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EQI Asset vê Selic terminal de 15% ao ano, após ata do Copom

EQI Asset vê Selic terminal de 15% ao ano, após ata do Copom

A EQI Asset projeta que a taxa Selic pode alcançar 15% ao ano, após a divulgação da ata da 270ª Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira (13). A projeção da gestora reflete a leitura de que o Banco Central ainda vê riscos relevantes à inflação e deverá manter os juros elevados por um período prolongado, podendo inclusive realizar um ajuste final de 25 pontos-base na próxima reunião.

Na última decisão, realizada nos dias 6 e 7 de maio, o Copom optou por unanimidade elevar a taxa básica de juros (Selic) em 50 pontos-base, de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, tendo sido sinalizada na reunião anterior. No entanto, a ata divulgada nesta terça-feira frustrou expectativas de maior clareza sobre os próximos passos da política monetária.

Segundo o documento, o Comitê optou por não se comprometer com uma trajetória futura para os juros, preferindo manter flexibilidade diante de um cenário de “elevada incerteza” e “impactos acumulados ainda por serem observados”. A prioridade continua sendo o retorno da inflação à meta de 3%, com o BC reforçando que sua atuação continuará pautada por dados e projeções atualizadas.

gráfico Selic
EQI Investimentos

Projeção da EQI Asset para Selic: inflação persistente e economia resiliente

A decisão de manter o ritmo de aperto monetário foi influenciada por uma combinação de fatores, incluindo expectativas de inflação desancoradas, atividade econômica resiliente, mercado de trabalho ainda pressionado e projeções inflacionárias elevadas. A ata indica que as projeções para o IPCA continuam acima da meta (3%) para os anos de 2025 e 2026, em 4,8% e 3,6%, respectivamente.

Além disso, o Copom destacou riscos em ambas as direções para a inflação, entre eles a possibilidade de desancoragem prolongada das expectativas e uma inflação de serviços mais persistente. No campo externo, o cenário também permanece incerto, com especial atenção às políticas econômicas dos Estados Unidos, como a recente escalada de tarifas comerciais, que pode ter efeitos heterogêneos sobre a inflação global.

EQI vê estabilidade prolongada e possível ajuste final

Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, a ata não trouxe grandes novidades em relação ao comunicado pós-decisão, mas reforça a leitura de que os juros devem permanecer em patamar elevado por um bom tempo.

“O Copom não quer que o mercado comece a precificar um corte de juros, porque ele não virá tão cedo”, afirma.

Segundo ele, a autoridade monetária avalia que apenas a manutenção dos juros em patamar elevado já deve ser suficiente para ancorar as expectativas de inflação.

“A inflação não necessariamente precisará ser combatida com nova alta de juro. Só mantendo juros parados por longo período as expectativas já devem cair”, complementa.

Kautz avalia que o ciclo de alta está próximo do fim, mas não descarta um ajuste residual.

“Na próxima reunião, os juros podem ficar parados em 14,75% ou pode haver uma alta final de 25 pontos-base, levando a Selic para 15%. Nossa projeção é de alta de 25 pontos-base, até por conta do alívio que vimos nas tarifas entre Estados Unidos e China, o que deixou o mercado mais otimista, reduzindo as perspectivas de recessão nos EUA.”

Desaceleração à frente, mas com cautela

A EQI Asset também vê o Banco Central mais confiante de que a economia brasileira começa a mostrar sinais de desaceleração, especialmente no crédito. Um exemplo citado é o crédito consignado privado, que, segundo o Copom, tem sido mais utilizado para substituição de dívidas do que para consumo, reduzindo seu impacto expansionista.

“É um estímulo com efeito moderado”, diz Kautz.

Ele conclui que o Copom segue firme em sua avaliação de desaceleração tanto da economia global quanto da brasileira. “Em resumo, o Copom manteve suas convicções locais, demonstrando ainda mais convicção de desaceleração da economia americana.”

Com a incerteza persistente e inflação acima da meta, a projeção da EQI de uma Selic terminal em 15% reflete um cenário onde o Banco Central ainda prefere errar pelo excesso de cautela do que relaxar o controle antes da hora.