O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 12,25% (+100pbs), de maneira unânime, acima da nossa expectativa por uma alta de 75pbs. Além disso, o comunicado trouxe a indicação de que nas próximas duas reuniões deve implementar altas na mesma magnitude, elevando a taxa Selic para, pelo menos, 14,25%.
O comunicado refletiu a piora no cenário econômico, com abertura adicional do hiato, elevação das medidas de inflação e das projeções da própria instituição monetária. Ainda, o cenário assimétrico altista permanece, mesmo com menor incerteza e mais adverso. Finalmente, no lado da política fiscal, a sinalização foi de que o anúncio recente contribuiu para piorar ainda mais as perspectivas para a inflação.
Assim, dentre os fatores considerados relevantes e mencionados na reunião anterior, houve desancoragem adicional das expectativas de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade, elevação adicional nas projeções de inflação, demandando uma reação mais assertiva da autoridade monetária.
Ainda que uma alta de 100pbs não seja surpresa, dado o movimento recente da pesquisa Focus e a forte depreciação cambial, chamou atenção o “forward guidance” para as duas próximas reuniões, em manter esse ritmo acelerado de aperto monetário. O juro real efetivo e aperto monetário (juro real acima do juro real de equilíbrio) irá para patamares historicamente altos nos próximos meses.
Como a sequência de 100pbs não deve ser encerrada de maneira abrupta, a taxa Selic deve chegar a patamar acima de 15% nesse ciclo de aperto monetário. Já havíamos ajustado nossa expectativa para o ciclo total em 14,75% e entendemos que há necessidade de nova mudança, que será realizada após mais detalhes da ata, na próxima semana.
Por Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

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