e agora é esperar e observar o que está acontecendo”, completa.

Com isso, a reunião do Copom desta quarta-feira deve trazer menos espaço para surpresas. As atenções, portanto, tendem a se concentrar no comunicado do Fed e na forma como o banco central norte-americano vai conduzir o discurso sobre os próximos meses.

Ouça áudio de Stephan Kautz na íntegra:

Trajetória da Selic até aqui

Para chegar aos atuais 15%, a Selic sofreu sete altas consecutivas, após um ciclo de sete cortes sequencias que havia reduzido a Selic de 13,75% para 10,50%.

Lembrando que a Selic ficou por cerca de um ano fixada no antigo patamar de 13,75%. A paralisação dos juros por tempo prolongado veio após um ciclo de 12 altas, subsequentes ao piso histórico da taxa (2%), ao longo da pandemia de Covid.

Taxa Selic
Reprodução/EQI

A sinalização é que a Selic deve permanecer neste patamar de 15% por longo período. A EQI Asset acredita que os juros serão mantidos até pelo menos janeiro de 2026.

Por que a decisão do Fed tem tanto impacto?

A decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos impacta o mundo inteiro porque o dólar é a principal moeda de referência global.

Quando o Federal Reserve corta juros, os investimentos em ativos americanos ficam menos atrativos, o que pode enfraquecer o dólar e estimular a saída de capital dos EUA em direção a outros mercados, especialmente países emergentes que oferecem retornos maiores.

Isso fortalece as moedas locais, facilita a captação de recursos externos e pode reduzir custos de financiamento. Além disso, juros mais baixos estimulam o crédito e o consumo dentro e fora dos EUA, impulsionando o comércio e o crescimento global. Por esses motivos, cortes de juros pelo Federal Reserve costumam trazer maior liquidez internacional e beneficiar economias dependentes de capital externo.

Leia também: