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China: estudo expõe investimentos secretos e confidenciais

China: estudo expõe investimentos secretos e confidenciais

Estudo detalha estratégias financeiras ocultas que expandem silenciosamente o poder econômico chinês pelo mundo

O debate sobre a expansão global da China ganhou novos contornos após a divulgação de um extenso relatório acadêmico que detalha o alcance dos investimentos secretos conduzidos por estruturas financeiras pouco transparentes e fora dos canais tradicionais.

Dentro desse cenário, o analista internacional Marink Martins, da EQI Research, tem destacado que esse movimento silencioso do capital chinês se conecta diretamente à evolução da relação entre dólar e yuan — variável que, segundo ele, tornou-se peça central para entender a nova fase da economia internacional.

O superávit chinês e a anomalia cambial

Martins reforça que a China é a grande fábrica do mundo e o único país capaz de sustentar superávits comerciais superiores a US$ 1 trilhão. Em 2020, o excedente mensal girava em torno de US$ 20 bilhões; hoje, aproxima-se de US$ 100 bilhões.

Apesar da enorme entrada de dólares, o yuan permanece no mesmo nível de 2020, mesmo com a inflação dos Estados Unidos tendo sido mais alta no período. Para o analista, isso indica uma moeda claramente subvalorizada, com tendência de apreciação.

A estratégia chinesa e seus investimentos secretos

O relatório Chasing China, produzido pela Universidade William & Mary, revela que entre 2000 e 2023 a China investiu no exterior de forma muito mais ampla do que se imaginava. Até 2016, os recursos eram direcionados principalmente para infraestrutura em países em desenvolvimento.

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A partir daí, segundo Martins, “tudo isso mudou muito”: o foco passou a ser países desenvolvidos e setores estratégicos, com menor visibilidade pública.

Segundo o estudo, a China aparece como investidora ou credora em 179 dos 217 países analisados. Essa presença global, porém, não ocorre por vias tradicionais. O analista destaca que os chineses utilizam empresas offshore, estruturas em paraísos fiscais e instrumentos financeiros sofisticados que dificultam a rastreabilidade e evitam confrontos diretos com grandes potências.

O caso Nexperia e o jogo tecnológico global

A disputa envolvendo a Nexperia, empresa holandesa de semicondutores com origem na Philips, exemplifica a tensão tecnológica entre China e Estados Unidos. A Holanda chegou a retirar os chineses da gestão, mas depois reverteu a decisão.

Para Martins, a mudança “teve muito a ver com o que foi decidido em outubro”, embora os bastidores permaneçam pouco transparentes.

Instrumentos financeiros fora do radar

O relatório aponta o uso de mecanismos como Deferred Payment Agreements, financiamentos pré-exportação, swaps cambiais e operações de recompra, muitos com cláusulas de confidencialidade. Essa estrutura torna difícil mensurar o real tamanho do crédito global chinês. O analista cita o caso da Argentina, onde os swaps cambiais chineses se revelaram muito maiores do que se estimava inicialmente.

O histórico cambial e a possibilidade de um movimento inverso

O especialista da EQI Research relembra a grande desvalorização promovida pela China em 1994, quando o câmbio saltou de 5,80 para 8,70 yuan por dólar, movimento que contribuiu para o ambiente que antecedeu a crise asiática de 1997.

Agora, porém, ele aponta para a possibilidade de um processo inverso: uma valorização do yuan que poderia levar a moeda novamente à faixa dos 7 ou até abaixo disso, favorecendo mercados emergentes se confirmada.

Brasil na trilha dos efeitos chineses

O Brasil, grande exportador de petróleo bruto e produtos agrícolas para a China, tende a ser um dos países mais beneficiados em um cenário de valorização do yuan. Martins lembra que o Morgan Stanley está entre as instituições mais otimistas com o Brasil, justamente pela combinação entre os laços comerciais com o mercado chinês e o ambiente favorável para economias emergentes.

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