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Reunião do Copom começa hoje: Selic deve ficar em 13,75%; juros devem cair a partir de junho

Reunião do Copom começa hoje: Selic deve ficar em 13,75%; juros devem cair a partir de junho

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realiza terça e quarta-feira (6 e 7 de dezembro) sua 251ª reunião.

É dada como uma certeza pelo mercado que o Copom deve manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75% pela terceira vez.

O evento deve ter baixo impacto no mercado e não deve trazer qualquer surpresa. Importante mesmo vai ser a comunicação sobre o prazo da estabilidade da taxa, ou seja, até quando ela fica em 13,75%.

No último encontro do Copom, o comitê optou por manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75%, sinalizando que segue acompanhando de perto os dados de inflação. E que tende a manter a taxa neste patamar por um período prolongado.

Na ata do Copom, o comitê se comprometeu a seguir vigilante, avaliando se a estratégia de “manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado” será capaz de assegurar a convergência da inflação. E afirmou que não hesitará em retomar as altas de juros, caso se faça necessário.

gráfico com escalada da Selic
Fonte: EQI

Juros em 13,75% até junho de 2023

Para 2022, a EQI Asset segue com a projeção de Selic a 13,75%. Já para 2023, deve haver redução dos juros. Mas, na visão da gestora, o ritmo de redução tende a desacelerar um pouco.

“A gente continua com cenário diferente da curva de juros. Seguimos esperando queda na Selic para 2023. Mas fizemos uma pequena alteração, devido à expectativa de inflação maior para o ano que vem, de 4,8% para 5,2%. Então, nossa projeção da Selic foi de 10,25% para 10,50%”, explica Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

“A gente continua esperando corte de juros a partir de junho de 2023, com mudança só na velocidade em que a Selic cai. O cenário aumentou a incerteza, por conta das propostas fiscais que vem surgindo, mas a gente entende que, ao longo da tramitação, o valor da PEC da Transição deve ser até menor do que os R$ 150 bilhões cogitados hoje”, complementa.  

Vale lembrar que o alerta do risco fiscal começou com a propostas de emenda para abrigar o Bolsa Família fora do teto de gastos por quatro anos, a R$ 200 bilhões anuais, propostas que deve ser modificada no Congresso – a votação é aguardada para esta quarta (7) e as expectativas são de algo em torno de R$ 150 bilhões por dois anos.

Selic: o que pode mudar daqui em diante?

Segundo levantamento do jornal Valor, de 113 instituições financeiras consultadas, EQI Asset entre elas, apenas duas esperam que a Selic chegue a 14% na quarta-feira (7). A maioria aposta em manutenção em 13,75%.

Já para 2023, de 110 casas consultadas, seis enxergam Selic em 13,75% até dezembro. E duas acreditam em Selic indo além dos 14%, chegando a 14,50%. A grande maioria, porém, enxerga espaço para a redução dos juros.

A EQI Asset vê Selic a 13,75% em 2022 e 10,50% em 2023. Já o último Boletim Focus, divulgado na segunda (5) estima Selic em 13,75% em 2022 e 11,75% ao final de 2023.

Há dois riscos no radar para o cenário do Copom: uma deterioração do cenário externo, que impacte o câmbio e, consequentemente a inflação brasileira, forçando mais altas de juros; ou uma deterioração do quadro fiscal.

O cenário externo segue desafiador, com Federal Reserve (Fed) sinalizando mais aumentos na taxa de juros, mesmo que em ritmo menor, e juros altos por um bom tempo – o que segue provocando um “voo para a qualidade”, com dinheiro migrando para os papéis de renda fixa do tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo, e dólar se fortalecendo.

Internamente, pesa a PEC da Transição. O alerta do risco fiscal começou com a propostas de emenda para abrigar o Bolsa Família fora do teto de gastos.

Como investir com Selic mantida em 13,75%?

Segundo Denys Wiese, head de renda fixa da EQI, diante do cenário macroeconômico e das primeiras sinalizações do novo governo, a renda fixa deve se manter em destaque pelo próximo ano. 

“Fica cada vez mais distante o momento de ir para a renda variável”, ele afirma. 

Isso porque, com a expectativa de queda de juros a partir de junho, ações, fundos imobiliários e criptomoedas poderiam se beneficiar a partir deste momento. 

No entanto, agora, as expectativas são de Selic no patamar de 13,75% ainda por mais tempo do que junho de 2023, ou até Selic mais alta do que isso. 

“O governo, dessa forma, acaba por ajudar os rentistas”, afirma Wiese, já que neste cenário a renda fixa segue remunerando 1% ao mês no mínimo.

Janela de oportunidade estendida dos juros altos

Wiese sinaliza que os investidores devem ficar atentos justamente a esta janela de oportunidade estendida dos juros altos. 

“As taxas dos títulos públicos, especialmente os mais longos, estão subindo. Assim como os papéis atrelados ao CDI e os CDBs pré-fixados também são boas oportunidades”, aponta.  

Os títulos prefixados contam com juros estressados atualmente e, por isso, também estão rendendo bem, ele diz. 

Mas toda escolha de investimento, alerta Wiese, deve estar de acordo com o perfil do investidor. Além disso, é preciso manter uma correta diversificação, para garantir que, seja qual for o cenário, o patrimônio esteja protegido.

