O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 12,25%, dentro do esperado, no terceiro corte consecutivo de 50pbs.
A principal dúvida era sobre a sinalização de cortes futuros, se o ritmo seria mantido e por quanto tempo ainda. E no comunicado ficou claro que devem ocorrer novos cortes de 50pbs nas duas próximas reuniões. Ou seja, a taxa Selic deverá ser reduzida, ao menos, até 11,25%, no início de 2024.
As projeções de inflação do Comitê apontam para uma alta de 4,7% em 2023, 3,6% em 2024 e 3,2% em 2025. Esses resultados não diferem muito das nossas simulações na EQI Asset, mas indicam que a inflação ainda não converge para os 3% ao final de 2025.
Inclusive, comparando com o último Relatório Trimestral de Inflação, a estimativa de 2025 subiu de 3,1%, anteriormente. Ou seja, um cenário em que a taxa Selic fique abaixo de 9% começa a tornar-se mais difícil.

O principal motivo de preocupação do Copom é o cenário internacional. As dúvidas sobre a convergência da inflação nos EUA, com taxas de juros mais altas, e potenciais impactos de “tensões geopolíticas” tornaram o cenário prospectivo mais incerto e exige cautela na condução da política monetária.
Em relação à questão fiscal doméstica, não houve mudança significativa de tom. Foi mantida a afirmação de que a meta de primário deve ser perseguida como maneira de ancorar as expectativas de inflação, que continuam acima da meta no horizonte mais longo (3,5% vs 3,0%). Esse ponto pode voltar a ganhar relevância nas próximas reuniões, caso haja alteração na meta de primário, como sinalizado recentemente pelo presidente Lula.
Em resumo, o Copom continua confortável em reduzir a taxa Selic nas próximas reuniões, mantido o ritmo atual de 50pbs, mas preocupado com a dinâmica internacional. A questão fiscal poderá ser um tema adicional nas próximas reuniões. Continuamos esperando que a taxa Selic seja reduzida para patamar próximo de 9% em meados de 2024.
Por Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset