O setor segurador arrecada menos em 2025, pressionado pela nova cobrança de IOF sobre os planos de previdência do tipo VGBL. Segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), a captação do produto deve cair 19,4% neste ano, reduzindo drasticamente o ritmo de crescimento do mercado. O setor, que antes projetava expansão de mais de 10%, agora espera avanço de apenas 1,9%, incluindo Saúde Suplementar.
A medida do governo, que passou a aplicar alíquota de 5% sobre aportes acima de R$ 300 mil em 2025 — e, a partir de 2026, sobre aportes acima de R$ 600 mil —, é vista como um desestímulo direto à poupança de longo prazo. De janeiro a agosto, as contribuições à previdência privada recuaram 15,2% em relação a 2024, refletindo a perda de atratividade do VGBL.
Para o presidente da FenaPrevi, Edson Franco, a incidência do imposto é inédita e injusta: “Ao analisarmos o histórico de aportes superiores a R$ 600 mil, na última década, 78% deles ocorreram uma única vez, reforçando nossa tese de que é um aporte pontual, de herança ou venda de um bem, por exemplo. O VGBL é um instrumento de proteção financeira da classe média, do microempreendedor, do trabalhador que não pode ser penalizado por ter uma atitude previdente em relação ao seu futuro”, afirmou Franco.
Cortes no Seguro Rural agravam o cenário
Além do impacto do IOF sobre o VGBL, os cortes na subvenção ao Seguro Rural também reduziram o desempenho do setor. O setor segurador arrecada menos porque o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) vem sofrendo restrições orçamentárias, o que reduz o número de produtores cobertos e aumenta a vulnerabilidade do campo.
De acordo com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, a falta de previsibilidade orçamentária tem comprometido o acesso dos agricultores ao seguro.
“Grande parte dos recursos previstos sequer é executada, o que compromete a proteção dos pequenos e médios produtores, justamente os mais vulneráveis a perdas. É preciso ampliar os mecanismos de cobertura, pois, sem expansão e maior previsibilidade dos fundos, o setor agropecuário corre sérios riscos nos próximos anos”, afirmou.
Entre janeiro e agosto, o Seguro Rural arrecadou R$ 8,7 bilhões, uma queda de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. As indenizações também diminuíram 7,5%, totalizando R$ 3,1 bilhões pagos. Apenas 2,3% dos 97 milhões de hectares plantados no país possuem cobertura de seguro rural, um número que reforça a fragilidade do segmento diante de cortes no PSR.
Segmentos em alta sustentam parte do desempenho
Mesmo com o recuo geral, alguns ramos do mercado segurador ainda registram desempenho positivo em 2025. O Seguro Automóvel deve crescer 6,4%, o Habitacional 12,9%, o de Riscos de Engenharia impressiona com 34,6%, e o Seguro de Vida avança 11,6%. Esses resultados atenuam parcialmente a retração provocada pela tributação do VGBL e pelo enfraquecimento do Seguro Rural.
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