As reformas econômicas promovidas pelo presidente Javier Milei na Argentina têm gerado impactos significativos para a indústria brasileira, especialmente no setor de autopeças. O tema deve ser discutido na cúpula de chefes de Estado do Mercosul, que ocorre nesta sexta-feira (6), no Uruguai.
A Argentina, principal destino das exportações brasileiras de componentes automotivos, registrou uma queda de 22,2% nas importações desse segmento em 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
Crise na indústria automotiva
A redução nas exportações preocupa profundamente a indústria automotiva brasileira. “Nossa indústria automotiva está bastante preocupada de uma maneira geral”, afirma Evandro Teixeira, professor de Engenharia Automotiva da Universidade de Brasília (UnB). Ele ressalta que o impacto atinge tanto as montadoras quanto os fornecedores de componentes como amortecedores, pneus e bancos.
“Quando falamos em crise na indústria automotiva, isso se refere não apenas às montadoras, mas também às empresas fornecedoras que orbitam esse setor”, explica Teixeira.
Ajustes de Milei e reflexos no comércio
Para a embaixadora Gisele Padovan, secretária de América Latina e Caribe, as políticas de ajuste fiscal promovidas por Milei são a principal razão para a redução das exportações brasileiras para a Argentina.
“O que mudou este ano? Entrou um novo governo argentino que quis promover um ajuste bastante forte. Então, isso tem implicações, infelizmente, negativas para nós”, conclui a embaixadora.
Ela também destacou os impactos sociais das reformas na Argentina, como aumento da pobreza e do desemprego, o que agrava a queda no consumo. “O impacto é enorme. Tenho certeza que as pequenas montadoras do ABC estão sofrendo com essa queda, repito, de quase 20% nas nossas exportações para a Argentina”, concluiu.
Desafios para o Mercosul
Apesar da relevância da cadeia automotiva na relação comercial entre Brasil e Argentina, o setor ainda não é formalmente integrado às políticas do Mercosul. Não há acordos específicos que garantam facilidades para esse mercado no bloco econômico.
A cúpula do Mercosul também será marcada pela provável ratificação do acordo comercial entre o bloco latino-americano e a União Europeia, que está em negociação há mais de 20 anos. Além disso, o evento vai incluir a transferência da presidência rotativa do Mercosul do Uruguai para a Argentina pelos próximos seis meses, segundo informações do Metrópoles.
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