Nesta terça-feira (20), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participou do Macro Day, evento do BTG Pactual (BPAC11), sendo entrevistado por Roberto Sallouti, CEO do banco de investimentos.
Campos Neto iniciou sua participação destacando a convergência global em termos de inflação, mas, devido à desatualização dos dados disponíveis em sua apresentação, optou por abrir o espaço para perguntas em vez de realizar uma apresentação formal.
O presidente do BC enfatizou o tempo e a dedicação necessários para as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), reiterando o compromisso da equipe em levar a inflação à meta. “A decisão do Copom deve ser técnica, baseada em dados e não em pressões externas”, afirmou.
Ele também abordou a recente queda brusca dos mercados, devido a medo de recessão nos EUA e alta de juros no Japão. Ele classificou a reação como “precipitada”. Campos Neto explicou que o mercado ficou alarmado com dados econômicos mais fracos dos Estados Unidos, o que resultou em uma desaceleração das bolsas. Segundo ele, dois fatores principais contribuíram para essa situação:
- A desaceleração dos empregos nos EUA foi mais acentuada do que o esperado.
- A desmobilização do carry trade, estratégia em que investidores tomavam empréstimos no Japão para investir em outros mercados.
Macro Day debate volatilidade e dívida pública global
Campos Neto também demonstrou preocupação com o aumento da dívida pública global e a limitação das políticas contracíclicas.
“Estamos saindo da pandemia e enfrentando uma transição na China, que está mudando seu modelo de consumo para um foco em exportações e eletrificação. Isso adiciona complexidade ao cenário global”, afirmou Campos Neto.
Situação fiscal e expectativas para o Brasil
Campos Neto observou uma percepção de melhora fiscal global, com uma diminuição na sincronia monetária e um aumento na sincronia fiscal.
“O Brasil está enfrentando uma situação semelhante, o que está influenciando nosso crescimento e expectativas”, disse.
Ele ressaltou que, nos EUA, o cenário é influenciado pelas dinâmicas eleitorais, e que é crucial aguardar para ver o movimento do Banco Central.
“Apesar da volatilidade global, o Brasil tem apresentado números mais fortes, e o cenário externo está se desenrolando de maneira mais positiva”, destacou Campos Neto.
Tecnologia democratiza o acesso bancário
Além disso, Campos Neto comentou sobre o impacto da tecnologia na economia brasileira. Ele destacou o papel do PIX como um grande elemento de engajamento e como a tecnologia tem democratizado o acesso bancário no Brasil, contribuindo para custos mais baixos e maior inclusão financeira.
“A inovação tecnológica tem sido um grande avanço para a inclusão financeira no Brasil, e o PIX é um exemplo claro disso”, concluiu.
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