O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, apresentou sua renúncia nesta quarta-feira (4), em meio à turbulência política gerada pela imposição e revogação da lei marcial no país. O episódio, considerado um dos mais graves da história moderna sul-coreana, mergulhou o governo do presidente Yoon Suk Yeol em uma crise sem precedentes.
Kim Yong-hyun anunciou sua saída com um pedido de desculpas ao povo sul-coreano. “Lamento profundamente e assumo total responsabilidade pela confusão e preocupação causadas pela implementação da lei marcial. Apresentei minha renúncia ao presidente”, declarou em comunicado oficial.
O ministro é acusado de ter aconselhado diretamente o presidente Yoon Suk Yeol sobre a medida extrema, que foi implementada na última terça-feira (3) e revogada poucas horas depois, sob intensa pressão do parlamento e da sociedade. O caso gerou acusações de abuso de poder e traição contra Kim Yong-hyun, crimes que podem levar à prisão perpétua ou até à pena de morte no país.
Além de um pedido de impeachment apresentado pelo Partido Democrata, maior força de oposição, Yong-hyun deverá comparecer na quinta-feira (5) à Assembleia Nacional para ser interrogado pelo comitê de defesa. A situação se agrava com investigações que sugerem que o ministro liderou pessoalmente a elaboração do decreto de lei marcial, contradizendo declarações anteriores de que a medida seria improvável.
Coreia do Sul e lei marcial: crise no governo e no país
A renúncia de Kim ocorre em meio à escalada de tensões políticas e sociais. Partidos de oposição apresentaram uma moção de censura contra o presidente Yoon Suk Yeol, enquanto sindicatos convocaram uma greve geral por tempo indeterminado para exigir a renúncia do líder.
Fontes do governo revelaram que assessores próximos de Yoon também entregaram seus cargos, mas a presidência ainda não se manifestou oficialmente sobre os desdobramentos.
A polêmica da lei marcial
A imposição da lei marcial foi justificada por Yoon Suk Yeol como uma medida necessária para conter supostas “forças comunistas” e eliminar “elementos antiestatais”. No entanto, a decisão surpreendeu o país e gerou críticas de diversos setores.
Sob a lei marcial, direitos fundamentais como liberdade de reunião, expressão e até mesmo o funcionamento do parlamento foram suspensos. Em discurso televisionado, Yoon alegou que o controle era vital para proteger a democracia sul-coreana, mas não especificou quais ameaças concretas justificariam a ação.
O parlamento, controlado pela oposição, reagiu rapidamente, votando a revogação da medida poucas horas depois. A crise, porém, já estava instaurada, deixando o governo em uma posição fragilizada.
O que vem a seguir
Com a Coreia do Sul paralisada por protestos e greves, e o governo enfrentando desafios legais e políticos, o futuro da administração de Yoon Suk Yeol é incerto. A renúncia de Kim Yong-hyun pode ser o primeiro de vários desdobramentos em uma crise que promete impactar profundamente a política sul-coreana nos próximos meses.