Confira, abaixo, a recomendação de carteira da EQI: 

Carteira recomendada de acordo com perfil de investidor

Carteira recomendada EQI
Carteira recomendada EQI, segundo perfil de investidor. Fonte: EQI

Quando começar a olhar para a renda variável?

Para investimentos na renda variável, a EQI segue com recomendação conservadora. 

“O mercado de renda variável deve começar a andar quando os juros longos começarem a cair”, aponta Denys Wiese. 

No entanto, afirma Luís Moran, head da EQI Research, o mercado de renda variável deve antecipar a queda dos juros. “Se ficar claro que há condições para que os juros comecem a cair, com inflação em queda e tendendo à meta, as ações vão reagir”, afirma.

Por enquanto, dadas as incertezas do ambiente, o foco deve ser na seleção de ações de empresas com capacidade de geração de caixa resilientes e capacidade de repassar aumentos de custos.

Em quais ações ficar de olho?

Diante do novo cenário político-econômico do Brasil, quais ações tendem a ser favorecidas? 

As empresas expostas ao mercado doméstico tendem a estar em posição relativamente melhor, com crescimento da economia, juros em queda e expansão do crédito. Neste ambiente, os casos relacionados ao consumo, como o varejo, devem se beneficiar. Ao mesmo tempo, produtoras de commodities devem continuar enfrentando um ambiente externo mais difícil.

Algumas empresas estatais controladas por governos estaduais podem ser beneficiadas por movimentos de privatização, o que não deve acontecer com as grandes estatais federais. 

“Como sempre, a seleção dos casos é fundamental. Os riscos relacionados com casos de investimentos que dependem principalmente de uma ação governamental são normalmente muito elevados. Por exemplo, investir no setor educacional apenas porque na última gestão petista as empresas foram beneficiadas por crédito farto, pode ser perigoso, pois as condições são diferentes”, afirma Moran.

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O que é a Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É a referência do governo para tomar recursos emprestados para custear suas despesas. 

E quem empresta dinheiro ao governo? Todas as pessoas físicas ou jurídicas que compram e vendem títulos do Tesouro Direto.

Além do governo, o mercado como um todo usa a taxa Selic como uma referência. 

Para os investidores, a Selic serve como um balizador: se a taxa está em alta, a renda fixa ganha atratividade. Ao passo que, com juros em baixa, a vez é da renda variável.

Como o Copom define a Selic?

A principal função do Copom é realizar uma avaliação do cenário macroeconômico do país e os principais riscos a ele associados.

É com base nessas avaliações que são tomadas as decisões de política monetária.

Além de definir a Selic, desde 1999 o Copom também é responsável por acompanhar o cumprimento das metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional.

Vale lembrar que o Copom não pode aumentar ou diminuir a taxa Selic sem que, para isso, exista uma justificativa pautada na tendência do cenário econômico e no mercado brasileiros.

Na realidade, as variações na Selic tendem a acompanhar as variações de um outro índice, o IPCA, que é o indicador base da inflação no país.

Nesse sentido, diante de um cenário em que a inflação esteja controlada, a tendência da taxa Selic é cair.

Já nos momentos em que há um aumento na inflação, a Selic normalmente sobe para ajudar no controle do mercado.

Atualmente, além da inflação, outro tema bastante recorrente nas atas do Copom é justamente o risco de o governo não obedecer o teto de gastos.

Como são as reuniões do Copom?

As decisões do Copom são tomadas de 45 em 45 dias, em uma reunião que se estende por dois dias.

No primeiro dia, os chefes dos departamentos apresentam uma análise técnica de conjuntura do país. Essa análise envolve uma série de pontos importantes, tais como:

  • Inflação;
  • Nível de atividade;
  • Evolução dos agregados monetários, finanças públicas;
  • Balanço de pagamentos;
  • Economia internacional;
  • Mercado de câmbio;
  • Reservas internacionais;
  • Mercado monetário; e
  • Operações de mercado aberto e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas.

Já no segundo dia da reunião, os diretores de política monetária e de política econômica, após análise das projeções atualizadas para a inflação, apresentam alternativas para a taxa Selic e fazem recomendações acerca da política monetária.

Depois dessas avaliações feitas pelos diretores citados acima, os demais membros fazem suas ponderações e apresentam eventuais propostas alternativas.

Ao final desse debate é que ocorre a votação das propostas, em que se busca o consenso sempre que possível.

Essa votação leva em consideração a maioria simples dos presentes, ou seja, para que uma proposta seja aceita, a maior parte dos membros presentes devem concordar com ela.

Além disso, em caso de empate, é o presidente do Copom  que irá proferir o chamado “voto de qualidade”, que é o voto de desempate.

As decisões emanadas do Copom devem ser publicadas por meio de comunicado do diretor de política monetária e esse comunicado deve acontecer no segundo dia, a partir das 18h, imediatamente após o término da reunião.

A taxa de juros fixada na reunião será a meta para a taxa Selic, que irá vigorar durante todo o período entre uma reunião ordinária e outra.

A ata dessa reunião geralmente é publicada na terça-feira imediatamente posterior à reunião. A da reunião desta semana será divulgada dia 1 de novembro.